Veja cuidados para não se endividar com promoções da Black Friday

Principal data de descontos do varejo realizada nesta sexta-feira, 24, tem preços atrativos, mas pode levar a dívidas

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São Paulo

Metade dos brasileiros pretende fazer compras na Black Friday deste ano, segundo pesquisa do Datafolha realizada pela Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços). Em São Paulo, quatro em cada dez vão adquirir algum item, diz a ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

A tradicional data de promoções do varejo, que acontece nesta sexta-feira, 24, deve movimentar R$ 15,5 bilhões em vendas, com ofertas atrativas aos clientes anunciadas desde o início de novembro.

Os consumidores, porém, devem ter cuidado para não se endividar. A Folha conversou com educadores financeiros e especialistas em direito do consumidor e traz as principais dicas para que aproveitar as ofertas, fazer boas compras e manter o orçamento em dia.

Casas Bahia na marginal do Tietê, na capital paulista, ficará aberta por 24 horas para vendas da Black Friday; lojas já têm ofertas - Ronny Santos/Folhapress

Na Black Friday, muitos clientes procuram antecipar as compras de Natal e, até mesmo, realizar algum sonho de consumo ou adquirir itens que estão necessitando por valor menor. Com a perspectiva de receber o 13º salário, há quem saia gastando o que ainda não tem.

Segundo Eduardo Trigueiro, educador financeiro do Sicoob, cooperativa de crédito, mesmo com o "dinheiro extra" do 13º salário, é preciso tomar alguns cuidados para não cair em uma grande cilada neste mês: o endividamento.

"Muita gente espera ansiosamente pela Black Friday todo ano, mas é preciso se atentar se as compras vão caber no orçamento e se não vão atrapalhar o planejamento financeiro da família", diz.

A educadora financeira Cíntia Senna, sócia-executiva da Dsop, organização com foco na educação de consumidores, afirma que as regras de ouro do planejamento financeiro pessoal são executar seu orçamento, escolher suas prioridades e definir o valor que poderá comprometer.

Maria Inês Dolci, advogada especialista em defesa do consumidor e colunista da Folha, diz que o consumidor não pode esquecer que haverá outras despesas de final de ano, com o Natal, e de início do ano, com volta às aulas e pagamento de impostos. Se gastar muito na Black Friday, irá se endividar.

"É o excesso que traz o endividamento", diz ela.

Veja as sete principais dicas para comprar na Black Friday

1 - Verifique se o preço é realmente uma oferta

Um dos principais pontos é observar se o preço do produto é mesmo uma oferta. Segundo Cíntia, há lojas que ainda seguem a prática condenada no direito de consumidor, que é aumentar o valor do produto pouco tempo antes da Black Friday e, depois, baixá-lo, como se estivesse oferecendo um desconto atrativo.

Para ter essa ideia, é preciso conhecer o valor dos itens que pretendem adquirir e não comprar nada por impulso, acreditando de cara no desconto oferecido. Desconfie sempre.

2 - Faça pesquisa de preços

O monitoramento de preços era algo que deveria ter começado há algumas semanas, diz Maria Inês. No entanto, quem não fez esse monitoramento deve realizar a pesquisa de preços em lojas físicas e online antes de fechar a compra, para não pagar um preço maior por algo ou não conseguir um bom desconto.

Cíntia concorda. "Fazer uma pesquisa prévia vai ajudar bastante nesse movimento", diz a educadora financeira.

3 - Cabe no meu orçamento?

O consumidor deve observar se a compra que deseja fazer pode estourar o orçamento, seja ela à vista ou a prazo. Para Cíntia, nas compras a prazo, é preciso calcular o valor da parcela mensal para não extrapolar a renda recebida a cada mês.

Maria Inês diz que adquirir qualquer item que não está precisando é o primeiro passo para afetar o orçamento no futuro. E comprar produtos apenas pela oferta atrativa não é correto.

"A oferta só vale a pena para itens que você necessita. Se você vai comprar somente porque aquele produto está em oferta, não vale a pena. De repente, pode esperar um pouco mais e comprar mais adiante", diz Maria Inês.

Ela afirma que é preciso ainda prestar atenção se a oferta é muito tentadora, porque pode se tratar de um indício de fraude e o consumidor ser vítima de golpes.

4 - Preste atenção se a compra é física ou online; há diferenças na troca

O direito do consumidor deve ser levado em conta na hora da compra. Compras físicas e online têm políticas de troca diferentes. Na internet ou por telefone, é possível desistir do item em até sete dias após recebê-lo. Nas compras presenciais, não, mas as lojas físicas podem dar prazo maior.

Outro ponto é saber se o produto está saindo de linha. Muitas empresas vendem por preço mais em conta o que já sairá de linha em breve e isso pode comprometer a reparação de defeitos, caso seja necessário, com falta de peças, por exemplo.

Verificar a idoneidade do site e entender se o produto é pirata ou não é outra forma de proteção. Itens de fora do país que não entraram legalmente ou não têm nenhum tipo de certificação não estão aparados pelo Código de Defesa do Consumidor. Se houver falhas, o dinheiro é perdido.

5 - Pagar à vista é sempre melhor

Quem se organizou e conseguiu guardar dinheiro deve pagar a compra à vista. Isso garante que não haverá nenhuma dívida mensal e o orçamento dos próximos meses ficará livre.

Quem não conseguiu guardar o dinheiro pode se planejar na hora e tentar pagar o máximo de itens com valor menor, à vista. Usar cartão de crédito, boleto bancário ou outra forma de parcelamento deve ser evitada.

Nas lojas presenciais e em algumas online, as compras à vista podem ter descontos ainda maiores.

6 - Cuidado para a dívida parcelada no cartão de crédito não virar inadimplência

Parcelar a compra em dez ou 12 vezes sem juros tem sido uma prática comum no Brasil, com itens que vão desde eletrodomésticos maiores a remédios e compras de supermercados. Isso, no entanto, compromete o orçamento por meses a fio.

Cíntia diz que um bem adquirido em parcelas se torna uma dívida e deve ser considerado no orçamento mensal. O cuidado é para que essa dívida não leve à inadimplência, com o nome sendo colocado em listas de devedores, fazendo com que o cidadão perca seu poder de compra e entre numa bola de neve.

7 - Não achou o que estava procurando? Espere queimas de estoque e ofertas de início de ano

A Black Friday não é a única data de ofertas atrativas no comércio varejista. Há outros momentos de promoção do comércio, como queima de estoque de final de ano ou as promoções de janeiro.

"Se aquilo que eu planejei comprar não estiver com bom preço, talvez ainda não seja o momento. Lembrar que nós, aqui no Brasil, também temos épocas de saldões no início do ano. Então, se não conseguiu comprar agora, espera e faça a aquisição num momento seguinte", diz Cíntia.

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