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Americana pioneira de aluguel de patinetes pede recuperação judicial e amplia desconfiança sobre setor

Newsletter FolhaMercado explica motivos para crise no segmento; Grow, que operava no Brasil, foi à falência em novembro

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São Paulo

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É o fim do aluguel de patinetes?

O setor de micromobilidade, em especial o de aluguel de patinetes elétricos, passa por um ano complicado.

Nesta quarta, a americana Bird, uma das pioneiras e maiores do segmento a nível global, entrou com pedido de recuperação judicial.

  • A empresa foi listada na Bolsa em 2021 avaliada em US$ 2,3 bilhões, mas suas ações vieram despencando até ontem, quando tombarem 80% e viraram pó.

A Tier, maior operadora da Europa, demitiu 22% de sua equipe no mês passado citando "um ano difícil".

No Brasil, a Grow, dona das bicicletas e patinetes elétricas Yellow e Grin, teve falência decretada no mês passado pela Justiça de São Paulo.

  • A decisão veio após a empresa descumprir o seu plano de recuperação judicial, em vigor desde 2021.
Patinetes elétricos da americana Bird estacionados em calçada de Austin, no Texas (EUA)
Patinetes elétricos da americana Bird estacionados em calçada de Austin, no Texas (EUA) - Brandon Bell/Getty Images via AFP

O que explica? É um setor que demanda muito capital –para aquisição, manutenção e reposição das patinetes e bicicletas–, mas cuja operação não gera retorno suficiente para pagar o investimento.

↳ Desde o ano passado, quando o custo do dinheiro ficou maior com a alta de juros, os investidores passaram a exigir geração de caixa, algo que a maioria dessas startups não conseguiu entregar.

↳ Há também uma certa rejeição do público, direcionada principalmente às patinetes. Paris, que havia sido uma das primeiras capitais europeias a adotar esse tipo de transporte, foi também a primeira a proibi-lo, após um referendo neste ano.

Sim, mas... Uma empresa parece sobreviver em meio à crise. A americana Lime, principal concorrente da Bird, afirmou ter registrado um crescimento de 45% no aluguel de sua frota no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano anterior.

  • A empresa terminou a primeira metade do ano com suas operações gerando US$ 27 milhões (R$ 131 milhões) de caixa.
  • A americana chegou a operar no Brasil em 2020, mas sua presença por aqui durou seis meses.

Novo alívio para Haddad

A agenda econômica do governo conseguiu uma nova vitória no Congresso nos últimos dias do ano.

A MP (medida provisória) que altera regras para benefícios do ICMS e aumenta a arrecadação federal foi aprovada nesta quarta (20) pelo Senado e vai à sanção.

Por que importa: a medida era uma das acompanhadas mais de perto pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) por prever uma arrecadação de R$ 35 bilhões para o ano que vem, quando o ministro ainda promete um déficit zero.

A MP permite ao governo tributar o aumento de lucro gerado por incentivos fiscais de ICMS concedidos às empresas quando esses benefícios não estiverem ligados a investimentos.

Entenda: hoje, as empresas que recebem o benefício estadual excluem esse incentivo da base de cálculo de impostos e contribuições federais (na prática, estendendo o benefício estadual ao nível federal). Elas fazem isso com uma série de despesas.

  • O texto aprovado libera um crédito fiscal às empresas apenas de 25% de IRPJ sobre o valor concedido pelos estados, e desde que para ações ligadas a investimentos.
  • A cobrança vale também para benefícios concedidos em anos anteriores. As empresas poderão pagar esse saldo com desconto de 80% e em até 60 meses –mediante novo projeto de lei ou MP enviado pelo governo.

A medida aprovada nesta quarta ainda limita os benefícios tributários do JCP (juro sobre capital próprio, remuneração paga por empresas a acionistas), mas altera a proposta inicial do governo, que previa R$ 10 bilhões em arrecadação.

Opinião | Vinicius Torres Freire: Lula termina 23 fazendo festa com parlamentares, que vão atacar o bolso do governo em 24; leia coluna.


O 'megadecreto' de Milei

Horas depois que organizações sociais e centrais sindicais fizeram o primeiro ato contra o governo de Javier Milei, o ultraliberal anunciou em rede nacional um "megadecreto" que revoga ou altera mais de 300 leis.

  • Uma das principais modificações será no setor aduaneiro: "Está proibido proibir exportações na Argentina", disse Milei.

O que mais foi revogado: leis sobre controles de preços, aluguéis, indústria, privatizações de estatais e "modernização do regime trabalhista".

  • Estão na lista também mudanças em planos de saúde, farmacêuticas, vinícolas, agências de turismo e até clubes de futebol.
  • Veja aqui a lista de 30 pontos lida por Milei.

Tudo isso faz parte da tentativa do novo governo de enfrentar a crise no país, que convive com uma inflação anual de três dígitos.

A gestão do ultraliberal também já desvalorizou a moeda local com força e comunicou agressivo corte de gastos, suspensão de obras públicas, redução de subsídios de energia e transporte, aumento temporário de impostos, entre outras medidas.


Guerra de colchões

Os fabricantes brasileiros de colchões comemoram uma decisão do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) que deixou a comercialização do produto mais rigorosa no Brasil.

Entenda: uma portaria que começa a valer no começo do próximo ano obriga um documento chamado de anuência para importação a todos os colchões importados para o país.

  • Uma das mudanças é a classificação de riscos econômicos e à saúde do consumidor, do nível um para o nível três, o que aumenta o controle na venda.

O alvo são os produtos que vêm da China, que passaram a ser direcionados para o Brasil sobretudo a partir de 2019.

  • Foi quando o governo dos EUA aplicou uma medida antidumping de até 1.072% de imposto, afirmando que os fabricantes chineses exportavam o produto a um preço abaixo ao que praticavam no mercado interno.

Em números:

  • 54.247 colchões foram importados pelo Brasil de janeiro a outubro de 2023, uma alta de 25,8% em relação ao mesmo período do ano passado;
  • 120 mil empregos diretos e indiretos o setor afirma gerar no país, com mais de 339 fábricas.
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