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Aneel autoriza importação de energia da Venezuela com recursos da conta de subsídios

Brasil pagará mais caro que valor firmado em contrato de 2001 a 2019

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Letícia Fucuchima
São Paulo | Reuters

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou nesta terça-feira (19) a retomada da importação de energia elétrica da Venezuela para atendimento de Roraima com uso de recursos da CCC (Conta de Consumo de Combustíveis).

A medida era necessária para que o Brasil pudesse reiniciar as operações junto ao país vizinho depois de mais de quatro anos de interrupção, situação que levou os consumidores de Roraima a dependerem exclusivamente de geração local de termelétricas a diesel.

Vista da hidrelétrica de Guri, na Venezuela; energia que custa R$ 226 para consumidor residencial e R$ 260,50 para empresas venezuelanas chegará aos brasileiros por R$ 1.080 - Carlos Garcia Rawlins- 13.abr.16/Reuters

Conforme a Folha noticiou na semana passada, o contrato atual com a Venezuela é superior àquele firmado de 2001 a 2019, quando o governo Jair Bolsonaro (PL) suspendeu o fornecimento faltando dois anos para o encerramento do contrato.

Para retomar o processo neste ano, o governo editou um decreto com novas regras, estabelecendo que as importações de energia da Venezuela deveriam se traduzir em redução de custos com a CCC, que é um dos principais encargos incluídos na conta de luz.

Com um orçamento de R$ 12 bilhões para 2023, a CCC subsidia combustíveis usados na geração de energia nos chamados "sistemas isolados", como Roraima e cidades do Amazonas, que não recebem energia da rede elétrica nacional e dependem de usinas termelétricas locais.

Pela proposta do governo, a importação da Venezuela somente ocorrerá se o valor for inferior aos custos com compra de combustível para geração local nos sistemas isolados.

Segundo a comercializadora Âmbar, do grupo J&F, a única habilitada até o momento para importar energia da Venezuela, a energia está sendo ofertada a um custo médio 50% inferior ao preço atualmente pago pelos consumidores para abastecer Roraima.

Já o Ministério de Minas e Energia afirma que as operações ajudarão a reduzir os custos com geração a óleo diesel para Roraima, que hoje chegam a R$ 1.700 o megawatt-hora (MWh).

Segundo a decisão da Aneel desta terça, o valor a ser reembolsado pela CCC a título de sub-rogação à Âmbar equivale a R$ 1.080 o MWh.

Ao todo, estimou-se que a Âmbar poderá receber R$ 17 milhões, considerando estimativas de importação feitas pelo operador do sistema elétrico ONS para novembro deste ano a janeiro de 2024, período para o qual as importações da Venezuela foram autorizadas no âmbito Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).

O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, afirmou em reunião nesta terça que o governo tomou a decisão "política" de retomar as importações do país vizinhos, e que coube à Aneel tratar apenas dos detalhes técnicos.

"À Aneel coube as análises relacionadas a tecnicidades e reconhecimento na tarifa. No entanto, tanto a decisão de retomar a importação de energia elétrica, como também a escolha do agente comercializador e também a fixação do preço e montantes não passam pela Aneel", frisou.

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