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Bolsa supera os 128 mil pontos e dólar cai a R$ 4,88 após discurso de Powell

Sinalizações de presidente do Fed confirmam expectativa do mercado sobre fim da alta de juros nos EUA

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São Paulo

Apesar de ter começado o dia caindo, a Bolsa brasileira virou e fechou acima dos 128 mil pontos nesta sexta-feira (1°), renovando seu maior patamar em mais de dois anos. Declarações do presidente do Federal Reserve (banco central americano), Jerome Powell, foram o principal catalisador dia.

Em discurso no início da tarde, Powell afirmou que está claro que a política monetária do Fed está desacelerando a economia como esperado e que os riscos de a autoridade monetária ir longe demais com aumentos das taxas de juros tornaram-se "mais equilibrados".

"É provável que todos os efeitos do nosso aperto ainda não tenham sido sentidos. A contundência da nossa resposta à inflação também ajudou a manter a credibilidade duramente conquistada do Fed, garantindo que as expectativas do público sobre a inflação futura permaneçam estáveis", disse Powell em comentários preparados para evento da faculdade Spelman.

Powell afirmou, no entanto, que é cedo demais para descartar novas altas de juros ou para começar a discussão sobre cortes nas taxas.

"Seria prematuro concluir com confiança que atingimos uma posição suficientemente restritiva, ou especular sobre quando a política poderá relaxar", afirmou o presidente do Fed.

Apesar da ressalva, as sinalizações de Powell confirmaram as expectativas do mercado de que o afrouxamento dos juros nos Estados Unidos está próximo. As projeções sobre as taxas americanas deram força à renda variável nas últimas semanas.

Com isso, o Ibovespa terminou o dia em alta de 0,67%, aos 128.184 pontos, após ter registrado seu melhor desempenho mensal em três anos em novembro. Na semana, o índice acumula avanço de 2,12%.

A perspectiva de juros mais baixos nos Estados Unidos costuma levar a um redirecionamento de recursos para países mais rentáveis, ainda que mais arriscados, como o Brasil.

Já o dólar é pressionado pelas projeções de queda nos juros americanos justamente pela realocação de investimentos dos EUA para outros países. Nesta sexta, a moeda americana até começou o dia subindo, mas firmou queda após o discurso de Powell, terminando a sessão em baixa de 0,71%, cotada a R$ 4,880.

O movimento no Brasil acompanhou o exterior: o índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a outras moedas fortes, recuou 0,25% nesta sexta.

Na semana, a divisa acumula queda de 0,3% ante o real.

Homem fotografa tela que mostra ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo - Rahel Patrasso - 22.dez.21/Xinhua

Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, as falas de Powell sinalizam que a discussão sobre um corte de juros nas próximas reuniões do Fed é mais provável que uma nova alta nas taxas.

"O mercado está se antecipando à discussão de cortes de juros, sem dúvidas, mas a falta de um puxão de orelha de Powell, a fala mais dovish [branda] de diretores do Fed e a percepção de que está contratada uma desaceleração da economia devido às altas de juros fazem crer que a discussão sobre o timing do corte de juros está iniciada. Agora, a discussão do mercado é sobre quando [a redução] vai começar", diz Borsoi.

O economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, afirma que os números de inflação e atividade econômica americanas estão em linha com o esperando e reforçam a visão de um "pouso suave" da economia do país, ou seja, de redução da alta de preços sem uma grande desaceleração.

"Os números estão ajudando o Fed. Acredito que o ciclo de alta de juros terminou, e o próximo movimento deve ser de corte juros, muito provavelmente nos primeiro semestre do ano que vem", diz Miraglia.

As curvas de juros futuros brasileiras mais curtas acompanharam o movimento do exterior e tiveram leve queda, dando força às empresas listadas na Bolsa local. Os contratos mais longos, no entanto, subiram.

No pregão desta sexta, as principais altas do Ibovespa foram de Vale e Bradesco, que subiram 1,85% e 0,30%, respectivamente, e ficaram entre as mais negociadas da sessão, impulsionando o índice.

Para Andre Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital, a alta da Bolsa brasileira deve continuar.

"O Ibovespa ainda tem muito espaço para andar. O investidor estrangeiro está com apetite em relação aos ativos brasileiros, e fundos locais que ainda não estão expostos a Bolsa brasileira precisam correr atrás para alocar. A pessoa física também está voltando aos poucos para a Bolsa", diz Fernandes.

Na ponta negativa, as ações da Petrobras caíram 0,66% e pressionaram o índice, acompanhando o declínio do petróleo no exterior. A maior queda do dia foi da Braskem, que caiu 5,85% em meio ao risco iminente de colapso de uma mina da petroquímica em Maceió.

Com Reuters

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