Brasil precisa triplicar ritmo da sustentabilidade industrial, diz executiva

Barbara Frei, da Schneider Electric, diz que investir em transparência, eficiência e digitalização dão resiliência aos negócios

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São Paulo

O Brasil tem trilhado um bom caminho na adoção de medidas mais sustentáveis, especialmente as grandes indústrias. Os passos, porém, precisariam estar três vezes mais rápidos para dar conta da urgência climática, avalia Barbara Frei, vice-presidente global de automação industrial da Schneider Electric.

Enquanto setores considerados pesados, como o da mineração e o de óleo e gás, têm feito suas lições de casa, agora chega a hora de outros segmentos considerados leves também adotarem medidas para melhorar a eficiência e gastar menos e melhor os recursos naturais.

Há ainda certa urgência em se investir no fortalecimento e na estabilidade das redes elétricas. A Schneider Electric tem defendido mundialmente a necessidade de modernização das redes, uma vez que progressivamente haverá a substituição de outros meio mais poluentes de obter energia (como gás e mesmo o petróleo).

Mulher branca, de cabelos abaixo do ombro, usa terno azul marinho
Barbara Frei, vice-presidente global de automação industrial da Schneider Electric - Divulgação

A insuficiência de redes elétricas é vista como um gargalo para o avanço de energias renováveis.

"O desafio é que [a eletrificação] tem que trabalhar junto com a rede e com as instalações. Então o investimento em redes é realmente crucial para fazer tudo isso acontecer. Acho que o Brasil precisa investir mais para estabilizar e fortalecer a rede", diz a executiva.

Para Rafael Segrera, presidente da Schneider Electric para América do Sul, há muito sendo feito, mas "no fim do dia, o resumo é que há necessidade de descarbonizar a economia. Se não fizermos isso, haverá um problema maior no futuro."

Na questão de eficiência dos setores industriais, a executiva da Schneider Electric, diz que muito do potencial de ganho vem hoje de indústrias leves. como alimentos e bebidas ou água.

Barbara Frei comanda desde 2021 o setor que se concentra em projetos de descarbonização e inovação para empresas, digitalizando processos e colocando sistemas para "conversar", permitindo maior controle de processos, antecipação de problemas e a geração de dados que baseiam decisões.

E ela vem defendendo que, apesar das preocupações de empresários com o custo dessas mudanças, investir em sustentabilidade é economicamente viável e gera renda às companhias.

Barbara diz que própria Schneider Electric pode ser tomada como um exemplo: publica desde 2004 seus relatórios de sustentabilidade e, nos últimos 20 anos, viu seu valor de mercado aumentar sete vezes. "Investimentos em sustentabilidade são fonte de crescimento e essa é uma mensagem importante."

Na avaliação da executiva, ao olhar para o futuro, empresas e governos não podem apenas mirar no curto prazo. Investimentos sermpre necessários aos negócios.

Logo da Schneider Electric visto em Nantes, na França - Stephane Mahe-20.set.22/Reuters

"Durante a crise energética que tivemos no ano passado [na Europa], os governo estavam gastando muito dinheiro para reduzir os preços de combustíveis fósseis. Do nosso ponto de vista, eles deveriam estar gastando muito mais dinheiro em inovação e incentivando companhias a melhorar a eficiência energética e a eletrificar", afirma.

A companhia defende uma "fórmula" para as companhia, resumida pela sigla RER (Reduce, Eletrify, Replace), que passa por digitalização de processos para dar ganho de eficiência, redução de desperdício e de consumo, depois por eletrificação e, por último, a substituição (por exemplo, de combustíveis fósseis por biocombustíveis).

No Brasil, a Schneider Electric assinou contratos em meados deste ano para fazer a digitalização de Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e Energisa.

No ano passado, a companhia anunciou a conversão da fábrica de painéis de energia em Blumenau, Santa Catarina, (seu principal polo produtivo na América Latina) em uma unidade inteligente, que deverá se tonar referência na região, um tipo de mostruário de onde pode chegar o modelo 4.0 defendido pela companhia.

A unidade reaproveita quase a totalidade de seus resíduos e aumentou 20% sua eficiência energética. A projeção é de que fique entre 30% e 35% nos próximos dois anos. O uso de um software fez com que o consumo de papel na fábrica seja reduzido em 95%.

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