Contas públicas ainda preocupam, mas governo está comprometido com questão fiscal, diz Bank of America

Para o economista David Beker, medidas aprovadas neste ano não são suficientes para zerar o déficit fiscal em 2024; estimativa é de -0,4% do PIB

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São Paulo

O chefe de Economia no Brasil e Estratégias para América Latina do BofA (Bank of America), David Beker, disse nesta sexta-feira (15) que enxerga o governo comprometido em entregar resultados fiscais. Segundo o economista, apesar desse ainda ser um problema no radar dos investidores, ele pode ser relativizado.

Beker argumenta que, diante das incertezas fiscais no início do ano, o governo conseguiu vencer as dúvidas do mercado aprovando o novo marco fiscal e uma lista de medidas de arrecadação delicadas, que fizeram com que o desempenho da equipe econômica ficasse bem acima das expectativas.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), conseguiu aprovar neste ano mais medidas econômicas no Congresso do que o mercado esperava
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), conseguiu aprovar neste ano mais medidas econômicas no Congresso do que o mercado esperava - Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

"Fiscal é nosso problema estrutural, e tem sim que ser nosso foco. Mas o que foi entregue neste ano foi bastante razoável", disse em conversa com jornalistas na sede do Bank of America em São Paulo. "Foi um ano positivo nesse sentido", completou.

Segundo Beker, o rombo nas contas públicas deixou de ser um problema só do Brasil neste ano e, comparando o desempenho brasileiro perto de outras nações, o país não está "tão mal". "Estou relativizando a preocupação fiscal", afirmou.

O economista concordou, porém, que as medidas do governo aprovadas neste ano não são suficientes para zerar o déficit fiscal em 2024. A projeção do BofA é de déficit de 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto) no próximo ano.

No primeiro trimestre, a discussão sobre mudança da meta fiscal deve voltar, segundo Beker, que acredita que o melhor é manter a meta de déficit zero, mesmo que não seja cumprida. Ele argumenta que o arcabouço fiscal tem gatilhos importantes em caso de descumprimento, que dá convicções com relação às contas públicas.

Para Beker, porém, muitas coisas poderiam melhorar na política econômica, como o corte de gastos. Segundo ele, o grande tema do próximo ano na agenda econômica é a reforma do imposto de renda pessoa física. Isso em um ano mais curto no Congresso, já que haverá eleições municipais.

Outra incerteza para o próximo ano, de acordo com o economista, é o impacto tributário após todas as medidas de aumento de arrecadação do governo. "Mercado está gastando tempo para entender como as mudanças vão impactar individualmente [cada empresa]", afirmou.

Para o próximo ano o Bank of America projeta inflação de 3,7%, acima da média das expectativas do mercado. Mas Beker frisou que o risco para os preços no Brasil é para baixo.

Com relação ao crescimento do PIB, o banco projeta alta de 2,2%. E para a taxa Selic a expectativa é de terminar 2024 em 9,5%.

Segundo Beker, há algumas variáveis importantes que podem fazer o Banco Central acelerar o ritmo de cortes da taxa básica de juros no próximo ano, o que pode levar a taxa terminal da Selic para um patamar menor de 9,5%.

Para o câmbio, o banco projeta que o dólar termina 2024 em R$ 4,75, com a moeda brasileira se beneficiando do maior apetito ao risco do investidor estrangeiro com a queda de juros no Brasil, e de uma balança comercial forte, que deve encerrar o ano com um resultado positivo recorde, de cerca de US$ 100 bilhões.

Para a Bolsa brasileira, o banco projeta que o Ibovespa atinja os 145 mil pontos, após o índice ter ultrapassado neste ano seu recorde histórico, rompendo os 130 mil pontos.

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