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Fitch rebaixa nota da Braskem, e empresa deixa de ter grau de investimento

Agência coloca rating da empresa brasileira em observação negativa após desabamento de mina em Maceió

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Patrícia Vilas Boas André Romani
Brasília | Reuters

A agência de classificação de risco Fitch cortou nesta quinta-feira (14) a nota de crédito em escala global da Braskem para "BB+", de "BBB-" e colocou o rating em observação negativa, o que fez a empresa deixar de estar entre as que estão em grau de investimento.

A mudança ocorre após o desastre causado em Maceió com o afundamento do solo em áreas onde estão minas de sal-gema da petroquímica, o que levou milhares de pessoas a deixarem suas casas a partir de novembro.

No último domingo (10), a situação piorou com o colapso da mina 18 da Braskem na capital alagoana. Além do problema ambiental, a Fitch destacou o pedido de R$ 1 bilhão feito pelo Ministério Público como indenização contra a empresa.

A região do lago Mundaú antes e depois do desabamento da mina número 18; parte da margem afunda e encobre uma construção. - Robson Barbosa/AFP e Jonathan Lins/Reuters

De acordo com a agência de classificação de risco, o pagamento da multa poderia piorar o perfil do fluxo de caixa da empresa.

A Fitch também afirmou que "espera que o fluxo de caixa livre (da companhia) seja negativo por um período mais longo do que o esperado, enquanto a empresa permanece exposta a uma prolongada desaceleração no setor petroquímico, o que resultou em um aumento significativo na dívida líquida".

Com a alteração, a Braskem perde seu grau de investimento pela Fitch. Mais cedo esta semana, a Moody's, que já atribuía uma classificação especulativa para a petroquímica, também cortou o rating da empresa. A S&P mantém rating "BBB-" para a Braskem.

Em comunicado ao mercado, a Braskem disse que mantém uma sólida posição de caixa e perfil de endividamento bastante alongado, citando prazo médio de vencimento de suas dívidas ao final do terceiro trimestre, que é de 12,3 anos, com aproximadamente 63% delas concentradas após 2030.

A empresa também reforçou seu compromisso com a manutenção da sua posição de liquidez e disciplina de custos e na continuidade da implementação de medidas para redução da sua alavancagem corporativa.

No final de novembro, a Braskem foi intimada de decisão da Justiça em nova ação de R$ 1 bilhão de autoridades federais e de Alagoas sobre os danos causados por movimentação do solo em Maceió. O processo busca ampliação da área de risco e inclusão de mais famílias em plano de compensação financeira.

Citando descumprimento de decisão liminar para incluir novos imóveis em programa de compensação e ausência de acordo com a empresa, as autoridades entraram com nova petição na quarta-feira (13), na qual solicitam o bloqueio de R$ 1 bilhão, entre outras medidas.

Procurada pela Reuters nesta quinta-feira, a Braskem disse que segue dialogando com as autoridades e desenvolvendo ações com foco na segurança das pessoas e na implementação de medidas amplas para mitigar, compensar ou reparar impactos decorrentes da desocupação dos imóveis afetados.

Em relação à atualização do mapa de ações prioritárias, a companhia disse que a região ocupada nos bairros é constantemente monitorada e não existem estudos técnicos que indiquem a necessidade de novas desocupações. A empresa ainda afirmou que vai recorrer da decisão liminar.

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