Descrição de chapéu sustentabilidade

Governo lança nova versão 'verde' do Rota 2030 para incentivar setor automotivo

Mover terá foco em descarbonização e prevê incentivos fiscais de R$ 19 bilhões até 2028

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São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou neste sábado (30) medida provisória que cria o Mover (Mobilidade Verde e Inovação), programa que vai substituir o Rota 2030 e se tornar o novo plano estratégico para o desenvolvimento do setor automotivo no Brasil.

De acordo com o governo, o Mover amplia as exigências de sustentabilidade da frota automotiva e estimula a produção de novas tecnologias nas áreas de mobilidade e logística.

Nessa nova etapa, o programa quer incentivar a descarbonização, com estímulo à produção de novas tecnologias, a promoção do uso de biocombustíveis e outras energias alternativas.

O novo conjunto de regras vai promover a expansão de investimentos em eficiência energética, incluindo limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos e cobrando menos imposto de quem polui menos, com a criação do chamado "IPI Verde".

Imagem aérea do pátio da montadora Volkswagen com milhares de veículos em São Bernardo, no ABC Paulista
Imagem aérea do pátio da montadora Volkswagen com milhares de veículos em São Bernardo, no ABC Paulista - Danilo Verpa - 28.jun.2023/Folhapress

Com enfoque na agenda de descarbonização do setor automotivo, o programa terá incentivos fiscais para que as empresas invistam em mecanismos para diminuir suas pegadas climáticas e se enquadrem nos requisitos obrigatórios do Mover. A ideia é chegar a R$ 19 bilhões em créditos concedidos nos próximos cinco anos.

Para 2024, os incentivos serão de R$ 3,5 bilhões e devem chegar a R$ 4,1 bilhões em 2028. No Rota 2030, o incentivo médio anual foi de R$ 1,7 bilhão.

De acordo com o governo, os valores deverão ser convertidos em créditos financeiros.

O novo regime estabelece, para todas as empresas envolvidas na cadeia automotiva, a meta de reduzir em 50% as emissões de carbono até 2030, indicando requisitos mínimos para que os veículos saiam das fábricas mais econômicos, mais seguros e menos poluentes.

Além disso, o Mover aumenta os requisitos verdes para os veículos comercializados no país, estabelecendo a medição das emissões de carbono "do poço à roda" —que consideram todo o ciclo.

A partir de 2027, a medição deverá ser ainda mais ampla, conhecida como "do berço ao túmulo", abrangendo a pegada de carbono de todos os componentes e de todas as etapas de produção, uso e descarte do veículo.

O lançamento do Mover estava previsto para setembro, mas passou por idas e vindas devido a impasses entre montadoras, associações e ministérios.

Em nota, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) disse que o lançamento do Mover é uma excelente notícia para toda a cadeia da indústria automobilística brasileira.

"O Mover dá continuidade a dois programas já publicados anteriormente, o InovarAuto em 2012 e o Rota 2030 em 2018, que vêm sucessivamente estabelecendo políticas públicas para o setor, trazendo obrigações e proporcionando previsibilidade para as empresas que investem em pesquisa, desenvolvimento e inovação, bem como em melhorias funcionais, de eficiência e em segurança veiculares", disse a entidade.

Novidades do Mover em relação ao Rota 2030

  • Deixa de ser uma política limitada ao setor automotivo para se transformar num programa de "mobilidade e logística sustentável de baixo carbono"
  • O Rota 2030 estabeleceu que todos os veículos comercializados no país deveriam obedecer requisitos de eficiência energética que levam em conta as emissões "do tanque à roda". Agora, a eficiência será medida pelo sistema "do poço à roda" e haverá exigência de material reciclado na fabricação dos veículos. A partir de 2027, a medição será completa, numa classificação "do berço ao túmulo"
  • Sistema de recompensa e penalização na cobrança de IPI, a partir de critérios como: energia para propulsão; consumo; potência do motor e reciclabilidade
  • Prevê o estímulo à realocação de fábricas de outros países no Brasil
  • Redução de Imposto de Importação para fabricantes que importam peças e componentes sem similar nacional, desde que invistam 2% do total importado em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação em programas na cadeia de fornecedores
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