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Inflação na Argentina atinge 160,9% ao ano em novembro

Índice de preços avançou 12,8% no mês; setores com maiores altas foram saúde e alimentação

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Buenos Aires | AFP

A inflação no acumulado de 12 meses na Argentina atingiu 160,9% em novembro, um patamar desconfortável para o recém-iniciado governo ultraliberal de Javier Milei, que anunciou um plano de choque para ordenar as finanças públicas e frear o constante aumento dos preços.

Apenas em novembro, os preços ao consumidor subiram 12,8%, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (13) pelo Instituto de Estatísticas do país. No mês passado, os setores com maiores altas foram saúde (15,9%), alimentos e bebidas não alcoólicas (15,7%) e comunicação (15,2%).

A inflação acumulada em 2023 soma até novembro 148,2%, um dos índices de inflação mais altos do mundo.

Inflação argentina chega a 160,9% ao ano em novembro - Tomas Cuesta - 12.dez.2023/Reuters

A alta inflação tem sido um problema crônico na Argentina, que já havia encerrado 2022 com um IPC (Índice de Preços ao Consumidor) em alta de 94,8%.

Para combater a inflação e, principalmente, o déficit das finanças públicas, Milei anunciou um programa de austeridade que inclui a redução dos subsídios às tarifas de energia e transporte, bem como a paralisação de obras de infraestrutura financiadas pelo Estado que ainda não começaram.

Além disso, decretou uma desvalorização da moeda de mais de 50%, para 800 pesos por dólar na taxa de câmbio oficial, dentro de um regime de controle cambial que contempla uma dezena de taxas de câmbio diferentes.

"A chave da desvalorização é que seja possível reduzir drasticamente a diferença" entre a taxa de câmbio oficial e a paralela, que fechou nesta quarta-feira (13) sem alterações em 1.070 pesos por dólar, opinou o ex-vice-ministro da Economia Gabriel Rubinstein.

Meses difíceis e uma aposta na melhoria

Milei advertiu que os próximos meses serão "difíceis" e que as coisas vão piorar antes de melhorar. Mas ele garante que está tentando evitar uma "catástrofe" como a hiperinflação que a Argentina já viveu em 1989 e 1990.

"Espera-se um dezembro com uma inflação em alta, onde esses 12,8% nos parecerão pequenos", disse a economista Candelaria Botto à AFP.

"Como o governo já anunciou, os próximos meses terão uma inflação crescente", apontou Botto, que considerou que, com base nas primeiras medidas anunciadas, "o único plano para reduzir a inflação que se vislumbra é a aposta em uma recessão".

Milei propôs uma redução do tamanho do Estado e um ajuste fiscal equivalente a 5% do Produto Interno Bruto.

Suas primeiras decisões foram elogiadas pelo Fundo Monetário Internacional, com o qual a Argentina mantém um programa de crédito de US$ 44 bilhões. O organismo afirmou em comunicado que apoia suas medidas.

Mas os aumentos nos preços dos combustíveis e nas tarifas, bem como a desvalorização acelerada, "são o coquetel perfeito para uma alta inflação. A política, que busca ser de choque, vai gerar um impacto inflacionário de alta tensão", estimou o economista independente Joel Lupieri.

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