Ratinho Jr. diz que Justiça suspender leilão por não ouvir quilombola afasta investidor

Governador do Paraná afirma que ambiente de negócios precisa de estabilidade

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São Paulo

O governador do Paraná, Ratinho Junior, disse nesta quinta-feira (7) que decisões judiciais e políticas tornam o ambiente de negócios inseguro para investimentos e prejudicam o Brasil.

"Bom, faz o Marco do Saneamento, aí passa o ano e acaba com o Marco do Saneamento. Uma loucura. Vamos vender a distribuidora da Petrobras, aí passa o ano: 'Vamos retomar'", afirmou durante o Fórum Infraestrutura, Cidades e Investimentos, organizado pela revista Exame e realizado na Bolsa de São Paulo.

"Você imagina para o investidor, de um fundo árabe, de um fundo canadense, explicar isso para o cara que está acreditando no seu país?", disse o governador.

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Governador do Paraná, Carlos Roberto Massa Júnior, mais conhecido como Ratinho Jr. - Theo Marques/Folhapress

Ratinho Jr. também citou como exemplo os dois leilões de estradas do Paraná realizados no segundo semestre deste ano pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), na Bolsa. "Nós temos o Lote 1: sucesso total, desconto, bons descontos [de pedágio]. Vamos para o Lote 2 [...] Uma juíza vai lá e dá uma canetada cancelando o Lote 1", disse.

"Aí você imagina o cara que ganhou o Lote 1, que tem um fundo de Singapura, tem um fundo árabe, ele tem de ligar para o cara que acreditou nele, que vai colocar 10 bilhões, e fala: 'Olha, a juíza aqui acabou de cancelar o que nós ganhamos na semana passada na Bolsa de Valores de São Paulo, porque nós não ouvimos o quilombola'", criticou.

O primeiro certame das estradas do Paraná ocorreu em 25 de agosto, com a Infraestrutura Brasil Holding XXI S.A., controlada pelo Grupo Pátria, levando o primeiro de seis lotes de estradas que cortam o estado. Ela propôs um desconto de 18,25% na tarifa por quilômetro rodado, além de um aporte de R$ 25 milhões.

Mas em 5 de setembro a juíza federal Silvia Regina Salau Brollo, da 11ª Vara de Curitiba, acolheu pedido da DPU (Defensoria Pública da União) e assinou uma liminar suspendendo os efeitos. O argumento da DPU era de que as comunidades quilombolas que vivem às margens da BR-476 não foram ouvidas antes do início do processo licitatório.

Em 19 de setembro, porém, o governo federal conseguiu derrubar a liminar na Justiça.

Pouco depois, no dia 29 de setembro, aconteceu o leilão do Lote 2, mas diferente do sucesso do primeiro certame, desta vez houve apenas um único interessado, o Consórcio Infraestrutura PR, ligado ao grupo EPR, formado pela empresa Equipav e pelo fundo de investimento Perfin.

O grupo apresentou um desconto de 0,08% na tarifa de pedágio e, sem concorrentes, foi declarado vencedor do lote, que abrange quase 605 km de rodovias (entre vias federais e estaduais), localizadas entre Curitiba e o litoral e entre os Campos Gerais e o Norte Pioneiro.

Para Ratinho Junior, os quilombolas devem ser ouvidos quando a obra for executada, não quando o contrato é assinado. O governador argumentou que decisões como essas, que cancelam resultados baseados "em decisões sérias, decentes", afugentam os investimentos.

"Eu tenho uma máxima na minha cabeça, que o dinheiro é medroso. Qualquer mexidinha, qualquer insegurança, ele vaza e corre do ambiente", afirmou.

"Quando você cria um ambiente de estabilidade política, de estabilidade com a Assembleia Legislativa, com um Tribunal de Justiça que respeita os contratos, que tem cuidado na tomada de decisão, os órgãos de fiscalização, o Ministério Público, o Tribunal de Contas, quando todos entendem esse processo, você acaba atraindo investimento para a sua cidade, para o seu estado, para a sua região."

Com colaboração de Catarina Scortecci

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