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Bolsa fecha em queda, com mercado à espera de decisões sobre juros; dólar sobe

Investidores aguardam anúncios sobre políticas financeiras no Brasil e nos EUA desta semana

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São Paulo

A Bolsa fechou em queda de 0,36% nesta segunda-feira (29), aos 128.502,69 pontos, com o mercado aguardando as decisões de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos desta semana.

O dólar, por sua vez, fechou em alta de 0,79%, cotado aos R$ 4,949.

O pregão ainda foi marcado por um tombo de 33,61% das ações da Gol, em resposta aos desdobramentos do pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos.

Corretor olha para monitores na Bolsa de Valores de Nova York
Corretor olha para monitores na Bolsa de Valores de Nova York; nesta semana, os mercados aguardam a decisão de política monetária nos Estados Unidos - Michael Nagle/Xinhua

Os investidores começaram a semana de olho na chamada "Super Quarta", dia em que os comitês de política monetária dos Estados Unidos e do Brasil irão decidir sobre juros.

Por lá, a expectativa é de manutenção da taxa, hoje entre 5,25% e 5,5%. O mercado está atento a possíveis sinalizações do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) sobre quando o ciclo de cortes de juros irá começar, previsto, pela maioria dos operadores, entre março e maio.

Os últimos dados macroeconômicos dos EUA têm pintado um quadro de controle da inflação, com o índice de preços PCE vindo em linha com as expectativas na última sexta-feira. O indicador subiu 0,2% no mês passado e avançou 2,6% nos 12 meses até dezembro.

O chamado núcleo do PCE, que exclui componentes mais voláteis da base de cálculo, desacelerou a alta para 2,9% na base anual, o menor ganho desde março de 2021, após avanço de 3,2% em novembro.

"Inflação americana [está] dando bons sinais, mostrando que há convergência, praticamente voltando para aquele nível pré-pandemia, mais próximo da meta de 2%. Portanto, uma excelente notícia para a política monetária americana", disse Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em comentário enviado a clientes.

Por aqui, a expectativa em torno da Selic é de que o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) volte a cortar a taxa em 0,5 ponto percentual, a 11,25%.

"O BC deve abordar os recentes dados de inflação e fornecer sinais sobre os próximos passos. A trajetória de cortes parece manter-se até metade do ano, sem indícios de aceleração, dada a expectativa de inflação ainda acima da meta", afirma Gala.

Na cena corporativa, o derretimento de 33,61% das ações da Gol foi destaque, com operadores repercutindo a autorização de empréstimo de US$ 950 milhões por parte da Justiça dos Estados Unidos.
Os papéis encerraram o dia a R$ 3,93, ante R$ 6,65 na quarta-feira, véspera do anúncio —uma queda acumulada de 40,9%.

Com isso, o valor de mercado da companhia aérea chegou a R$ 1,64 bilhão, segundo levantamento de Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria. O dado a aproxima da CVC, que vale R$ 1,57 bilhão, e simboliza uma perda de mais de R$ 2 bilhões desde o começo do ano.

Também é destaque o Magazine Luiza, que inverteu sinal ao final do pregão e fechou em queda de 0,48%. As ações tiveram pico de 9,62% nesta tarde, graças ao anúncio de aumento de capital de R$ 1,25 bilhão por meio da emissão de novas ações, o equivalente a 9% do valor de mercado da companhia.

A operação será avalizada pelo BTG Pactual, na qual R$ 1 bilhão irá para a controladora da varejista, a família Trajano, e os R$ 250 milhões restantes serão usados para compra de ações.

"Por um lado, enxergamos positivamente a participação dos controladores no aumento de capital com R$ 1 bilhão e reconhecemos a necessidade da companhia readequar sua estrutura de capital", avalia a equipe de analistas da Guide Investimentos.

"Por outro, é negativo que o movimento venha após forte queda das ações da companhia nos últimos anos."

Ainda entre as quedas, a Vale caiu 0,47%, em resposta à notícia de que o Ministério dos Transportes enviou uma notificação de cobrança de R$ 25,7 bilhões em concessões, renovadas ao final do governo Jair Bolsonaro.

A mineradora anunciou dados operacionais do quarto trimestre de 2023 logo após o fechamento do pregão, que mostraram que a companhia superou expectativas e produziu 321,154 milhões de toneladas de minério de ferro no ano passado —alta de 4,3% ante 2022.

A Vale é uma das empresas de maior peso no Ibovespa, ao lado da Petrobras. A estatal operou na outra ponta nesta segunda e avançou 1,53%, renovando máximas históricas, apesar da fraqueza dos preços do petróleo no exterior.

O movimento se dá em resposta ao anúncio de sexta-feira, após o fechamento do mercado, quando a estatal afirmou que as estimativas de reservas provadas de óleo, condensado e gás natural resultaram em 10,9 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) em 31 dezembro de 2023. O banco norte-americano JP Morgan considerou o resultado positivo

A semana também será marcada por outros dados econômicos do Brasil e dos Estados Unidos. Por aqui, destaque para Pnad e Caged, apresentando números sobre desemprego e criação de vagas formais, além da produção industrial do país em dezembro.

Já nos EUA, atenções se voltam para a divulgação do pay-roll na sexta-feira, que irá apresentar uma nova fotografia sobre o mercado de trabalho da maior economia do mundo.

Na última sexta-feira, o dólar teve a quarta sessão consecutiva de baixa ante o real, a 0,24%, cotado a R$ 4,911. Na semana, a divisa acumulou queda de 0,33%. Em janeiro, porém, o dólar acumula elevação de 1,22%.

Já o Ibovespa fechou em alta na última sexta, ultrapassando os 129 mil pontos no melhor momento, em desempenho apoiado particularmente na performance positiva de Vale, Petrobras e Itaú Unibanco, o que assegurou o primeiro ganho semanal no ano.

O índice de referência do mercado acionário brasileiro subiu 0,62%, a 128.967,32 pontos, acumulando uma alta de 1,04% na semana. Na máxima do dia, chegou a 129.252,15 pontos. Na mínima, a 127.868,8 pontos.

(Com Reuters)

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