Magazine Luiza anuncia aumento de capital de R$ 1,25 bi com emissão de novas ações

BTG Pactual financiará operação; empresa diz que finalidade é acelerar investimentos em tecnologia

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São Paulo

O Magazine Luiza anunciou neste domingo (28) um aumento de capital de R$ 1,25 bilhão por meio da emissão de novas ações. A operação será avalizada pelo BTG Pactual.

A família Trajano, a controladora da varejista, terá financiamento de R$ 1 bilhão do banco. A instituição financeira ainda se compromete a comprar o que sobrar dos R$ 250 milhões em ações restantes.

Presidente do conselho de administração do Magalu, Luiza Trajano, no lançamento do serviço de nuvem da companhia, o Magalu Cloud
Presidente do conselho de administração do Magalu, Luiza Trajano, no lançamento do serviço de nuvem da companhia, o Magalu Cloud - Olavo Martins/Divulgação

Os acionistas minoritários manterão a participação proporcional se exercerem preferência de compra das novas ações.

De acordo com o comunicado, o dinheiro levantado visa acelerar investimentos em tecnologia, como a expansão da desenvolvedora de tecnologia Luiza Labs e melhorias no marketplace e no serviço de nuvem Magalu Cloud. Também teria objetivo de otimizar a estrutura de capital da empresa.

O valor de referência usado para calcular o valor das novas ações foi o pelo qual eram negociados, na B3, os papéis do Magalu na sexta (26): R$ 2,05, com um desconto de 5%. "A cotação representa o que os agentes econômicos e investidores estão dispostos a pagar pelas ações de emissão da empresa no mercado secundário."

Na oferta anterior de ações do Magalu, realizada em 2021 no ápice da empolgação com o mercado digital em meio à pandemia de Covid-19, os papéis da empresa foram negociados a R$ 22,75 —quase 12 vezes mais do que o valor anunciado neste domingo.

No balanço mais recente divulgado, referente ao terceiro trimestre de 2023, a empresa divulgou que obteve lucro líquido de R$ 331,2 milhões, revertendo prejuízo de R$ 190,9 milhões no mesmo período do ano anterior, em resultado impulsionado pelo reconhecimento de créditos tributários.

Analistas, contudo, destacam que o lucro foi fruto do efeito contábil da decisão do STJ sobre impostos e que esse fator tem repercussão apenas imediata nos números da empresa.

Na versão ajustada, que desconsidera eventos não recorrentes como os créditos tributários, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 143,4 milhões, uma perda 15,7% menor do que a vista um ano antes.

O Magazine Luiza ainda reapresentou na ocasião os números de seus balanços após uma investigação apontar erros na contabilização de bonificações a fornecedores, prática comum no setor do varejo. A empresa informou "incorreções contábeis" no contexto da divulgação de seu balanço do terceiro trimestre.

A gerente de Relações com Investidores do Magalu, Vanessa Rossini, disse à reportagem da Folha que esse erro contábil se deu no tempo em que essas bonificações foram registradas, sendo contabilizadas antes de a varejista observar atentamente se já foram cumpridas.

Isso gerou uma distorção nos balanços da empresa, o que fez com que a companhia ajustasse o seu patrimônio líquido em R$ 829,5 milhões sobre o valor do fim de junho, conforme fato relevante divulgado em 14 de novembro, "líquido de impostos e sem impacto no seu fluxo de caixa".

As bonificações de fornecedores consistem em descontos que as empresas oferecem a varejistas no preço total de produtos fornecidos em troca de alguma condição especial, como publicidade da marca na loja ou exposição de suas mercadorias em locais privilegiados.

Apesar dos erros revelados, o Magazine Luiza destacou no fato relevante que a denúncia se mostrou improcedente. "Ficou comprovada a boa-fé dos envolvidos", afirma Rossini.

O Magalu divulgará o balanço referente ao resultado do último trimestre de 2023 em 7 de março.

Analistas do Itaú BBA indicaram que esperam melhoria nos números da varejistas, impulsionados por ajustes internos do Magalu para aumentar a margem de lucro.

Essas adequações gerenciais devem compensar queda de 1% no volume de vendas da empresa, conforme análise do banco de investimento.

O Itaú BBA também avaliou que o serviço de nuvem Magalu Cloud, lançado em dezembro, tem perspectiva de lucro, uma vez que usa infraestrutura que já estava à disposição da varejista.

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