Descrição de chapéu juros Estados Unidos

Mercado agora espera que redução de juros nos EUA fique apenas para maio

Presidente do Fed disse achar improvável que o comitê do banco atinja um nível de confiança até a reunião de março

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São Paulo

O Fed (banco central americano) manteve os juros na faixa atual de 5,25% a 5,5% nesta quarta-feira (31), mas deu um passo em direção à redução nos próximos meses.

Com a decisão, os operadores de mercado agora consideram mais provável que o início da redução dos juros nos Estados Unidos fique para maio.

Jerome Powell, presidente do Fed, concede entrevista coletiva em Washington
Jerome Powell, presidente do Fed, concede entrevista coletiva em Washington - Kevin Lamarque/Reuters

O Comitê Federal de Mercado Acionário (Fomc, na sigla em inglês) apontou que "não espera que seja apropriado reduzir a faixa de meta até que tenha adquirido maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%".

A inflação diminuiu ao longo do último ano, mas permanece elevada, disse o Fed, que reafirmou ainda permanecer atento aos riscos da inflação.

À imprensa o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse achar improvável que o comitê do banco atinja um nível de confiança até a reunião de março suficiente para reduzir os juros.

Powell acrescentou que o Fed precisa de mais dados favoráveis para ter certeza de que é hora de cortar os juros. Por outro lado, o comitê não manteve o viés de alta de juros em sua declaração, reforçando a expectativa de que o próximo movimento, quando acontecer, será de corte.

Em dezembro, a autoridade monetária havia sinalizado que esperava realizar três cortes de juros em 2024. No entanto, deu poucas pistas sobre quando esses cortes poderiam começar. Segundo a imprensa do país, autoridades de alto escalão enfatizaram que o Fed procederá com cautela.

A mudança na postura do Fed ocorre no momento em que a economia dos Estados Unidos mostra resiliência, após uma série de aumentos de juros ter ajudado a desacelerar a inflação, que havia atingido uma máxima de quatro décadas.

A inflação no país subiu a uma taxa anual de 1,7% no quarto trimestre, abaixo dos 2,6% do trimestre anterior. Os preços subiram a uma taxa anual consistente com o nível da meta do Fed.

Nos últimos três meses do ano passado, a economia cresceu a uma taxa anual de 3,3%, informou o governo americano na semana passada. Para 2023, o crescimento foi de 2,5%, superando as expectativas do mercado.

Os dois conjuntos de dados sugerem que a economia está caminhando para um "pouso suave", no qual a inflação é controlada sem desencadear uma recessão.

O Fed também precisa avaliando o comportamento dos preços em um momento em que a campanha presidencial se intensifica e o desempenho do presidente, Joe Biden, na área econômica deverá ser avaliado com mais cuidado pelos eleitos.

No Congresso, a oposição republicana culpou Biden pela alta inflação a partir de 2021, quando a economia saiu da recessão. Os preços elevados também estão nos discursos do ex-presidente Donald Trump, que pode tentar voltar à Casa Branca.

O Fed destacou seis meses de dados positivos de inflação e demonstrou estar confiante de que as pressões sobre os preços estão voltando a se aproximar de 2%. "Temos confiança, mas queremos ter mais confiança" de que o arrefecimento dos dados de inflação está enviando "um sinal verdadeiro", afirmou Powell.

"Agora esperamos que o primeiro corte de juros do Fed ocorra na reunião do início de maio, em vez de março. Esperamos que a taxa caia para uma mínima entre 3,00% e 3,25% no primeiro semestre de 2025", escreveu em nota o economista-chefe para a América do Norte da Capital Economics, Paul Ashworth.

Ao Financial Times, o economista-chefe para os EUA do Santander, Stephen Stanley, descreveu a declaração como um "bom equilíbrio entre se livrar do viés de alta, mas acrescentando que eles ainda não estão perto de uma redução".

Ao New York Times, Blerina Uruci, da T. Rowe Price, disse que ainda mantém uma expectativa de cortes para março, e que a instituição deverá esperar sinais mais claros da inflação e chegar à conclusão de que o trabalho já foi feito.

As reações do mercado sugerem que os investidores viram o comunicado como um pouco mais austero do que o esperado. As ações caíram e os rendimentos dos títulos de dívidas emitidos pelo Tesouro subiram após a decisão do Fed, e operadores reduziram suas expectativas de um corte de juros em março.

Em Nova York, o índice Dow Jones fechou com queda de 0,82%, atingindo 38.150,30 pontos. O S&P 500 caiu 1,61%, aos 4.845,65 pontos. Já o Nasdaq recuou 2,23%, encerrando o dia em 15.164,01 pontos.

Enquanto isso, no Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (31) por unanimidade reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), para 11,25% ao ano. O Ibovespa fechou em alta nesta quarta, mas distante das máximas da sessão, subiu 0,28%, a 127.752,28 pontos.

Na Europa, as bolsas fecharam com sinais opostos, na expectativa da decisão do Fed —em alta em Londres (+0,47%) e em baixa em Paris (-0,27%) e Frankfurt (-0,40%).

A decisão do Fed vem depois que dados publicados mais cedo nesta quarta, indicaram uma acomodação do mercado de trabalho.

De acordo com o Bureau of Labor Statistics, os trabalhadores receberam 4,2% a mais ao longo de 2023, ante 4,4% nos 12 meses até setembro. O valor de 4,2% foi superior aos dados mais recentes de inflação e das despesas de consumo individual, que foram de 3,4% e 2,9%, respectivamente.

Segundo a avaliação de Powell, o mercado de trabalho está "próximo do normal" mas não de volta ao normal. "É um processo em andamento, acredito que está caminhando na direção correta."

Com Reuters

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