Descrição de chapéu Santander juros

Santander lucra R$ 9,4 bilhões em 2023, 28% a menos que no ano anterior

Resultado do banco fica abaixo do esperado pelo mercado

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São Paulo

O Santander Brasil teve um lucro líquido recorrente de R$ 9,383 bilhões em 2023, uma queda de 27,7% em relação a 2022, informou o banco nesta quarta-feira (31).

No quarto trimestre do ano, o lucro desacelerou para R$ 2,2 bilhões, ante R$ 2,7 bilhões do terceiro trimestre de 2023. O resultado veio abaixo do esperado. Previsões compiladas pela LSEG apontavam lucro de R$ 2,87 bilhões.

Logo do Santander em vermelho em fachada de agência
No quarto trimestre de 2023, o lucro do Santander desacelerou para R$ 2,2 bilhões, ante R$ 2,7 bilhões do trimestre anterior. - Edgard Garrido/REUTERS

O ROAE (retorno sobre o patrimônio líquido, indicador que mede a rentabilidade da operação) de 2023 foi de 11,8%, ante 16,3% de 2022.

Entre 2019 e 2021, durante a presidência de Sergio Rial, a rentabilidade do banco ficou acima de 21%.

"Na direção para onde estamos levando o banco, buscamos ROAEs mais altos ao longo dos anos. Não é impossível atingir isso [20%] de novo, mas temos que ir passo a passo. Primeiro vamos buscar os 15%. 20% será passo final", afirmou o atual presidente Mário Leão, em entrevista para comentar o balanço.

A piora no resultado se deve ao aumento de 7,7% na provisão contra calotes, para R$ 29 bilhões, e ao prejuízo de R$ 3,1 bilhões na margem financeira com o mercado.

Uma parte do aumento no PDD (provisão para devedores duvidosos) se deve a Americanas, da qual o banco é credor e, segundo analistas, não tem 100% dos valores a receber provisionados.

Outro fator que pesou sobre o banco é a nova estratégia de crescimento seletivo, com foco em linhas de crédito mais saudáveis, mas não necessariamente mais rentáveis.

"Estamos construindo um portfólio sólido, duradouro e com capacidade de gerar resultados sustentáveis", escreveu o CEO Leão no balanço.

A mudança aparece na manutenção dos níveis de inadimplência em todos os seguimentos do banco em relação a 2022, a 3,1%.

A carteira de crédito do banco terminou o ano passado em R$ 516,6 bilhões, 5,5% maior que em 2022. Considerando títulos privados, avais e fianças, o crescimento foi maior, de 9,0%, para R$ 643 bilhões.

O crédito para o agronegócio foi a que mais cresceu na comparação anual, com um salto de 42%, para R$ 43,7 bilhões.

"A carteira] de crédito vai continuar crescendo de forma consistente e pulverizada. Não vamos nos arrepender de crescer de forma rápida e errada", disse Leão a jornalistas para comentar o balanço.

Um ponto a melhorar, destacou o executivo, é a operação com o varejo massificado, que hoje não é rentável. Para isso, o banco foca a redução de custos, ofertando menos produtos. De cerca de 300 linhas de cartões de crédito, o Santander já reduziu a oferta para cerca de 100. "Menos é mais", resume Leão.

Já o varejo de alta renda gera cinco vezes mais receita que o massificado. Em 2023, o banco atingiu 1,2 milhões de clientes (crescimento anual de 51%), o que representa 27% da carteira de crédito do varejo pessoa física, que soma R$ 240 bilhões.

No pregão desta quarta, os papéis do Santander na Bolsa de Valores brasileira fecharam em queda 1,88%, a R$ 28,65 cada um.

Rafael Reis, analista do BB Investimentos vê espaço para o Santander se recuperar, à medida que custos de captação caiam, mas segue em dúvida se o banco vai conseguir reduzir as despesas.

"Nesse momento optamos pela manutenção do benefício da dúvida, imaginando que a piora marginal da inadimplência seja passageira, já que se dá após o estabelecimento de um mix de crédito mais conservador, e ainda em oposição ao esperado pelo setor como um todo", escreveu Reis.

O banco é um dos poucos que recomenda a compra do papel, com preço-alvo em R$ 33,80 para o final de 2024. "Estamos diante de um dos maiores potenciais do nosso universo de cobertura."

RAIO-X | SANTANDER BRASIL EM 2023

Clientes: 66 milhões

Funcionários: 55.611

Lucro líquido: R$ 2,729 bilhões

ROE: 11,8%

Agências e pontos de atendimento: 2,7 mil

Fundação: em atividade no mercado local desde 1982

Principais concorrentes: Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa

Com informações da Reuters

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