Descrição de chapéu Estados Unidos PIB juros

PIB dos EUA sobe 2,5% em 2023 após crescimento acima do esperado no 4º trimestre

Crescimento econômico nos últimos três meses do ano passado é de 3,3%, acima dos 2% previstos por economistas

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Claire Jones James Politi
Chicago e Washington | Financial Times

A economia dos Estados Unidos cresceu mais rápido do que o esperado no quarto trimestre de 2023, impulsionada por fortes gastos do consumidor, com o crescimento para o ano inteiro chegando em 2,5%.

Os números apontam para a resiliência da economia dos EUA mesmo com o Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA) mantendo as taxas de juros mais altas para conter a inflação.

Segundo dados divulgados pelo Departamento de Comércio nesta quinta-feira (25), o PIB (Produto Interno Bruto) no quarto trimestre do ano passado cresceu a uma taxa anualizada de 3,3%. Economistas consultados pela Reuters previam uma alta de 2%.

Consumidor observa preços de produtos em supermercado nos EUA
Consumidor observa preços de produtos em supermercado nos EUA; PIB cresceu 3,3% no último trimestre de 2023 - Scott Olson/Getty Images via AFP

"Esta leitura do PIB consolida a posição dos EUA como o principal impulsionador do crescimento global", disse Eswar Prasad, professor de economia da Universidade Cornell.

Também nesta quinta, dados mostraram que a inflação no país subiu a uma taxa anual de 1,7% no quarto trimestre, abaixo dos 2,6% do trimestre anterior.

Os dois conjuntos de dados sugerem que a economia está caminhando para um "pouso suave", no qual a inflação é controlada sem desencadear uma recessão. O crescimento do PIB dos EUA do quarto trimestre de 2023 em relação ao mesmo trimestre de 2022 foi de 3,1%.

Os números também serão um impulso para o governo Biden antes das eleições presidenciais de novembro, com sua campanha tentando reverter a insatisfação pública com a gestão econômica.

A pesquisa mais recente do Financial Times-Michigan Ross mostrou que 60% dos eleitores consultados desaprovaram o governo Biden na economia, com preços altos persistentes para produtos básicos entre as reclamações.

A Casa Branca tem se esforçado para reverter essas percepções, divulgando uma alta em investimentos de capital e criação de empregos no último ano, enquanto o republicano Donald Trump tem usado a recente alta da inflação como base para sua campanha eleitoral.

Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, disse em Chicago na tarde desta quinta-feira (25) que foram as medidas do governo para aquecer a economia que provocaram um renascimento "notável tanto em termos de velocidade quanto de equidade".

"Embora alguns economistas tenham pensado que uma recessão no ano passado era inevitável, o presidente Biden e eu não pensamos assim", disse Yellen. "Em vez de contrair, a economia continuou a crescer, impulsionada pelos trabalhadores americanos e pela estratégia econômica do presidente".

Embora o ritmo de crescimento no quarto trimestre tenha desacelerado em relação à taxa anualizada de 4,9% estabelecida no trimestre anterior, foi muito maior do que os economistas esperavam.

A expansão de 2,5% para o ano como um todo também superou as previsões e encorajou os investidores que acreditam que o banco central americano reduzirá as taxas de juros nos próximos meses.

O Fed, em sua reunião de política monetária da próxima semana, deve manter sua taxa básica de juros no intervalo de 5,25% a 5,5%.

Com o relatório do PIB também mostrando que as pressões inflacionárias diminuíram no último trimestre, é esperado que o banco central comece a cortar os juros no primeiro semestre deste ano. Desde março de 2022, o Fed elevou sua taxa de referência em 5,25 pontos percentuais.

Prasad, da Universidade Cornell, disse que os bons números dos EUA contrastam com perspectivas menos favoráveis em outras partes da economia global.

"Essa performance excepcional e inesperada é o acontecimento econômico de 2023 e um presságio positivo para o que, de outra forma, está se configurando como um ano sombrio para o crescimento global", disse.

Yellen disse que o desempenho forte dos EUA é "o mais rápido registrado" —e mais do que apenas uma recuperação pós-pandemia. "Também nos concentramos em desembaraçar as cadeias de suprimentos e trazer mais americanos para a força de trabalho", disse.

O discurso de Yellen em Chicago ocorre enquanto ela se prepara para uma série de eventos projetados para mudar as percepções dos eleitores americanos sobre a economia de Joe Biden no período que antecede as eleições.

Em Wall Street, o S&P 500 subiu 0,53%, alcançando um novo recorde de pontuação, enquanto o Dow Jones teve alta de 0,64%. O Nasdaq ganhou 0,18%.

O mercado financeiro no Brasil acompanhou o bom humor, e o dólar fechou em queda de 0,19% ante o real, a R$ 4,9223. Já o Ibovespa subiu 0,27%, a 128.169 pontos. Apesar de ser feriado na cidade de São Paulo, o mercado de câmbio e a Bolsa de Valores operam normalmente.

Os números do PIB e da inflação desta quinta surgem enquanto outros bancos centrais mundo afora avaliam quando reduzir suas taxas de juros.

O BCE (Banco Central Europeu) disse nesta quinta que manteria as taxas da zona do euro estáveis em uma máxima histórica de 4%, mas observou que a inflação estava caindo de acordo com suas expectativas, apesar de um aumento em dezembro.

Na coletiva de imprensa após a decisão, a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que o aumento da inflação europeia em dezembro foi "mais fraco do que o esperado" e previu que as pressões de preços "diminuiriam ainda mais ao longo do ano".

Com Reuters

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