Rombo nas contas do governo, tombo das ações da Gol e o que importa no mercado

Leia edição da newsletter FolhaMercado desta terça-feira (30)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta terça-feira (30). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:


Rombo de R$ 230,5 bi

O primeiro ano do governo Lula (PT) registrou um rombo de R$ 230,5 bilhões nas contas do governo central, o equivalente a 2,12% do PIB. É o pior resultado desde 2020, ano da pandemia de Covid-19.

Em números:

  • R$ 92,4 bilhões do resultado são de pagamento de precatórios, dívidas judiciais que haviam sido adiadas pela gestão de Jair Bolsonaro (PL).
  • R$ 138,1 bilhões (1,27% do PIB) seria o déficit caso fossem desconsideradas as despesas com precatórios. Ainda assim, seria o pior resultado desde 2020.
  • 1% do PIB era o déficit planejado pela equipe econômica para o primeiro ano da administração, conforme meta traçada de forma informal pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).
  • R$ 213,6 bilhões (2% do PIB) era o rombo autorizado para este ano pela LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).

↳ O que o resultado quer dizer? Que o governo gastou mais do que arrecadou no ano passado –as despesas com juros da dívida não entram no cálculo do resultado primário.

  • O dado agrega estatísticas do Tesouro Nacional, Banco Central e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

↳ O que explica o rombo? Além da regularização dos precatórios, o governo justifica a piora do fiscal em 2023 a outros efeitos extraordinários.

  • O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, aponta, entre eles, a antecipação aos governos regionais das perdas que eles tiveram com o limite às alíquotas de ICMS sobre combustíveis e energia (R$ 21 bilhões).
  • Ele também citou o aporte de R$ 6,1 bilhões no fundo para alunos do ensino médio e R$ 1,4 bilhão para capitalização no Banco do Nordeste.

↳ O que podemos esperar pela frente? A equipe econômica segue com o discurso de alcançar o déficit zero em 2024, algo que é duvidado pelo mercado e pela própria ala política do governo.


Gol tomba mais 33%

As ações da Gol fecharam o pregão desta segunda em queda de 33%. O tombo segue os desdobramentos de sua recuperação judicial e a reação ao episódio por parte dos analistas que cobrem a companhia.

  • A Gol agora tem valor de mercado de R$ 1,64 bilhão, segundo levantamento de Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria.
  • Apenas neste ano ela já viu o valor de suas ações evaporar em mais de R$ 2 bilhões.
  • Quando comparado ao período pré-pandemia, o cenário é ainda pior, já que a Gol valia R$ 15 bilhões em 2019.

O que explica a queda de ontem? Os analistas do mercado que acompanham a empresa refizeram suas estimativas sobre o papel e os efeitos que a recuperação judicial pode ter sobre os investidores.

- A preocupação principal expressa no relatório do BB Investimentos é o risco de diluição para os atuais acionistas.

↳ Apesar de considerar o processo nos EUA como uma forma de proteção para a empresa, os analistas consideram que "é concreta a possibilidade de que parte da dívida seja convertida em ações".

↳ Eles citam os títulos de dívida da Abra –controladora da Gol e da Avianca– que somam US$ 1,2 bilhão e que, caso fossem convertidos em participação acionária, iriam diluir os atuais acionistas em 60%. Eles recomendam venda para o papel, com preço-alvo de R$ 2,40.

- O Bradesco BBI calcula um cenário ainda pior, que pode levar à diluição de até 99% de quem investe na companhia, e coloca um preço-alvo de R$ 1 para os papéis.

Aval: nesta segunda, a Gol recebeu autorização da Justiça americana para obter a primeira parcela do financiamento de US$ 950 milhões na modalidade DIP (debtor in possession).

A empresa afirmou que sua dívida era de R$ 20,17 bilhões no final de dezembro.


Gasolina, diesel e gás de cozinha mais caros

Os preços da gasolina, do diesel e do botijão de gás ficarão mais caros nesta quinta (1º).

Por quê? Começam a valer em fevereiro as novas alíquotas do ICMS decididas em conjunto pelos governos estaduais no fim do ano passado.

É o primeiro aumento após a mudança do modelo de cobrança do imposto, que passou a ter alíquotas em reais por litro e não mais em percentual sobre um preço estimado dos produtos na bomba.

Em números:

  • R$ 0,15 será a alta do ICMS sobre a gasolina, que passará para R$ 1,37 por litro. O preço médio do combustível no país deve ir de R$ 5,56 para R$ 5,71 por litro.
  • R$ 0,12 será o aumento para o diesel, que deve passar dos R$ 6 por litro.
  • R$ 1,41 por quilo será o ICMS sobre o gás de cozinha, uma alta de R$ 0,16. O botijão de 13 quilos, em média, subiria de R$ 100,98 para R$ 103,6.

O aumento dos impostos ocorre num momento de queda do preço da gasolina no país, reflexo da redução das cotações do etanol anidro, que representa 27% da mistura vendida nos postos.


Elétricos depreciam mais que híbridos

A desvalorização dos carros 100% elétricos tem sido superior à dos veículos híbridos no Brasil. O cenário local repete o que acontece lá fora em meio ao período de transição energética no setor automotivo.

Veja algumas comparações feitas pela KBB Brasil (acesse a lista completa aqui):

BMW

  • iX3 (elétrico) - preço do 0km em janeiro de 23: R$ 471.580; preço do usado em dezembro de 23: R$ 405.210; desvalorização: 14,10%.
  • X3 xDrive30e (híbrido) - 0 km em jan.23: R$ 395.960; usado em dez.23: R$ 375.440; desvalorização: 5,2%.

Volvo

  • XC40 Recharge Plus (elétrico) - 0km em jan. 23: R$ 328.300; usado em dez. 23: R$ 288.744; desvalorização: 12,10%.
  • XC60 Excellence T8 (híbrido) - 0km em jan. 23: R$ 437.750; usado em dez. 23: R$ 402.250; desvalorização: 8,1%.

BYD

  • TAN (elétrico) - 0 km em jan. 23: R$ 527.241; usado em dez. 23: R$ 425.690; desvalorização: 19,3%.
  • Song Plus (híbrido) - 0 km em jan. 23: R$ 268.640; usado em dez. 23: R$ 226.710; desvalorização: 15,60%.

O que explica a desvalorização dos elétricos, segundo o setor:

↳ Baixa adesão: por causa do preço, os elétricos ainda são ampla minoria entre os veículos comprados por brasileiros. A prova de fogo pode vir neste ano, quando os chineses BYD Dolphin e GWM Ora 3, comercializados por R$ 150 mil, completarem seu primeiro ano de vendas.

↳ Descontos: o barateamento desses veículos gera um impacto em todo o mercado, inclusive nos usados;

Evolução da tecnologia: os novos carros entregam maior autonomia e desempenho, e as gerações anteriores acabam ficando para trás.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.