Bradesco perde R$ 24,1 bi em um dia, novo capítulo da disputa entre Paper e J&F e o que importa no mercado

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São Paulo

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O que deu errado no Bradesco

O Bradesco perdeu R$ 24,1 bilhões em valor de mercado nesta quarta, dia em que o banco divulgou seu balanço e detalhou um plano de recuperação para os próximos anos –as duas coisas desagradaram aos investidores.

A reação negativa do mercado, com tombo de 15,9% das ações preferenciais e de 13,02% das ordinárias, ilustra o tamanho do desafio que Marcelo Noronha, novo CEO do banco, terá pela frente.

Ele assumiu o cargo em novembro, no lugar de Octavio de Lazari Junior, que ficou no comando da instituição por seis anos.

Ações do Bradesco caíram 15,9% no pregão de quarta - Dado Ruvic/REUTERS


O que explica a reação do mercado:

↳ No balanço
, o banco registrou lucro líquido de R$ 16,297 bilhões em 2023, um queda de 21,2% ante 2022 –ano em que já havia recuado 21%.

  • O resultado veio abaixo das estimativas do mercado (R$ 18,09 bilhões) e teve como destaques negativos a queda na rentabilidade –a pior desde, pelo menos, 2007– e a alta inadimplência –que, apesar de ter caído, é maior que a dos rivais.
  • O banco tem maior exposição ao público de baixa renda, considerado de maior risco e cuja inadimplência tende a aumentar em ciclos de alta de juros.

↳ No plano de reestruturação, a visão dos analistas é de que a recuperação das margens do banco vai demorar para acontecer. O próprio Noronha confirmou que 2024 será um ano de transição, e os primeiros resultados devem vir só no ano que vem.

Como o Bradesco planeja se recuperar:

  • Corte de custos: eliminação de cargos executivos intermediários entre diretoria e presidência.
  • Digitalização: contratação de 3 mil a 4 mil novos funcionários que serão voltados para a estrutura digital do banco, também com o objetivo de diminuir custos operacionais.
  • Redução de riscos: o banco trabalha para calibrar melhor sua análise de crédito e, dessa forma, reduzir sua taxa de inadimplência sem cortar a oferta de empréstimos.

No blog De Grão em Grão, Michael Viriato escreve que perda dos acionistas do Bradesco nos últimos 13 anos é 5 vezes superior à desvalorização de ontem.


Novo capítulo da disputa entre Paper e J&F

O MPF pediu à Justiça a anulação do acordo de 2017 que transfere o controle da Eldorado, empresa de celulose e papel da J&F, para a Paper Excellence.

A Procuradoria citou a lei de restrições à propriedade de terras por estrangeiros e mencionou preocupações com "soberania" e "segurança nacional", de acordo com a agência Reuters.

Em dezembro, o Incra emitiu uma nota técnica dizendo que o acordo daria à Paper o controle de 14.486 hectares de terras rurais pertencentes à Eldorado e que ela precisaria pedir ao Congresso Nacional aval para tal aquisição.

O que diz a Paper: que adquiriu um complexo industrial de celulose e que "não tem interesse em comprar ou explorar terras rurais no Brasil".

O que diz a J&F: que está pronta para cumprir a recomendação do Incra e devolver R$ 3,77 bilhões à Paper Excellence em troca de uma participação de 49,41% na Eldorado.

Os últimos acontecimentos são novos episódios de uma das maiores disputas judiciais corporativas em curso no Brasil. Ela envolveu acusações de extorsão, roubo de emails, espionagem e hackeamento de servidores.

De um lado está a Paper, de origem canadense e malaia, de propriedade do bilionário indonésio Jackson Wijaya. Do outro a J&F, holding dos irmãos Batista.

Entenda: o acordo para a Paper comprar da J&F a Eldorado por R$ 15 bilhões foi fechado em setembro de 2017.

  • Após resolver pendências da empresa com fundos de pensão, estatais e fazer parte do pagamento pela compra, a companhia estrangeira ficou com 49,41% das ações.
  • Ela tinha um ano para liberar as garantias dadas pelos Batista em dívidas da Eldorado e ficar com os 50,59% restantes.
  • A J&F alega que a rival não cumpriu o combinado e perdeu o prazo para liberar as garantias.
  • Para a Paper, a holding não colaborou com as negociações (quebrando regra do contrato) e deliberadamente trabalhou para atrapalhar a concretização do negócio.

iPhone dobrável?

A Apple retomou os planos de lançar um smartphone com tela que dobra, publicou o site Information nesta terça.

Mas não espere a novidade para um futuro próximo. A empresa ainda tenta encontrar um modelo que encaixe em seus padrões de qualidade e não deve fabricar o dispositivo para o público pelo menos nos próximos dois anos.

O que se sabe:

  • A Apple procurou pelo menos um fabricante na Ásia atrás de componentes para iPhones dobráveis de tamanhos diferentes;
  • Os engenheiros da companhia tiveram dificuldades com o design porque o dispositivo pode quebrar facilmente;
  • A ideia é desenvolver um smartphone tão fino quanto os modelos atuais do iPhone, mas ela esbarra no tamanho de bateria e em alguns componentes de tela.

Não é a primeira vez que a maior fabricante de celulares do mundo pensa em fabricar modelos dobráveis. Os primeiros planos surgiram em 2018, mas eles foram suspensos em meio a dificuldades de design e dúvidas sobre sua durabilidade.

Desde então, porém, os lançamentos da Samsung –versões Fold e Flip– ajudaram a aumentar a credibilidade sobre esses modelos e trouxeram outras fabricantes para o mercado. Entre elas, estão o Google a as chinesas Huawei e Oppo.

Em números:

  • 21 milhões de celulares dobráveis foram vendidos em 2023, segundo o grupo de pesquisa IDC.
  • 48 milhões de unidades é a projeção do instituto para esses modelos em 2027.

União de gigantes

ESPN, Fox e Warner Discovery anunciaram que irão lançar uma plataforma conjunta de streaming esportivo para os consumidores dos EUA.

Juntas, elas detêm os direitos de transmissão das principais modalidades do país, como a maioria dos jogos da NFL (futebol americano), NBA (basquete), MLB (beisebol) e NHL (hóquei) e dos esportes universitários.

  • Também estão no catálogo a Fórmula 1, a Copa do Mundo de 2026, três dos quatro principais torneios de tênis e o circuito de golfe.

Os impactos da nova plataforma…

↳ Para os consumidores: ficará mais fácil encontrar onde um jogo está sendo transmitido, além de pagar por apenas um serviço de streaming. O preço de assinatura, porém, não será barato.

↳ Para as ligas esportivas: o trio terá um poder maior para negociar a renovação dos direitos –que hoje funcionam em uma espécie de leilão entre diferentes canais.

↳ Para a TV a cabo: é a maior ameaçada pelo negócio. O principal atrativo do modelo é justamente a integração de transmissões esportivas em um só lugar.

O que o Brasil tem a ver com isso? Por mais que a integração seja no primeiro momento apenas para os consumidores americanos, o modelo de negócio pode ser replicado por aqui.

A "divisão" de campeonatos que é comum por lá também já acontece aqui. São exemplos a Copa do Brasil (direitos divididos entre Globo e Amazon) e campeonatos estaduais (TV aberta, fechada e YouTube).

Por falar nisso… A Globo fechou nesta quarta a compra dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro dos clubes da Libra (Liga do Futebol Brasileiro) de 2025 a 2029.

Falta um acordo com os clubes da LFF (Liga Forte Futebol), mas ainda não houve proposta formal. Explicamos aqui por que duas ligas disputam os direitos do Brasileirão no país.

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