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Em ano de baixa oferta global, cultivo de laranja abre mais vagas em 2023

Com mecanização reduzida em relação a outras culturas agrícolas, setor ainda gera muitos postos de trabalho na colheita em SP e MG

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Ribeirão Preto

Apesar da escassez hídrica que contribuiu para a previsão de queda na atual safra de laranja, a citricultura brasileira fechou 2023 com crescimento no total de empregos, aponta levantamento da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos).

Produzido a partir de dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, o levantamento mostra que as atividades que envolvem a colheita da laranja foram responsáveis por 54.232 contratações no ano passado, aumento de 8,1% em relação aos 50.178 empregos gerados no ano anterior. Já o saldo –diferença entre as contratações e demissões– foi positivo em 1.988 vagas de trabalho.

Imagem mostra pomar de laranjas no interior de São Paulo, estado que gerou mais postos de trabalho no setor em 2023
Pomar de laranjas no interior de São Paulo, estado que gerou mais postos de trabalho no setor em 2023 - Divulgação/Fundecitrus

Cultura marcada pelo baixo índice de mecanização em relação a outras atividades –como cana-de-açúcar e grãos, por exemplo–, a citricultura ainda depende muito da mão de obra no processo de colheita da fruta.

Isso ocorre, na avaliação do diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, porque a atividade tem como particularidade a existência de múltiplas floradas.

"Isso significa que numa mesma árvore há frutas com diferentes pontos de maturação. Isso praticamente inviabiliza a colheita mecanizada num sistema de ‘fingers’, nos quais o equipamento derruba as frutas sem diferenciar o que está maduro ou não", afirmou.

Há, ainda conforme ele, um grande interesse da cadeia produtiva em desenvolver uma tecnologia adequada para a citricultura e há grupos de trabalho que procuram soluções.

O Brasil é o principal fornecedor de suco de laranja no mundo, mas enfrenta a quarta safra seguida com produções pequenas ou abaixo do esperado.

Entre maio e novembro do ano passado, a precipitação média nas principais regiões produtoras foi de 427 milímetros, 13% abaixo da média histórica de 1991 a 2020, mas há locais em que o total foi bem abaixo disso.

No último dia 9, o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) publicou sua terceira reestimativa da safra 2023/24 no cinturão citrícola formado pelo interior paulista e Triângulo/Sudoeste Mineiro, que manteve projeção de produção de 307,22 milhões de caixas (de 40,8 kg cada).

Isso representa 2,12 milhões de caixas da fruta a menos que a projeção inicial, feita em maio do ano passado.

Pode parecer pouco —redução de 0,7%—, mas justamente por ser maior produtor global, qualquer oscilação interna preocupa outros países. Na safra 2022/23, o órgão estimou 316,95 milhões de caixas.

"A oferta de suco de laranja no mundo continua restrita. A safra da Flórida [EUA] parece ter se estabilizado num nível muito baixo, abaixo de 20 milhões de caixas. O México, que até 2019 vinha num ritmo de crescimento importante, passa a ter de lidar com os efeitos do greening, além de dificuldades com o clima. Quando olhamos o cenário global, nada aponta para uma mudança rápida no eixo da oferta", disse o diretor-executivo.

Para a CitrusBR, além da questão da mão de obra necessária por conta da baixa mecanização na colheita, o crescimento na oferta de empregos está associado justamente à questão das várias floradas —que exige a contratação de funcionários em vários períodos do ano—, mas também a fatores como a rotatividade de empregados. A safra da laranja é longa se comparada a outras, e dura em média de oito a nove meses.

No cálculo da associação entram atividades como preparação de terreno, cultivo, colheita, pulverização, controle de pragas agrícolas como o greening, podas, plantio, transplante de mudas e operação com equipamentos de irrigação, entre outros.

O cinturão citrícola formado pelo interior paulista e as duas regiões mineiras compreende 87% das contratações na citricultura no ano passado. Das 54.232 contratações do país, 41.357 postos foram contabilizados em São Paulo. Minas gerou 5.685 contratações.

Sobre o cenário previsto para o decorrer deste ano, o setor aguarda a estimativa da safra 2024/25, a ser divulgada em maio pelo Fundecitrus.

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