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Febre da energia solar em telhados esfria na ensolarada Espanha

Preço mais baixo da energia e o aperto nos orçamentos das famílias diminuem procura por painéis solares

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Pietro Lombardi
Madri | Reuters

O número de espanhóis que instalaram painéis solares em suas casas caiu no ano passado, o primeiro declínio desde 2018, à medida que o impacto dos subsídios diminuiu, enquanto a perspectiva para este ano é de estabilidade.

Os analistas disseram que os preços mais baixos da energia e o aperto nos orçamentos das famílias causado pela inflação começaram a minar o entusiasmo pela energia solar em toda a Europa, mas o impacto é particularmente acentuado na Espanha, um mercado relativamente imaturo para a energia solar em telhados.

Quase 112 mil residências espanholas instalaram energia solar em 2023, cerca de metade do nível recorde de 2022, de acordo com a associação renovável APPA.

Casa com painel solar no telhado na cidade de Ronda, na Espanha
Casa com painel solar no telhado na cidade de Ronda, na Espanha - Jon Nazca/Reuters

Embora seja um dos países mais ensolarados da Europa e líder em energia renovável, a Espanha está atrás de outros países no continente em energia solar, principalmente da Alemanha, que é líder na Europa.

O segmento começou a ganhar terreno depois que a Espanha, em 2018, eliminou uma taxa impopular, conhecida como imposto do sol, como parte das medidas para reduzir as contas de luz. A taxa sobre a energia solar afetava as residências e as pequenas empresas.

Christophe Lits, analista de mercado da associação europeia do setor SolarPower Europe, disse que a demanda caiu de forma especialmente acentuada na Espanha porque o mercado era menos maduro e "flutuaria mais devido a choques externos".

Madri destinou mais de 2 bilhões de euros (cerca de R$ 10,6 bilhões) dos fundos de recuperação pós-pandemia da União Europeia para instalações solares, armazenamento de energia e sistemas domésticos de aquecimento renovável. Além disso, muitas autoridades locais oferecem incentivos fiscais para painéis solares.

"Tivemos em 2022 um mercado dopado com subsídios, a guerra na Ucrânia e a instabilidade do mercado", disse Javier Dominguez, diretor técnico da empresa espanhola de sistemas de energia renovável Cambio Energetico. "Em 2023, houve uma ressaca disso."

Lucia Varela, diretora de autoconsumo e comunidades de energia do grupo industrial solar UNEF, disse que o declínio na demanda das residências era esperado quando as pessoas parassem de perceber os preços da energia tão altos quanto durante o choque de preços de 2022 causado pela interrupção do mercado ligada à guerra da Rússia na Ucrânia.

Para o setor, no entanto, ela disse que a extensão do declínio das instalações nas residências das pessoas era preocupante e que talvez fosse necessário buscar novas formas de instalações, atendendo a grupos de residências ou comunidades.

O setor industrial também instalou menos energia solar em 2023, embora o declínio tenha sido menor. No geral, foram adicionados cerca de 1,9 gigawatt (GW) de capacidade, 27% a menos do que em 2022, mas bem acima do desempenho de 2021, mostram os números da APPA.

A capacidade total instalada de energia solar em telhados da Espanha no final do ano passado era um quinto da capacidade da Alemanha e cerca de metade da capacidade da Itália, mostram os dados da SolarPower Europe.

"O setor está 15 anos atrasado devido ao imposto solar", afirmou Christopher Cederskog, executivo-chefe do fornecedor de energia solar Sunhero.

Ele também disse que atrasos nos pagamentos de subsídios prejudicaram a percepção pública do setor.

O perigo, segundo ele, é que os mais pobres, que seriam os mais beneficiados pela energia mais barata, não se sintam capazes de arriscar o gasto inicial.

Um sistema doméstico médio custa cerca de 7.000 euros (R$ 37,3 mil), de acordo com a APPA. Com base nos preços de energia do ano passado, esse investimento seria recuperado em sete anos, mesmo sem o apoio do governo.

O tempo médio de espera pelos subsídios é de cerca de um ano, segundo Varela, da UNEF, e em alguns casos chega perto de dois anos.

O ministério da energia transfere fundos para os governos regionais para implementar o esquema, que deve estar em conformidade com as rigorosas regras da Comissão Europeia, disse um porta-voz, acrescentando que cerca de 44% dos fundos alocados foram desembolsados.

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