Sob Milei, Argentina deve ter inflação mais alta do mundo em 2024, diz OCDE

Taxa de aumento de preços atingirá 250% no país este ano, estima a OCDE

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Paris | AFP

A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) revisou significativamente para cima sua previsão de inflação para a Argentina, para 250,6% este ano, em comparação com os 157,1% projetados em novembro, seguindo as primeiras medidas adotadas pelo presidente ultraliberal, Javier Milei.

A essa taxa, a economia argentina deve apresentar a maior inflação do mundo, à frente da Turquia (com inflação projetada na casa dos 50%), segundo as estimativas da OCDE divulgadas nesta segunda-feira (5).

"A inflação geral acelerou no final de 2023, o que implica um forte efeito de arrasto para a inflação média anual em 2024", estimou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, sediada em Paris.

Presidente argentino Javier Milei comparece a evento em memória das vítimas judias do nazismo, no Museu do Holocausto de Buenos Aires. Milei veste paletó, camisa azul e gravata escura
Presidente argentino Javier Milei comparece a evento em memória das vítimas judias do nazismo, no Museu do Holocausto de Buenos Aires - Agustin Marcarian/Reuters

"A inflação mensal disparou para 25,5% em dezembro de 2023 e espera-se que se mantenha em níveis semelhantes em janeiro. Isso explica a forte revisão para cima", explicou Jens Arnold, chefe do departamento de Economia da organização.

Desde que assumiu o cargo há menos de dois meses, Milei desvalorizou o peso em 50%, iniciou um processo de liberação de preços e pretende modificar centenas de normas e leis para tentar reverter uma crise que mantém mais de 45% dos argentinos na pobreza.

O Congresso argentino está atualmente debatendo este polêmico pacote de reformas ultraliberais.

"Prevê-se que a alta inflação e o considerável ajuste fiscal provoquem uma queda do PIB na Argentina em 2024, antes que o crescimento se recupere em 2025, quando as reformas começarem a surtir efeito", afirma o relatório trimestral da OCDE.

A organização prevê uma recessão mais forte este ano, com uma contração do PIB de 2,3%, em comparação com os 1,3% projetados em novembro.

Em 2025, a Argentina voltaria a crescer, com uma expansão do PIB de 2,6%, sete décimos acima da previsão anterior. Nesse ano, a inflação seria de 64,7%, segundo a organização econômica.

"As políticas macroeconômicas da Argentina estão seguindo um caminho positivo em direção à estabilização e à redução dos desequilíbrios acumulados, mas ao longo desse caminho, as coisas estão piorando antes de melhorar", apontou Arnold.

Após assumir o poder, Milei, um economista de 53 anos, alertou que a situação pioraria na terceira maior economia da América Latina inicialmente com uma "estagflação", ou seja, uma combinação de estagnação com alta inflação em 2024.

Na quarta-feira (31), a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, avaliou que o governo argentino "está tomando medidas audaciosas para restabelecer a estabilidade macroeconômica".

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