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Bolsa e dólar fecham em alta, com exterior e balanços corporativos em foco

Investidores repercutem novas falas do presidente do BC dos EUA, que minimizou chances de cortes iminentes de juros

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São Paulo | Reuters

A Bolsa fechou em alta de 0,32%, aos 127.592,38 pontos, nesta segunda-feira (5), com foco no noticiário corporativo doméstico e nas novas falas de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).

Já o dólar, que chegou a bater R$ 5,019 às 12h18, desacelerou alta para 0,27%, cotado a R$ 4,981 no final da sessão.

Mulher tira foto do painel eletrônico do mercado acionário paulista, na sede da B3
Mulher tira foto do painel eletrônico do mercado acionário paulista, na sede da B3 - Amanda Perobelli/Reuters

A semana começou com investidores digerindo as falas de Powell, que minimizou as chances de cortes iminentes de juros nas próximas reuniões de política monetária do Fed.

No programa "60 Minutes" da CBS, no domingo, ele afirmou que o BC deve ser "prudente" ao decidir quando reduzir a taxa básica de juros.

"A atitude prudente a ser tomada é dar um tempo e verificar se os dados confirmam que a inflação está caindo para 2% de forma sustentável. Queremos abordar essa questão com cuidado", disse.

Os operadores também pesaram os dados surpreendentes do payroll dos EUA, divulgados na sexta. A economia norte-americana abriu 353 mil vagas de trabalho no mês passado, superando todas as expectativas: a mediana das projeções dos economistas consultados pela Reuters previa abertura de 180 mil postos de trabalho em janeiro, com as projeções variando de 120 mil a 290 mil.

"Investidores ainda refletindo o 'payroll' surpreendente de sexta e a fala de Powell ontem, de que o início dos cortes de juros não deve acontecer em março, o que leva à nova disparada das taxas de juros e a alta dos juros beneficia o dólar", disse Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

Na esteira desses dados e dos comentários de Powell, probabilidades implícitas em contratos de juros futuros dos EUA passaram a mostrar apenas 15,5% de chance de um corte de taxa pelo Fed em março —cenário que, no final do ano passado, era visto como praticamente garantido.

Quanto mais tarde o Fed começar a reduzir os juros, mais o dólar tende a se beneficiar, já que investimentos de renda fixa denominados na moeda ficam mais atraentes em termos de rentabilidade.

O pico do dólar a R$ 5,019, visto nesta tarde, foi impulsionado também pela divulgação do PMI de serviços dos EUA, que aumentou de 50,5 em dezembro para 53,4 em janeiro, ante expectativa de 52,0. Leituras acima de 50 indicam expansão da atividade. Os dados reforçaram que o corte de juros nos EUA não será imediato, fortalecendo a moeda em relação às demais divisas.

A Bolsa caiu no mesmo horário que o dólar engatou forte alta, puxada pela alta dos investimentos em renda fixa nos EUA, os chamados Treasuries.

Aqui, a expectativa em torno dos balanços corporativos de bancos amorteceram o peso vindo do exterior. Entre as altas, Bradesco (2,02%) e Itaú (1,89%) tinham destaque.

Petrobras também fechou no positivo, a 0,44%, seguindo os preços do barril de petróleo tipo Brent no exterior.

Entre as quedas, os papéis da Vale foram novamente afetados pela queda do minério de ferro na China. A mineradora caiu 0,86%, também em meio à cautela persistente dos investidores quanto ao setor imobiliário chinês.

Além disso, Arezzo e Grupo Soma dominaram as atenções na cena corporativa. As duas companhias formalizaram o acordo que deve formar a maior gigante do varejo de moda brasileiro, com faturamento de R$ 12 bilhões.

Pela manhã, os papéis das varejistas lideraram as altas do Ibovespa. À tarde, contudo, passaram a registrar queda firme após os executivos das empresas explicarem, em coletiva de imprensa, como se darão os negócios depois da fusão. Soma teve a maior queda do pregão, a 6,74%, enquanto a Arezzo fechou com recuo de 5,59%.

Segundo Alexandre Birman, CEO da Arezzo&Co, o primeiro ano após a aquisição do Grupo Soma será focado na reorganização da empresa e na identificação de sinergias. A expectativa é que a nova companhia comece a crescer em receita a partir do ano que vem.

Os acionistas da calçadista serão titulares de 54% de participação, e os restantes 46% serão do Grupo Soma.

Os contratos de juros futuros fecharam em alta, em sintonia com o avanço dos rendimentos dos Treasuries. A taxa de curto prazo, para janeiro de 2026, estava em 9,715% ao final da tarde, ante 9,701% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 9,88%, ante 9,864%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,14%, ante 10,123%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,56%, ante 10,545%.

A agenda do Congresso Nacional deve ser destaque ao longo dos próximos dias, já que os parlamentares retomam suas atividades nesta segunda-feira após recesso.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido), disse nesta segunda-feira, em entrevista à GloboNews, que o governo está disposto a discutir a reoneração da folha de pagamentos de 17 setores por projeto de lei, em meio a uma disputa entre a equipe econômica e o Legislativo sobre o tema.

A semana trará ainda a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e os dados de janeiro do IPCA.

Na última sessão, na sexta-feira, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,966 na venda, em alta de 1,04%. A Bolsa subiu 0,57%, a 128.481 pontos.

(Com Reuters)

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