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Após ser vilã em 2023, passagem aérea ajuda a conter alta do IPCA

Preço dos bilhetes recua 24,29% neste ano, a segunda maior queda entre os produtos analisados pelo IBGE

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São Paulo

Os preços das passagens aéreas estão arrefecendo em 2024, após uma alta de 47,3% no ano passado que fez com que o produto fosse o terceiro com maior alta no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2023.

Após recuar 15,22% em janeiro e 10,71% em fevereiro, o produto acumula recuo de 24,29% neste ano. É a segunda maior queda de preços em 2024 entre os produtos analisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), atrás apenas do limão, que caiu 27,4% no período.

 Avião pousando no aeroporto de Congonhas, em São Paulo
Avião pousando no aeroporto de Congonhas, em São Paulo - Bruno Santos/ Folhapress

Com o recuo, a passagem aérea foi o subitem no mês passado que mais teve impacto negativo sobre o IPCA, ou seja, o que mais contribuiu para conter a alta no índice. A inflação oficial do Brasil acelerou de 0,42 em janeiro para 0,83% em fevereiro, segundo dados do IBGE divulgados nesta terça-feira (12).

O dado ficou acima da mediana das projeções levantadas pela Bloomberg. O consenso do mercado era de uma inflação a 0,79%.

Segundo André Almeida, gerente da pesquisa do IPCA, a queda nas passagens aéreas pode ser explicada pela base de comparação, já que houve no ano passado um movimento de alta muito expressiva nos preços desse produto. Somente nos últimos quatro meses de 2023, os bilhetes subiram mais de 80%.

"Então, no comparativo caiu, mas os preços ainda não retornaram ao patamar anterior", afirma.

Ele diz que o recuo deste ano também pode ser explicado pelos últimos cortes nos preços do QAV (querosene de aviação). No dia 1º de fevereiro, por exemplo, a Petrobras anunciou queda de 0,4% no preço do combustível.

Segundo Enrico Cozzolino, sócio e diretor de análise da Levante Investimentos, esse ponto é importante, já que hoje o QAV é responsável por cerca de 40% das despesas das companhias aéreas locais.

No entanto, o analista ressalta que os custos extravasam essa porcentagem e consomem boa parte da receita das aéreas. Para baratear as passagens, portanto, seria necessário subsídios do governo, defende ele.

"Tem um projeto aí em discussão de R$ 6 bilhões, e a gente pode talvez nesse sentido ver uma queda nos preços continuando ao longo do ano. Mas não seria algo que eu colocaria na conta", diz Cozzolino.

"Se houver melhora nas condições econômicas, se as commodities baratearem, como o petróleo e consequentemente o querosene de aviação, a gente pode ver repasse nos preços. Mas neste momento, apesar dessa queda inicial, eu não projeto continuidade de diminuição de preço."

Procurada pela Folha, a Latam disse que os preços das passagens aéreas são dinâmicos, sazonais e sofrem a interferência de diversos fatores no curto prazo, como antecedência da compra, preço do combustível, demanda pela rota, câmbio, data e destino do voo, entre outros.

No médio e longo prazo, contudo, a companhia aérea disse acreditar que "o aumento da oferta de assentos e a redução do custo estrutural da aviação brasileira são as ações necessárias para equilibrar o preço da passagem aérea".

Gol e Latam também foram consultadas, mas não se posicionaram.

No começo de março, a Petrobras subiu o preço do QAV em até 8,5%. Questionado se essa alta pode voltar a encarecer as passagens aérea, Almeida, do IBGE, diz que não necessariamente há uma relação direta.

"Tem que ver como isso vai se comportar para o consumidor final. Às vezes, as companhias demoram para repassar os preços", afirma.

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