Descrição de chapéu Financial Times União Europeia

Aviação não atingirá meta de emissão zero até 2050, diz ex-chefe de aeroporto em Amsterdã

Entidade que representa aeroportos na União Europeia diz que vem fazendo esforços para alcançar o objetivo

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Philip Georgiadis
Londres | Financial Times

A indústria da aviação não deve atingir sua meta de alcançar emissões zero de carbono até 2050, de acordo com o ex-chefe do aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, um dos mais movimentados da Europa.

Ruud Sondag disse que temia que os governos na Europa interviessem para limitar o crescimento da indústria por meio de impostos mais altos ou limites de voos, a menos que melhorasse seu registro ambiental.

"Acho importante afirmar que os planos que a própria indústria da aviação tem, muito provavelmente não levarão ao resultado para o qual todos nos inscrevemos no acordo de Paris", afirmou Sondag em entrevista ao Financial Times.

Avião decola no aeroporto de Schiphol, em Amsterdã
Aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, é um dos mais movimentados da Europa - Piroschka van de Wouw/Reuters

"Acho que há um risco de que, se você não fizer nada a respeito, políticos ou juízes interfiram", disse ele. "A longo prazo, você perderá sua licença para operar."

Em 2015, no acordo de Paris, os países se comprometeram a limitar o aumento da temperatura global para bem abaixo de 2°C e idealmente para 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, levando as indústrias a apresentarem seus planos para descarbonizar.

As companhias aéreas e aeroportos europeus concordaram em 2021 em alcançar emissões líquidas zero até 2050 em um roteiro detalhado que delineava como a indústria acreditava que poderia alavancar novas tecnologias, como combustíveis mais limpos, para descarbonizar enquanto mantinha o crescimento.

Entrevistado antes de deixar o cargo de chefe de Schiphol no início deste mês, Sondag se destaca como um dos poucos executivos do setor a duvidar publicamente dessas metas ambientais e aceitar a possibilidade de reduzir o crescimento para cortar as emissões.

Precisamos fazer algo. E se isso for uma paralisação [no crescimento das viagens aéreas] por enquanto, OK, é isso um grande problema

Ruud Sondag

ex-chefe do aeroporto de Schiphol, em Amsterdã

"Acho essencial para a sociedade que você possa voar. Mas a aceitação social, se não estiver presente, especialmente aqui nesta área densamente povoada, você terá um problema", avaliou Sondag.

Laurent Donceel, diretor-gerente adjunto da Airlines for Europe, o grupo de lobby do setor na União Europeia, disse que a aviação "cumprirá totalmente sua parte" em contribuir para as metas climáticas da Europa.

Ele disse que as companhias aéreas estão focadas em tecnologias, incluindo novos combustíveis ou aeronaves mais eficientes, mas disse que medidas como precificação de carbono e esquemas de compensação "preencheriam quaisquer lacunas" e garantiriam que a indústria atingisse emissão zero.

A ACI Europe, que representa os aeroportos da região, informou que seus membros fizeram "esforços tremendos e sistêmicos" para reduzir suas próprias emissões de carbono. A entidade acrescentou que a Comissão Europeia, até o momento, não sugeriu diminuir voos para que seja necessário para a indústria atingir emissões líquidas zero.

O aeoporto de Schiphol, que é estatal, apresentou um plano para reduzir pequenas partes de seus negócios, incluindo a proibição de jatos particulares, voos noturnos e os aviões mais barulhentos, em resposta a reclamações de ruído e poluição.

O governo holandês também tentou impor um limite para reduzir o número de voos em Schiphol. Ele paralisou esses planos em novembro, após ceder à pressão das companhias aéreas, da UE e do governo dos EUA, que alertaram sobre um impacto na concorrência.

Uma grande parte do plano de emissão zero das companhias aéreas europeias é baseada na mudança para os chamados combustíveis de aviação sustentáveis (SAFs), feitos a partir de matérias-primas que não sejam combustíveis fósseis.

Mas esses novos combustíveis são caros e escassos, levando grupos ambientais a afirmar que uma redução substancial nos voos será a única maneira para a indústria descarbonizar.

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