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Mercedes testa robôs humanoides para tarefas 'exigentes e repetitivas'

Montadora afirma enfrentar cada vez mais dificuldades para encontrar "trabalhadores confiáveis"

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Peter Campbell
Estugarda, na Alemanha | Financial Times

A Mercedes-Benz está testando robôs humanoides para tarefas "exigentes e repetitivas" em uma de suas fábricas, já que a montadora está encontrando cada vez mais dificuldade em encontrar trabalhadores confiáveis.

Com 1,73 metros de altura e pesando 72,5 quilos, os robôs Apollo, do grupo texano Apptronik, serão usados para entregar peças nas linhas de montagem de carros, bem como para realizar inspeções de qualidade. Cada modelo pode levantar até 25 quilos.

Mercedes testa robôs semelhantes aos humanos para tarefas “exigentes e repetitivas” - Apptronik, via LinkedIn

Enquanto o uso de grandes braços mecânicos para realizar funções como levantar carros inteiros ou instalar algumas peças é comum na indústria automobilística, esta é uma das primeiras vezes que robôs com aparência humana são utilizados.

Eles permitem que as montadoras aumentem a automação nas fábricas sem fazer mudanças caras em seu layout, pois os robôs podem andar por espaços projetados para pessoas.

O objetivo é realizar "tarefas fisicamente exigentes, repetitivas e monótonas para as quais está cada vez mais difícil encontrar trabalhadores confiáveis", disse a Mercedes.

A concorrente BMW começou a testar alguns autômatos em uma de suas fábricas, assim como a startup chinesa Nio, enquanto a Tesla também afirmou que construirá robôs para uso em fábricas. No início deste mês, Elon Musk postou um vídeo de seus modelos Optimus andando cuidadosamente por uma planta, realizando algumas funções simples, como dobrar uma camiseta.

O teste da Mercedes está sendo realizado na Hungria, um país que enfrenta escassez de mão de obra para empregos na indústria automobilística, e onde os sindicatos são menos vocais do que na Alemanha.

"Teremos que convencer os trabalhadores e a gerência", disse o chefe de produção da Mercedes, Jörg Burzer, mostrando um clipe de um funcionário apertando a mão do novo colega robotizado.

Ao dar os primeiros passos para lançar os modelos, ele faz questão de enfatizar que os robôs não substituirão todos os trabalhadores da fábrica.

"Para os carros que produzimos, você precisa de trabalhadores, trabalhadores de primeira classe para dominar a complexidade, para construir esses carros maravilhosos", acrescentou.

A Mercedes e a Apptronik, braço do Human Centered Robotics Lab da Universidade do Texas, planejam trabalhar em outras aplicações potenciais para as máquinas por meio de sua parceria.

Jeff Cardenas, co-fundador e diretor executivo da Apptronik, disse: "Quando começamos a construir o Apollo, um acordo como o que estamos anunciando hoje com a Mercedes-Benz era um cenário dos sonhos. A Mercedes planeja usar a robótica e o Apollo para automatizar parte do trabalho manual de baixa habilidade e fisicamente desafiador —um caso de uso modelo que veremos outras organizações replicarem nos próximos meses e anos."

Substituir trabalhadores caros por alternativas robóticas pode parecer uma maneira atraente de reduzir gastos e melhorar a qualidade em fábricas automobilísticas modernas e complexas que têm pouca tolerância a erros.

No entanto, não há garantia de sucesso. Durante a rampa de produção às vezes caótica do Tesla Model 3 em 2017, a montadora tentou substituir o máximo possível de trabalhadores por braços robóticos, apenas para retirá-los e reintegrar funções manuais para muitos dos processos.

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