Biden prepara limites rígidos para emissões do setor automotivo, mirando aumentar frota elétrica

Regulamentação climática é vista como uma das mais importantes do governo, mas corrida eleitoral cria desafios com fabricantes de carros a combustão

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Bloomberg

O governo de Joe Biden está se preparando para implementar os limites mais rígidos de todos os tempos para a poluição causada por carros e caminhões leves dos Estados Unidos, depois de fazer mudanças que provavelmente apaziguarão algumas montadoras.

Os limites para emissões de carbono, a serem finalizados pela EPA (Agência de Proteção Ambiental, na sigla em inglês) nos próximos dias, podem impulsionar as vendas de veículos elétricos para muito além dos níveis atuais.

A projeção é que, para atender às restrições propostas, os modelos elétricos precisariam representar cerca de dois terços das vendas de carros e caminhonetes em 2032, ante menos de um décimo no ano passado.

Carros em rodovia de Berkeley, Califórnia - Justin Sullivan/Getty Images/AFP

A medida, que estabelece limites para a poluição formadora de neblina de fumaça em grandes cidades, fuligem e emissões de dióxido de carbono, é vista como uma das regulamentações climáticas mais importantes impostas pelo governo Biden.

É também fundamental para ajudar os EUA a cumprir o compromisso de reduzir para metade, pelo menos, as emissões de gases de efeito de estufa do país até 2030, firmado no Acordo de Paris. O setor de transportes é, atualmente, a maior fonte de poluição que provoca o aquecimento do planeta nos EUA.

"Os carros e caminhões leves representam cerca de 20% da pegada de carbono", disse Manish Bapna, chefe do Fundo de Ação de Defesa dos Recursos Naturais. Cortar isso é "absolutamente essencial para um progresso real e concreto".

No entanto, o regulamento exige medidas delicadas de equilíbrio para Biden, que, em meio à campanha pela reeleição, mira eleitores no estado indeciso de Michigan, incluindo trabalhadores do setor de automóveis preocupados com uma transição demasiadamente rápida para os veículos elétricos.

Os fabricantes de automóveis dos EUA alertaram que a proposta inicial não era viável, com a penetração da frota elétrica ainda dependente da instalação de estações de carregamento e de outros fatores fora do controle da indústria.

Os próximos anos serão "absolutamente críticos" para o desenvolvimento dessa infraestrutura, disse John Bozzella, chefe da Aliança para a Inovação Automotiva. "É apropriado que os formuladores de políticas e os reguladores se concentrem não apenas no ponto final, mas também em como serão os próximos três ou quatro anos."

Em resposta, a EPA planeja adotar normas para reduções de emissões menos rigorosas ano após ano no curto prazo, ao mesmo tempo que atinge essencialmente a mesma meta para 2032, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que pediram para não serem identificadas.

Isso poderia tornar as normas mais fáceis de cumprir, mas às custas de maiores emissões de gases com efeito de estufa. Enquanto a proposta manteria cerca de 1,5 bilhão de toneladas de dióxido de carbono fora da atmosfera entre 2026 e 2040, de acordo com uma análise da empresa de consultoria ERM, a abordagem final prevista libertaria 171 milhões de toneladas adicionais.

"A regra não atende ao momento", mas ainda cria "algumas garantias em torno do movimento em direção a veículos com emissão zero em todo o país", disse David Cooke, analista sênior da Union of Concerned Scientists. "Teremos mais veículos elétricos nas estradas como resultado destas regras do que se não as tivéssemos."

A administração também está estabelecendo um novo fator de equivalência de petróleo —uma fórmula para calcular a eficiência energética efetiva de veículos elétricos. O Departamento de Energia havia proposto reduzir em cerca de 72% a classificação de eficiência energética equivalente de um veículo elétrico a bateria. Os fabricantes de automóveis disseram que isso os exporia injustamente a multas pesadas por não atingirem as metas de eficiência energética dos EUA.

O próximo fator de equivalência de petróleo dará aos fabricantes de automóveis a garantia de que as regras federais de escapamento estarão alinhadas e validarão que os requisitos são alcançáveis sem acumular multas altas, disseram pessoas familiarizadas com a regulamentação.

Aliados da indústria do petróleo e o ex-presidente Donald Trump aproveitaram o plano, retratando-o como um "mandato de veículos elétricos".

A Associação Americana de Fabricantes de Combustíveis e Petroquímicos está veiculando anúncios em estados-chave, dizendo que o governo Biden quer forçar "novos compradores de carros a adotarem veículos elétricos quando o país simplesmente não está pronto ainda".

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