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PIB como fugir da pobreza

Serviços e indústria explicam maior alta na renda do trabalho em 28 anos

Agro inflou PIB, mas outros setores puxaram crescimento de 11,7% na massa do trabalho

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Marcos Hecksher

Coordenador de Produtividade, Concorrência e Tributação da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura do Ipea

As últimas semanas nos deram muita informação nova sobre o desempenho da economia brasileira em 2023, e o crescimento de 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto) acabou recebendo mais atenção do que outros resultados muito mais surpreendentes.

A massa de rendimentos do trabalho e a renda domiciliar per capita tiveram taxas de crescimento real de dois dígitos, inéditas na PNAD Contínua. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a massa de rendimentos habituais do trabalho teve a maior taxa de crescimento dos últimos 28 anos: 11,7% além da inflação.

Já a renda domiciliar per capita nominal foi 16,5% maior que a divulgada um ano antes. Como o crescimento populacional considerado pelo IBGE foi de 0,7%, isso corresponde a uma expansão nominal de 17,3% na massa de rendas domiciliares de todas as fontes.

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Homem trabalhando em estaleiro - Eduardo Anizelli/Folhapress

O IBGE pretende divulgar em abril um número oficial para o crescimento real da renda, mas, como o IPCA
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 4,6%, já podemos esperar que a taxa fique ao redor de 11,4% e a massa de rendas de todas as fontes tenha crescido em torno de 12,1%.

O salto na massa de renda do trabalho, que responde por três quartos do total na Pnad Contínua, foi puxado pelos serviços (12,3%) e pela indústria geral (11,7%). É outra surpresa, pois o setor cujo PIB mais cresceu foi a agropecuária (15,1%), mas seu número de ocupados caiu 4,2% e sua massa de rendimentos do trabalho foi a única a diminuir (-2,8%) segundo a pesquisa domiciliar.

Entre os segmentos de serviços, o que mais ampliou sua massa de rendimentos foi o de alojamento e alimentação, que deu um salto de 20,3%. São novas peças para o quebra-cabeça de uma economia onde a massa de rendas cresce mais do que o PIB —do Brasil, da China ou da Índia.

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