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Setor de pagamentos vai propor novo crediário ao Banco Central

Novo parcelado com juros no cartão de crédito pode ter parcelas de até 60 meses

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São Paulo

Entidades do setor de pagamentos devem se reunir com o Banco Central na última semana de março para apresentar a proposta de uma nova modalidade de parcelamento no cartão de crédito, com juros, mas com um número expressivo de parcelas.

O objetivo dos bancos e das bandeiras é desestimular o uso do parcelamento no cartão sem juros, oferecendo novos produtos em vez de pedir a redução no número de parcelas, como no ano passado.

A nova modalidade, batizada de "novo crediário", é uma das alternativas em estudo.

Casal olha geladeiras em loja das Casas Bahia
Visitantes passam por sessão de geladeiras de uma loja das Casas Bahia, em São Paulo (SP). Novo parcelado com juros do cartão de crédito vai disputar com crediário das varejistas - Eduardo Knapp/Folhapress

O parcelamento sem juros entrou na mira de bancos quando governo e Congresso passaram a pressionar por uma redução nos juros do rotativo do cartão de crédito, que têm a taxa mais alta do mercado brasileiro, a 415,3% ao ano.

Desde o começo deste ano, após lei aprovada no Congresso, esses juros devem se limitar a 100% da divida original.

Ante a perspectiva de perda de receita com a limitação da taxa do rotativo, os bancos passaram a criticar o parcelamento sem juros atribuindo a essa modalidade uma alta na inadimplência —embora não haja estudos independentes que estabeleçam essa relação.

O parcelamento com juros no cartão já existe, mas acaba sendo menos utilizado que o parcelamento sem juros e outras modalidades de crédito mais baratas, como o consignado.

Segundo dados do BC, a taxa média mensal praticada pelo mercado no parcelado com juros é de 9% atualmente.

Agora, a ideia dos bancos é ofertar uma nova linha de crédito para os clientes, que pode ser acessada pelo mesmo cartão.

Na compra parcelada com crédito, o cliente vai poder escolher sem juros, com menos parcelas, ou com juros, com muito mais parcelas —ainda não há um limite de vezes definido, mas o setor trabalha com a possibilidade de entre 45 e 60 meses.

Já a taxa de juros ficará a cargo de cada instituição financeira, sendo maior que o crédito consignado (com garantia), que gira em torno de 1,7% a 2,6% ao mês, e menor que o crédito pessoal (sem garantia), com uma taxa de juro média mensal de 3,5% entre os principais bancos do mercado.

O juro também deve variar de pessoa para pessoa, de acordo com o perfil de risco, sendo informado pelo banco em seus canais.

Nos aplicativos também será possível fazer simulações de quanto seria o custo de determinada compra, multiplicando os juros pelo número de parcelas para se chegar ao valor final, contando os juros compostos (juro sobre juro).

Segundo entidades do setor, o novo parcelado com juros vai funcionar de maneira semelhante ao crediário das varejistas. A diferença é que o banco não vai saber a finalidade deste financiamento, enquanto as grandes varejistas têm conhecimento prévio da destinação dos recursos.

Como a chance de inadimplência pode ser maior ou menor a depender do item comprado, saber com antecedência o que o cliente está comprando ajuda as lojas na concessão mais precisa de crédito.

Para estimular o uso dessa nova linha, o setor financeiro irá ofertá-lo de forma padronizada, com uma forte comunicação aos consumidores. Outro possível incentivo é a distribuição de cartões de crédito a brasileiros que hoje não acessam a linha por terem um alto perfil de risco. Com os juros, os bancos poderiam arcar com tais operações.

O setor ainda não definiu se o novo crediário vai alterar o limite de gastos mensal no cartão de crédito. Por ser uma nova linha de crédito, há a possibilidade de que o limite para gastos com juros seja distinto do que já existe, deixando o cliente com dois limites diferentes na fatura.

Mas também é possível que o parcelado com juros entre no atual limite do cartão de crédito e seu uso acabaria reduzindo os possíveis gastos no parcelado sem juros, caso não haja um aumento automático no limite de gastos.

Há ainda outras propostas dos bancos e das bandeiras para tentar reduzir o estímulo ao parcelado sem juros. Entre elas está a criação de um fundo contingencial para o risco residual dessas operações, nos mesmos moldes do que já existe para o débito.

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