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Gigantes americanas de apostas miram mercado brasileiro em alta

Analistas do setor veem o país preparado para um crescimento ainda maior após regulamentação

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Guilherme Bento
São Paulo | Bloomberg

Pesos pesados das apostas esportivas como DraftKings e MGM Resorts estão explorando a entrada no mercado de jogos de azar online do Brasil, uma das fronteiras de mais rápido crescimento do mundo.

O país lidera um boom regional de jogos de azar que se seguiu a inúmeras legalizações. Desde que começou a afrouxar as leis para apostas online em 2018, o país floresceu como um dos 10 maiores mercados do planeta, com receitas brutas que rivalizam com os totais da Espanha e da Holanda.

Agora, os analistas do setor veem o país preparado para um crescimento ainda maior, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no ano passado, sancionou uma regulamentação para o setor que estabelece taxas de licenciamento e outros requisitos para empresas que desejam oferecer serviços de apostas esportivas de quota fixa e cassinos online dentro do país.

Jovem acessa plataforma de apostas em Brasília - Pedro Ladeira - 12.jan.2024/Folhapress

A DraftKings, empresa americana pioneira em jogos de esportes de fantasia online, está entre as mais de 130 empresas com pré-registro de interesse em uma licença brasileira, segundo o Ministério da Fazenda.

A lista também inclui MGM e Hard Rock, a operadora de cassino de propriedade da tribo Seminole da Flórida.

"Estamos entusiasmados em ver o Brasil aprovar a legislação de jogos online e, como uma das mais de 100 empresas que enviaram a declaração de interesse não vinculativa, continuamos a explorar o potencial de expansão no Brasil no futuro", disse Griffin Finan, vice-presidente sênior e conselheiro geral adjunto da DraftKings, em um comunicado por email.

A Hard Rock não respondeu a pedido de comentário. A MGM confirmou seu interesse no Brasil em fevereiro, quando o CEO Bill Hornbuckle disse durante uma teleconferência que a operadora de cassinos com sede em Las Vegas planejava examinar uma joint-venture no país.

O Brasil vai permitir jogos de azar pela internet tanto para apostas esportivas quanto para cassinos, "e planejamos estar lá quando isso for lançado", disse Hornbuckle na teleconferência.

Mas enquanto algumas das maiores marcas do segmento olham para o Brasil, as empresas menores estão se preparando para a forte consolidação de um setor que a empresa de análise Datahub, com sede em São Paulo, diz incluir atualmente mais de 1.000 operadores de jogos diferentes.

A nova lei exige que as empresas paguem até R$ 30 milhões por uma licença que deverá ser renovada a cada cinco anos, dependendo das avaliações do Ministério da Fazenda. Também será cobrado um imposto de 12% sobre as receitas brutas do jogo. O custo pode ser muito elevado para pequenos operadores, mesmo os bem administrados.

"Há muitos players sérios que não poderão pagar por esta licença", disse Darwin Henrique, CEO da Esportes da Sorte.

O Brasil emergiu como um mercado cada vez mais atraente para ligas esportivas estrangeiras que buscam crescimento global.

O número de brasileiros que acompanham a liga de futebol americano NFL mais que quadruplicou para quase 40 milhões na última década, segundo dados da Ibope Repucom. A liga escolheu São Paulo para sediar seu primeiro jogo na América do Sul ainda este ano.

A atividade de apostas teve um crescimento igualmente rápido: em 2022, o Brasil ficou em 10º lugar globalmente, com US$ 1,5 bilhão em receitas brutas, depois de não ter aparecido entre os 15 primeiros no ano anterior, de acordo com a Entain, uma das maiores empresas de apostas esportivas online do Reino Unido.

Espera-se que as receitas brutas totais de apostas do mercado online regulamentado cresçam para quase US$ 5 bilhões em seu quinto ano de operações, segundo Vixio GamblingCompliance.

A popularidade das apostas online já atraiu empresas multinacionais como Bet365 , SportingBet, da Entain, e Betfair, que está entre as marcas da casa de apostas irlandesa Flutter. Mas a falta de regulamentação impediu muitas empresas estrangeiras de entrarem formalmente no mercado.

As regras exigem que as empresas estabeleçam e mantenham uma presença física no Brasil, e ainda não está claro quais operadoras decidirão se estabelecer. Mas os líderes da indústria dizem que a potencial chegada de gigantes globais —e qualquer consolidação a que isso possa levar— será o resultado da formalização do setor, e não uma tentativa deliberada de expulsar os concorrentes menores.

"É um dos maiores mercados do mundo e, à medida que é regulamentado e se torna um mercado formal, permite que as empresas entrem e explorem melhor o sistema", disse Wesley Cardia, presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias.

"E quando você tira do mercado esses sites pequenos e pouco conceituados, você agrega consumidores aos grandes."

Mesmo temendo que alguns percam a corrida, os operadores que ajudaram a lançar o boom dos jogos online no Brasil dizem que não irão se render, argumentando que o seu conhecimento do mercado local os ajudará a sobreviver à chegada de concorrentes multinacionais mais ricos.

"Não temos medo da concorrência, porque conhecemos o trabalho que fazemos", disse Henrique. "O Brasil tem muitas particularidades e o apostador brasileiro é diferente do apostador estrangeiro."

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