Lula autorizou negociações para reoneração da folha dos municípios, diz Rui Costa

Governo sofreu revés com decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de excluir elementos da reoneração da folha dos municípios ao prorrogar Medida Provisória

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Fernando Cardoso
São Paulo | Reuters

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta quarta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a tocar as negociações sobre o tema da desoneração da folha de pagamento dos municípios, indicando que espera um "entendimento" em breve.

"Quando você desonera, você tem que compensar e dizer de onde vem o dinheiro... Por isso essa negociação vai ser feita para encontrar um meio termo. O presidente Lula já autorizou o ministro Fernando Haddad a fazer essa negociação", disse o ministro em entrevista à GloboNews.

"Acredito que em breve a gente chegue a um entendimento", acrescentou.

Presidente Luiz Inacio Lula da Silva com Rui Costa
Presidente Luiz Inacio Lula da Silva e Rui Costa - Folhapress

O ministro disse ainda que o diálogo do governo com o Senado sobre o tema, feito através do Ministério da Fazenda, tem sido "intenso", defendendo os esforços do Executivo para "diminuir o impacto fiscal" da desoneração.

Na segunda-feira, o governo sofreu um revés com a decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de excluir elementos da reoneração da folha dos municípios com até 156 mil habitantes ao prorrogar por mais 60 dias a Medida Provisória 1.202, editada pelo governo no fim do ano passado para, entre outros fins, revogar a desoneração para 17 setores da economia e dos municípios.

No dia seguinte à decisão, Pacheco disse que estava aberto a discutir a proposta do governo para a desoneração e negou estar afrontando o Executivo, sinalizando já ter sido notificado de que o governo deseja rever o conceito e o formato da desoneração.

Haddad defendeu na terça-feira que o governo apresente propostas que darão consistência para a meta fiscal estabelecida e argumentou que o Executivo também depende da atuação do Congresso e do Judiciário na gestão das contas públicas.

Para além da MP no fim do ano passado, o governo já havia tentado revogar a desoneração da folha a partir de um veto presidencial, que foi derrubado pelos parlamentares.

Em fevereiro, o Executivo foi pressionado a editar uma nova medida provisória que revogou do texto da MP original as partes referentes à reoneração da folha dos 17 setores.

Energia elétrica, Petrobras e BC

Na entrevista, Costa apontou que uma preocupação central do presidente Lula no momento é o preço da energia elétrica no país e disse que o governo está avaliando medidas para baratear as contas de energia para o consumidor.

"O presidente vem cobrando desde o ano passado que quer ter propostas para baratear a energia elétrica no Brasil", disse.

O ministro indicou que o governo está realizando uma série de discussões com outros ministérios para estabelecer medidas ao setor elétrico.

Costa afirmou que o governo deve editar uma medida provisória para "equilibrar" o cronograma de investimentos em energia eólica e solar na região Nordeste, sinalizando que espera mais de 100 bilhões de reais de investimentos em toda a cadeia produtiva.

Questionado sobre a decisão da Petrobras de não distribuir dividendos extraordinários a seus acionistas no mês passado, o que ainda repercute de forma negativa no mercado, Costa voltou a defender a postura da empresa, afirmando que a companhia precisa de "previsibilidade".

Ele também elogiou o trabalho sendo feito pelo presidente da companhia, Jean Paul Prates, e indicou que Lula não pretende fazer qualquer troca em seu governo neste momento.

O ministro ainda comentou sobre a sucessão na presidência do Banco Central, sinalizando que Lula deve anunciar o nome do indicado para comandar a autoridade monetária a partir do próximo ano apenas no "momento adequado".

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