Novas máquinas automáticas vendem de algodão doce a flores

Mercado global fatura mais de US$ 19 bi, mas é pouco explorado no Brasil, onde consumidor teme pagar e ficar sem o produto

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São Paulo

Uma série de máquinas de café, salgadinhos, bebidas, livros, álbuns de figurinhas e até vinhos têm ganhado condomínios residenciais, comerciais, universidades, shoppings, hospitais e metrô.

Algumas grandes empresas também vêm associando suas marcas a estas máquinas, como forma de explorar novos pontos de venda, divulgar produtos e até atrair franqueados.

É o caso da Giuliana Flores, que em março instalou duas máquinas para venda de rosas de longa duração no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Até o fim do ano, a meta é instalar 15 vending machines das "rosas encantadas", que duram três anos (são rosas naturais, com uma substância química que prolonga a sua duração).

máquina com flores expostas em terminal de aeroporto, com uma mulher de cabelos brancos olhando
Máquina para vender rosas de longa duração instalada no Terminal 3 do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. - Danilo Verpa/Folhapress

"Vamos instalar mais quatro em aeroportos e as demais devem estar em hospitais e restaurantes", afirmou à Folha Clóvis de Souza, presidente da Giuliana Flores, marketplace que vende flores e presentes, que também conta hoje com cinco lojas físicas e oito quiosques na Grande São Paulo. Até junho, três novas lojas serão abertas, nos bairros Higienópolis e Perdizes, na capital paulista, e em Guarulhos, na região metropolitana.

A Giuliana Flores não é dona das máquinas: tem parceria com o Balcão Urbano, que faz a locação dos equipamentos. A ideia é manter o projeto piloto por seis meses, para decidir se o modelo pode evoluir para uma franquia. Em caso positivo, o Balcão Urbano vai se encarregar de procurar franqueados.

No mundo, o mercado de vending machines movimentou cerca de US$ 19,2 bilhões em 2023 (R$ 97,4 bilhões), segundo a consultoria americana Market Research Future, um crescimento de 7,3% sobre o ano anterior. As bebidas em geral, incluindo os cafés, são os principais produtos deste mercado, que tem maior representatividade nos países da América do Norte e Europa.

"No Brasil, ainda é um mercado muito pouco explorado: são cerca de 1 máquina a cada 3.000 pessoas, contra uma máquina para cada 90 habitantes nos Estados Unidos", diz Marcel Magalhães, diretor geral da Balcão Urbano, um ex-dono de franquias de inglês que começou o negócio das vending machines em 2020 e hoje tem 240 máquinas instaladas, em sistema de franquia.

A ABF (Associação Brasileira de Franchising) confirma que o negócio ainda é incipiente no Brasil. Os seus franqueados somam apenas 109 máquinas instaladas, com destaque para bebidas, guloseimas e bichos de pelúcia.

A resistência pode vir do histórico com más experiências neste canal: não raro as máquinas tomavam o dinheiro e, por algum problema técnico, o consumidor não conseguia pegar o produto. Algo que Magalhães garante não acontecer com máquinas da nova geração.

máquina para fazer algodão doce
Vending machine da Sonhos de Algodão Doce, franquia baseada em São José dos Campos (SP) - Divulgação

"O sistema da Balcão Urbano só contabiliza a venda quando o produto sai da máquina, equipada para pagamento apenas com Pix, cartão de débito ou crédito", afirma. "Se houver qualquer problema na entrega do produto, o valor é estornado", diz ele. A Balcão Urbano oferece a locação da máquina e o software, e faz a manutenção dos equipamentos. O franqueado se encarrega da operação, o que inclui o abastecimento.

Clóvis Souza conta que, alguns anos atrás, ficou horas em um saguão de aeroporto e observou o movimento de uma floricultura instalada no local. "Em um espaço de três horas, apenas duas pessoas compraram", diz. "Acredito na conveniência de ter flores em um aeroporto, como forma de presentear quem chega ou quem será visitado. Mas não pode ser um produto perecível", afirma.

O preço da "rosa encantada", que recebe diferentes colorações e é armazenada em caixas de acetato dentro da vending machine, é R$ 49,90. "Elas não precisam de refrigeração", diz Souza.

No interior de São Paulo, a Sonho de Algodão Doce inovou ao oferecer o tradicional doce à base de açúcar em uma máquina de autoatendimento em 30 formatos diferentes –entre eles, flor, nuvem e borboleta. "Nosso principal público é o infantil, mas os adultos também consomem", diz Paulo Nogueira, sócio da empresa, que teve início em 2022.

Hoje são 14 máquinas instaladas em quatro estados (São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul), em sistema de franquias. O franqueado paga R$ 89 mil para ficar cinco anos com a máquina, com a possibilidade de renovação por mais cinco anos. A taxa mensal é de R$ 950, que dá direito ao uso da marca e ao suporte técnico.

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