Descrição de chapéu China

PIB da China cresce 5,3% no primeiro trimestre, acima do esperado

Economia retoma impulso e tem resultado maior que a expectativa de analistas de mercado, entre 4,6% e 4,9%

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Pequim

A economia da China cresceu mais do que se esperava no primeiro trimestre. Segundo o Escritório Nacional de Estatística, o PIB saltou 5,3% em relação aos primeiros três meses de 2023.

Economistas ouvidos pela Caixin e pela consultoria chinesa Wind esperavam um crescimento anualizado de 4,9%, enquanto analistas ouvidos pela agência Reuters apontavam 4,6%. No trimestre anterior, fechando 2023, a expansão anualizada havia sido de 5,2%.

"De modo geral, a economia nacional começou bem, com acumulação de fatores positivos, estabelecendo uma base sólida para atingir as metas anuais", concluiu o órgão chinês em seu relatório.

"No entanto, devemos estar cientes de que o ambiente externo está se tornando mais complexo, severo e incerto, e que as bases para um crescimento estável e sólido ainda não são sólidas."

A crise imobiliária prossegue. O investimento no setor caiu 9,5% no trimestre, e as vendas, 19,4%. Segundo o escritório de estatísticas, a explicação é que o setor ainda está em meio a ajustes.

O órgão também afirmou que alguns resultados específicos de março, como vendas no varejo (aumento de 3,1% anual, contra os 5,5% registrados em janeiro-fevereiro) e produção industrial (4,5%, contra 7% em janeiro-fevereiro), se devem à base de comparação. Março de 2023 teria concentrado, junto com abril, os registros da retomada pós-pandemia.

A economia chinesa atravessa um período de mudança em seu modelo de crescimento, buscando trocar o setor imobiliário pela indústria de alta tecnologia, com preocupações paralelas com o baixo consumo e as dívidas dos governos locais.

Depósito de aço em Shenyang, nordeste da China - AFP

A China estabeleceu como meta um crescimento econômico de cerca de 5% para 2024, objetivo que muitos analistas consideram ambicioso e que pode exigir mais estímulos.

No entanto, sinais de recuperação neste início de ano levaram alguns dos principais bancos ocidentais, como Citi, Goldman Sachs e Morgan Stanley, a elevar suas previsões para o crescimento da economia chinesa em 2024, nas duas últimas semanas. Na sexta (12), o UBS se juntou ao movimento.

Citi, Goldman e UBS chegaram aos 5% ou "cerca de 5%" projetados por Pequim. Morgan Stanley, que estava em 4,2%, fala agora em 4,8%. Dois dados em especial são citados pelas instituições para as novas apostas.

O índice de atividade industrial da Caixin, a principal publicação financeira na China, chegou em março ao quinto mês seguido de expansão. Segundo nota do Goldman Sachs, "sugere que a economia chinesa bateu no fundo no final de 2023 e está subindo".

O outro dado foi o fim de semana prolongado de três dias, na semana passada, o chamado festival Qingming, que registrou gastos maiores dos consumidores chineses do que antes da pandemia, no mesmo evento.

Um banco que vem evitando entrar na revisão das últimas duas semanas é o brasileiro Bradesco. Fabiana D'Atri, economista do Bradesco Asset Management.

"Há sinais de retomada do lado da oferta, mas o lado da demanda ainda tem espaço para melhorar", diz. "Temos uma projeção de crescimento do PIB de 4,7%, o que embute a expectativa de leve aceleração ao longo deste ano, assumindo que essa divergência entre oferta e demanda continuará presente."

Sobre os números do feriado, diz que "o consumo vem se recuperando lentamente, mas há ainda muita cautela por parte das famílias". Cita as taxas de confiança "em patamares muito baixos, em grande medida refletindo o ajuste ainda em curso do setor imobiliário".

Em março, durante evento que reuniu uma centena de executivos e analistas em sua maioria ocidentais em Pequim, Xi Jinping afirmou que o país vai continuar crescendo.

"No passado, a China não entrou em colapso por causa da 'teoria do colapso da China' e agora não vai atingir o pico por causa da 'teoria do pico da China'", disse em sua primeira reação ao conceito de que o país chegou ao limite de crescimento, popularizado pelo livro "Danger Zone - The Coming Conflict with China" (zona de perigo, o conflito que se aproxima com a China), de 2022.

"Nós vamos continuar a promover desenvolvimento de alta qualidade", acrescentou. No mesmo dia, o governo chinês havia divulgado que o lucro do setor industrial havia saltado 10,2% em janeiro e fevereiro, em relação ao mesmo período no ano anterior. O resultado foi creditado pela Everbright Securities, de Xangai, às políticas governamentais de estabilização do crescimento.

Apesar do resultado no trimestre, as bolsas do país fecharam o dia em queda, puxada por companhias menores, com o índice CSI300 registrando baixa de 1.1%, enquanto Hong Kong despencou 2.1%. Outras bolsas asiáticas também apresentaram uma tendência de queda.

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