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Dólar acelera queda e vai a R$ 5,06 após dados fracos de emprego nos EUA

Números mostraram desaceleração na criação de vagas de trabalho e reforçaram otimismo após Fed

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São Paulo

O dólar registrou mais uma sessão de forte queda e fechou cotado a R$ 5,069 nesta sexta-feira (3), num recuo de 0,83%, após a divulgação de um relatório de emprego nos Estados Unidos que mostrou criação de vagas abaixo do esperado em abril. Os novos números também impulsionaram a Bolsa, que subiu 1,09% e recuperou os 128 mil pontos.

Na semana, a moeda americana acumula recuo de 0,91%, e o Ibovespa, alta de 1,57%, aos 128.516 pontos. Como pano de fundo, otimismo sobre o futuro dos juros americanos e a mudança de perspectiva de crédito do Brasil pela agência de risco Moody's apoiaram a Bolsa e pressionaram o dólar.

Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, a economia do país abriu 175 mil vagas fora do setor agrícola no mês passado no mês passado. A previsão de economistas consultados pela Reuters era de 243 mil vagas. Os dados de março, no entanto, foram revisados para cima.

A taxa de desemprego subiu de 3,8% para 3,9%, permanecendo ainda abaixo de 4% pelo 27º mês consecutivo.

Já os salários aumentaram 3,9% nos 12 meses até abril, após uma alta de 4,1% em março. O crescimento dos salários em uma faixa de 3,0% a 3,5% é considerado consistente com a meta de inflação de 2% do Fed.

Os novos dados mostraram que a criação de vagas desacelerou e os ganhos salariais também enfraqueceram, desencadeando uma queda global da moeda americana.

Notas de dólares ao lado de gráfico indicando oscilação do mercado
Notas de dólar ao lado de gráfico de oscilação do mercado - Dado Ruvic/Reuters

Na esteira dos dados divulgados nesta sexta, operadores elevaram as apostas de que o Federal Reserve, o banco central americano, realizará seu primeiro corte na taxa de juros em setembro, com parte dos mercados que via esse movimento apenas a partir de novembro antecipando suas projeções.

Probabilidades implícitas em contratos futuros de juros apontam agora para cerca de 78% de um corte nos juros na reunião do banco central dos EUA em meados de setembro, acima dos 63% registrados antes do relatório.

Os operadores também estão agora projetando dois cortes de 0,25 ponto percentual pelo Fed este ano, em comparação com um esperado antes da divulgação dos dados.

Para a economista Claudia Rodrigues, do C6 Bank, os novos dados ainda mostram pontos de pressão sobre a inflação, apesar da desaceleração. Ela aponta, como exemplo, que o ritmo de contratações nos últimos 12 meses ainda mostra um mercado de trabalho aquecido.

"O mercado de trabalho dos EUA deve seguir pressionando os preços dos serviços nos próximos meses, dificultando a convergência da inflação para a meta. A se confirmar esse quadro, acreditamos que são grandes as chances de não haver cortes de juros neste ano", diz Rodrigues.

Nesta semana, as autoridades do Fed decidiram na quarta-feira (1°) por unanimidade manter a taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,5. Embora o presidente do Fed, Jerome Powell, tenha indicado que a inflação elevada pode atrasar o esperado corte de juros, ele se recusou a referendar discussões de que a taxa poderia ser elevada de novo.

Quanto mais o banco central dos EUA cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos dos títulos do governo dos EUA diminuem.

No Brasil, o Banco Central se reunirá na semana que vem para definir a política monetária, em meio a expectativa considerável nos mercados de que a incerteza elevada possa levar a autarquia a desacelerar o ritmo de corte da Selic.

"Dependendo dos resultados dos indicadores que serão divulgados na próxima semana, como a taxa de juros no Brasil e a inflação no Brasil e nos Estados Unidos, pode haver uma redução na intensidade das oscilações da moeda norte-americana", diz André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.

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