Descrição de chapéu indústria

Josué Gomes pede afastamento da presidência da Fiesp

Empresário comanda o grupo Coteminas, parceiro da Shein que entrou em recuperação judicial no início de maio

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São Paulo

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes da Silva, pediu licença do cargo. A informação foi antecipada pelo Valor e confirmada pela Folha nesta quinta-feira (23).

Dan Ioschpe, 2º vice-presidente da federação da indústria, assume o cargo por 40 dias, período indicado por Josué para seu afastamento.

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Josué Gomes, presidente da Fiesp, ficará 40 dias afastado da federação - Zanone Fraissat-30.jan.23/Folhapress

A Fiesp não disse se Josué apresentou motivos para seu afastamento.

O grupo empresarial presidido por ele, a Coteminas (Companhia de Tecidos do Norte de Minas), entrou em recuperação judicial no início de maio, depois que um credor tentou executar o vencimento antecipado de debêntures.

Os títulos de dívida foram emitidos pela Ammo Varejo em maio de 2022. A execução, segundo disse a empresa em fato relevante encaminhado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), resultaria na transferência total de ações da Ammo para um fundo de investimentos.

A Ammo Varejo vende as marcas Santista, Artex e Mmartan. O grupo inclui, ainda, a Santanense e a Springs Global (companhia-mãe, que combina a Coteminas com a americana Spring US). Essa última produz as marcas Casa Moysés, Mmartan e Artex e licencia a Santista.

No dia 17 de maio, a Ammo teve suspenso seu registro de companhia aberta por não apresentar suas demonstrações contábeis há mais de um ano. A Coteminas e a Springs Global estão na lista de empresas inadimplentes –elas chegaram a apresentar os demonstrativos do primeiro trimestre de 2023.

As dificuldades financeiras das empresas do grupo Coteminas foram tornadas públicas a partir do fim de 2022. No início do ano seguinte, a companhia começou a enfrentar protestos e ações judiciais por atrasar o pagamento de benefícios e salários.

Josué Gomes é filho de José Alencar, morto em 2011, que foi vice-presidente nos primeiros mandatos de Lula. Com a terceira eleição do político petista, o filho do aliado chegou a ser convidado para assumir a pasta da Indústria, depois entregue ao vice Geraldo Alckmin.

Eleito presidente da maior federação industrial do Brasil, Josué enfrentou, com um ano de mandato, uma rebelião de representantes de sindicatos que tentaram destituí-lo do cargo. A paz só voltou a reinar depois que seu antecessor, Paulo Skaf, interveio.

Em meados do ano passado, o anúncio de que a companhia havia fechado um acordo para produzir para a asiática Shein no Brasil surpreendeu o mercado, uma vez que a empresa já passava por dificuldades e acumulava pausas em suas fábricas.

O acordo com a Shein incluiu um empréstimo de US$ 20 milhões (cerca de R$ 100 milhões à época) para as operações da Santanense, companhia de tecidos para uniformes que integra o grupo.

Josué estava sentado à mesa no Ministério da Fazenda quando o titular da pasta, Fernando Haddad, anunciou que o governo recuaria do fim da isenção para presentes importados e que a Shein nacionalizaria sua produção.

Outras entidades ligadas a indústria, como a Fiemg (indústria de Minas Gerais) e Abit (indústria têxtil), ou Abvtex (varejo têxtil), são contrários ao benefício fiscal concedido às empresas estrangeiras no programa Remessa Conforme, que isenta de imposto de importação as compras de até US$ 50.

Na última semana, Fiesp e Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), divulgaram nota defendendo o fim da isenção tributária para plataformas internacionais de ecommerce.

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