Shein vai fabricar 85% dos produtos no Brasil em quatro anos, diz Haddad

Gigante asiático se reuniu com ministro para pedir tratamento igual a todo comércio eletrônico

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São Paulo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, nesta quinta-feira (20), um termo de compromisso firmado com a Shein para a nacionalização dos produtos ofertados pelo gigante asiático em até quatro anos. A empresa disse também que irá abrir uma fábrica no país, oferecendo cerca de cem mil empregos para brasileiros, segundo o ministro.

"Os produtos serão feitos no Brasil. É muito importante para nós que eles vejam o país não só como mercado consumidor, mas como uma economia de produção", afirmou Haddad.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista a jornalistas em Brasília - Ueslei Marcelino - 3.abr.2023/Reuters

Segundo o ministro, a Shein também se comprometeu a aderir ao plano de conformidade da Receita Federal. Em contrapartida, disse, a varejista exigiu que a regra valha para todos.

"Nós, obviamente, não queremos nada diferente. Queremos condições iguais para todo mundo. Segundo eles, se a regra valer para todo mundo, eles absorverão os custos dessa conformidade, não repassarão ao consumidor", afirmou Fernando Haddad.

Reunião do ministro Fernando Haddad com o IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo) - Ana Paula Branco/Folhapress

O acordo foi feito nesta manhã, em reunião no gabinete do Ministério da Fazenda em São Paulo, na avenida Paulista. O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, foi o intermediador.

Nesta tarde, Haddad irá se reunir com o IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo). Na pauta estará a isenção de imposto para mercadorias até US$ 50 (R$ 252).

O compromisso com a Shein atende ao pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de resolver o problema da sonegação de impostos no comércio eletrônico de maneira administrativa.

Haddad disse que irá seguir "o exemplo dos países desenvolvidos".

"Eles chamam no exterior de digital tax, um imposto digital. Quando o consumidor comprar, ele estará desonerado de qualquer tipo de imposto. O tributo terá sido feito pela empresa, sem repassar para o consumidor nenhum custo adicional", afirmou.

Para Haddad, o acordo com a Shein facilita a conversa com outras empresas de comércio eletrônico estrangeiro, como Shoppee e Aliexpress. Estas duas já se manifestaram a favor do plano de conformidade da Receita.

"Vai ganhar o comércio, a atividade econômica. Vamos ter geração de emprego. Estamos no caminho que me parece o justo", afirmou Haddad.

O ministro se encontra na semana que vem com governadores para acertar detalhes de como a tributação do varejo online será revertida aos estados, também prejudicados pela sonegação fiscal de marketplaces nas compras internacionais entre pessoas físicas.

As varejistas asiáticas estão acenando acordo com o governo brasileiro desde o começo de abril, quando o Ministério da Fazenda anunciou que iria acabar com a isenção do imposto de importação para encomendas de até US$ 50 (R$ 252) remetidas por pessoas físicas e destinadas também a pessoas físicas.

Entre os consumidores, porém, a medida gerou repercussão negativa nas redes sociais diante da possibilidade de aumento nos preços finais.

A pedido do presidente Lula —que foi pressionado pela primeira dama Rosângela Lula da Silva, a Janja. —, a Fazenda recuou e manteve a isenção. Segundo Haddad, Lula pediu para não alterar a regra em vigência, mesmo que isso signifique um custo mais elevado de fiscalização.

Haddad havia se encontrado presencialmente com representantes da AliExpress na terça e recebeu uma carta da Shopee, na qual a empresa tinha apoiado a regulação "nos termos do que o Ministério da Fazenda pretende". Apenas a Shein não se tinha manifestado até o momento.

Investimento de R$ 750 milhões

Nascida para vender vestidos de noiva, a Shein vai investir R$ 750 milhões na produção textil brasileira, segundo o termo de compromisso assinado com a Fazenda. O objetivo, diz o documento, é fornecer tecnologia e treinamento para 2.000 fabricantes do setor têxtil no país adequarem suas operações à demanda da fast fashion chinesa.

"Nosso compromisso com o Brasil está pautado em um relacionamento aberto e transparente com o governo, e nos colocamos à disposição para discutirmos soluções que possam contribuir ainda mais para o desenvolvimento sustentável do país. A Shein quer ser parceira do Ministério da Fazenda para ajudar a reconstruir o Brasil", diz a carta assinada pelo presidente do conselho da Shein para a América Latina, Marcelo Claure.

O Brasil representa, hoje, um dos três principais mercados da Shein no mundo, segundo a varejista.

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