Descrição de chapéu Financial Times Estados Unidos

Empresas em reestruturação recorrem a bancos de investimento independentes nos EUA

Receita de reestruturações está aumentando em bancos de investimento independentes

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Sujeet Indap Maria Heeter
Nova York | Financial Times

A receita em bancos de investimento independentes está disparando à medida que as altas taxas de juros forçam mais empresas a buscar orientação sobre como reestruturar dívidas e obter liquidez adicional.

As taxas de consultoria em cinco dos seis principais bancos de investimento independentes listados —Evercore, Lazard, Moelis, Perella Weinberg e PJT Partners— juntas aumentaram 21% no primeiro trimestre de 2024, em relação ao ano anterior.

As empresas menores, chamadas de empresas independentes, tendem a dominar a consultoria em reestruturação porque não estão sujeitas aos mesmos conflitos de interesse dos grandes bancos, que também compram e vendem instrumentos de dívida corporativa.

Loja da rede rue21, que faliu e fechou todas suas 540 lojas nos Estados Unidos.
Loja da rede rue21, que faliu e fechou todas suas 540 lojas nos Estados Unidos. - Getty Images/AFP

"É um tipo de negócio de clube. Quando a atividade aumenta, são essas as empresas que recebem as ligações", disse Devin Ryan, analista de ações da Citizens JMP Securities.

Nos três maiores bancos de investimentos do mundo —Goldman Sachs, JPMorgan e Morgan Stanley— as receitas de consultoria caíram coletivamente 6% nos primeiros três meses do ano.

O mercado tradicional de fusões e aquisições permanece contido, pois empresas não estão dispostas a avançar com transações bilionárias devido à incerteza econômica, regulatória e geopolítica.

Os bancos de investimento independentes geralmente não divulgam separadamente a receita de reestruturações em suas demonstrações financeiras, mas seus executivos citaram recentemente um aumento da atividade nessas operações.

"O aumento da receita é principalmente atribuível ao crescimento nas reestruturações", disse Ken Moelis, fundador e presidente-executivo da Moelis & Company, cuja receita total de consultoria aumentou 17% no primeiro trimestre.

"O pipeline de fusões e aquisições continuam a crescer, mas a conversão em receita continua sendo um desafio."

Os especialistas em reestruturação historicamente ganham a maior parte de suas comissões ajudando empresas ou grupos de credores de fundos de hedge no processo de falência do Capítulo 11 da Lei de Falência dos Estados Unidos, equivalente à recuperação judicial do Brasil.

Mas, nos últimos anos, a prática passou a ser dominada pela ajuda aos que tiram empréstimos para levantar novo capital para refinanciar dívidas existentes na esperança de evitar reestruturações na Justiça, um produto agora amplamente conhecido como "gerenciamento de passivos".

Os banqueiros podem ganhar comissões por dar conselhos e liderar negociações com contrapartes, bem como uma porcentagem separada devida pela quantidade de nova dívida ou capital levantado.

O trabalho de gerenciamento de passivos no primeiro trimestre foi mais que o dobro do primeiro trimestre do ano passado, de acordo Peter Orszag, presidente-executivo da Lazard, que contratou vários novos negociadores de reestruturação nos últimos meses.

"Esperamos que um nível elevado de atividade continue, à medida que os vencimentos de dívidas se aproximam e interajam com ambiente de taxas de juros mais altas por mais tempo", disse recentemente a analistas.

Moelis afirma que a explosão do mercado de capital privado de trilhões de dólares está mantendo cada vez mais empresas endividadas fora de falências formais.

"Acredite em mim, cada pessoa, cada proprietário de uma empresa preferiria financiar do que falir. Não importa a taxa de juros, eles tentarão estender o fim para isso. Claro, continuará a haver alguns Capítulos 11, mas não é um mercado mais tão grande quanto foi na última recessão, de longe."

Os preços das ações dos grupos com a maior proporção de banqueiros de reestruturação —Houlihan Lokey, a sexta listada independente, que divulgará ganhos na próxima semana, e PJT Partners— subiram cerca de 50% nos últimos 12 meses.

Mesmo sem um pedido de falência, as transações de gerenciamento de passivos têm se mostrado cada vez mais complexas, controversas e caras. A Lumen Technologies, empresa de telecomunicações listada, recentemente reestruturou uma pilha de dívidas de US$ 20 bilhões (R$ 101 bilhões) e pagou quase US$ 400 milhões (R$ 2,02 bilhões) em "taxas de credores" e "custos de terceiros" combinados, de acordo com seus arquivos de valores mobiliários. Uma pessoa envolvida na situação afirma que a empresa cobriu os custos para cerca de dez escritórios de advocacia e bancos que a assessoravam, assim como vários credores.

Um gestor de fundos de hedge disse ao Financial Times que empresas e firmas de investimento tiveram pouca escolha senão cerrar os dentes e pagar os juros. "Houve dois vencedores na explosão das dívidas de empresas com dificuldades: escritórios de advocacia e bancos de investimento, eles têm todo incentivo para manter essa festa acontecendo."

Um advogado de reestruturação reconheceu que os juros dos banqueiros eram altos, mas insistiu que o conhecimento financeiro especializado era necessário. "Os consultores financeiros agregam muito valor nessas situações complexas de gerenciamento de passivos. Eles entendem as estruturas [de dívida] e conhecem os jogadores e matemática certa para situação."

Os banqueiros permanecem otimistas sobre a necessidade de seus serviços de reparo.

Paul Taubman, fundador da PJT Partners, disse em uma chamada na última quinta-feira (2): "Acho que vamos desfrutar de níveis elevados de gerenciamento de passivos. Algumas são simplesmente porque os juros não estão caindo tão rapidamente quanto as pessoas esperavam."

"E, desse modo, há uma verdadeira disrupção, muitos vencedores e todas essas histórias de sucesso incríveis, mas há também ‘destruição criativa’, e você não pode simplesmente ter um mundo onde existem vencedores e não há perdedores."

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