Descrição de chapéu Rússia Venezuela

Opep prorroga cortes na produção para sustentar preços do petróleo até o final de 2025

Cartel mantém estratégia adotada desde o final de 2022 em contexto de incerteza econômica e política

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Anne Beade Emeline Burckel
Londres | AFP

Os 22 membros do cartel petrolífero Opep+ concordaram neste domingo (2) em prorrogar os cortes na produção de petróleo até o final de 2025 para sustentar os preços em um contexto de incerteza econômica e política.

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), liderada pela Arábia Saudita, e seus aliados, liderados pela Rússia, "prorrogarão o nível de produção" até 31 de dezembro de 2025, anunciou a aliança ao final de uma reunião híbrida, na qual alguns membros participaram por videoconferência e outros compareceram a um encontro em Riade.

Plataforma offshore de petróleo de propriedade nas águas vizinhas da costa angolana em 15 de outubro de 2003 - AFP

Oito membros prolongarão as suas reduções voluntárias na produção de petróleo por alguns meses, antes de as eliminarem gradualmente, anunciou o Ministério da Energia saudita.

Os cortes de 2,2 milhões de barris por dia (mbd), que afetam Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Cazaquistão, Argélia e Omã, são prolongados até setembro de 2024 e serão "progressivamente eliminados" até setembro de 2025. Os cortes voluntários anteriores de 1,65 mbd anunciados em abril de 2023 são prorrogados até o final de 2025, especifica o comunicado de imprensa.

A OPEP, histórico cartel de produtores que inclui a Venezuela, e seus parceiros, adotaram no final de 2022 uma estratégia de redução da oferta para tentar sustentar os preços.

Os países produtores de petróleo planejavam realizar a reunião do meio do ano seguindo a tradição, na sede do cartel em Viena, mas acabaram adotando um formato híbrido.

A reunião começou por volta das 9h (horário de Brasília) e o anúncio veio pouco depois.

A redução conjunta da produção acordada representa cerca de 2 milhões de barris por dia (mbd).

Mas se forem somados os cortes voluntários na produção adotados por alguns membros, o total de petróleo que deixa de sair para o mercado é de cerca de seis milhões de barris por dia.

Arábia Saudita, Rússia, Argélia, Omã, Cazaquistão, Kuwait e Iraque também implementaram esforços adicionais este ano para reduzir sua produção e manterão essa política em 2025, de acordo com um documento publicado pela Opep+.

'UM DESAFIO SIGNIFICATIVO'

A modificação das cotas é motivo de discórdia na aliança e provoca debates acalorados e até levou países a sair do cartel.

Nesta reunião, os membros concordaram em permitir que os Emirados Árabes Unidos aumentassem sua produção em cerca de 300 mil bpd.

Mukesh Sahdev, analista da Rystad Energy, indicou que a OPEP+ enfrenta "um desafio significativo", ao apontar que provavelmente a quantidade de barris que chegam ao mercado é "maior do que a registrada", o que coloca em risco a estratégia do cartel.

Iraque e Cazaquistão ultrapassaram suas cotas no primeiro trimestre e a Rússia, que está sob sanções devido à guerra na Ucrânia, registrou uma superprodução em abril.

Os preços do petróleo tiveram poucas variações duradouras desde a última reunião do grupo há seis meses e oscilam em torno de US$ 80 (cerca de R$ 419).

A Opep manteve suas previsões sobre a demanda por petróleo para 2024, mas a Agência Internacional de Energia (AIE) revisou para baixo suas projeções.

Em suas reuniões no meio e no final do ano, este cartel busca um consenso em um grupo de países muito diversos que inclui a Arábia Saudita, o maior exportador mundial de petróleo, e outros membros como a Venezuela, que enfrenta sanções dos Estados Unidos contra seu setor energético.

Neste contexto, o acordo nem sempre é possível e Angola anunciou em dezembro que estava saindo do cartel, exatamente quando o Brasil anunciou que se juntava como observador à Opep+.

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