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Enchentes no RS afetaram até 92% dos empregos em cidades mais destruídas, diz Ipea

Ao menos 38% dos postos de trabalho de Porto Alegre foram diretamente atingidos, segundo estudo

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São Paulo

As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em abril e maio chegaram a afetar até 92% dos postos de trabalho nos municípios gaúchos mais atingidos, de acordo com estimativa feita por pesquisadores do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgada nesta quarta-feira (3).

Por meio de georreferenciamento de endereços, o instituto mapeou os estabelecimentos privados atingidos por inundações de água e lama e por deslizamentos de terra. Os pesquisadores sobrepuseram os pontos que marcam os estabelecimentos afetados à mancha que indica as áreas inundadas.

Nas cidades mais afetadas, como é o caso de Eldorado do Sul, Roca Sales e Muçum, a projeção é de que 74% a 82% dos estabelecimentos tenham sido impactados. Para esses mesmos municípios, entre 84% e 92% dos postos de trabalho foram prejudicados, de acordo com a estimativa do Ipea.

A imagem mostra três pessoas caminhando em uma rua alagada. Elas carregam sacolas e mochilas, e a água chega até a altura dos joelhos. Ao fundo, é possível ver postes de eletricidade, árvores e prédios. O céu está nublado, indicando que pode ter chovido recentemente.
Local atingido pela inundação no bairro Sarandi, um dos mais afetados de Porto Alegre - Bruno Santos/22.mai.24/Folhapress

Segundo Rafael Pereira, um dos autores do estudo, o número pode estar subnotificado. Um dos motivos é que a equipe não conseguiu encontrar a geolocalização de alguns postos de trabalho que podem ter sido atingidos.

"Na metodologia que a gente usou, a gente faz a geolocalização do endereço. O grau de precisão vai variar. A gente ficou apenas com o resultado que tinha precisão confiável. Fizemos um trabalho de geolocalização em várias etapas", afirma.

Ele explica também que o impacto pode ser maior ao levar em conta postos de trabalho informais, que não foram considerados no levantamento.

O estudo considera como diretamente afetados os estabelecimentos cujos locais de funcionamento foram alcançados pelas inundações e deslizamentos de terra ou que ficaram ilhados por causa das enchentes.

A mancha de impacto das enchentes chegou a uma área de aproximadamente 16,13 mil quilômetros quadrados, atingindo 484 cidades gaúchas.

Ainda segundo os pesquisadores, ao considerar os 418 municípios em estado de calamidade ou de emergência, 334,6 mil postos de emprego foram diretamente afetados, o que representa quase 14% das vagas registradas nessas cidades.

O Ipea utilizou dados do eSocial fornecidos pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). Empregadores utilizam o sistema para registrar contratações, demissões, férias, entre outros eventos.

"Os dados do eSocial são organizados no nível do estabelecimento. Conceitualmente, considera-se como estabelecimentos as unidades de uma mesma empresa (matriz) que estão separadas espacialmente, ou seja, com endereços distintos de operação da empresa. Por meio desses endereços, é possível [encontrar] a geolocalização dos vínculos dos trabalhadores", afirma o estudo.

O levantamento abrange apenas os postos de emprego com vínculos ativos de trabalho. Foram desconsiderados empregos na administração pública ou em empresas públicas.

De acordo com o levantamento, ao menos 27% dos estabelecimentos e 38% dos postos de trabalho de Porto Alegre foram diretamente atingidos.

O Rio Grande do Sul viu o número de mortos por causa das chuvas chegar a 180 nesta terça-feira (2). Segundo a Defesa Civil estadual, 32 pessoas continuam desaparecidas no estado e há mais de 800 feridos.

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