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Táxis-robôs da China estão deixando a Tesla para trás

Baidu tem deixado os fabricantes de carros ocidentais comendo poeira

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Wuhan | The Economist

Se os carros autônomos têm o propósito de facilitar a vida, então o Apollo Go, a unidade de táxis-robôs da Baidu, uma gigante tecnológica chinesa, ainda tem trabalho a fazer. Quando a Economist testou o serviço na cidade de Wuhan, teve que encontrar seu caminho até um local designado para pegar e terminar sua jornada em um local de desembarque previamente definido —foi mais parecido com pegar um ônibus do que um táxi.

A imagem mostra um carro branco em movimento, visto de lado. O veículo possui uma decoração colorida com chamas na porta e algumas inscrições em caracteres que parecem ser em chinês. Ao fundo, há uma linha de árvores verdes e um céu claro
Táxi autônomo da Baidu circulando pelas ruas de Pequim em julho de 2023 - Jade Gao/AFP

No entanto, o Apollo Go, que foi lançado em Wuhan em 2022 e desde então se expandiu para outras dez cidades chinesas, tem sido um sucesso. O serviço realizou 6 milhões de viagens em todo o país desde o lançamento. Agora detém mais de 400 carros autônomos nas ruas de Wuhan e planeja ter 1.000 em funcionamento até o final deste ano. As montadoras chinesas, incluindo Hongqi e Arcfox, fabricam os veículos para a Baidu, que fornece a tecnologia. A maioria de seus carros em Wuhan tem autonomia de "nível quatro", o que significa que não requerem intervenção humana na maioria das situações na estrada, mas podem se confundir em áreas como estacionamentos —o que pode explicar por que pede aos clientes que atravessem o calor escaldante da cidade.

A razão pela qual o Apollo Go, no entanto, ganhou tanta preferência dos passageiros é que é surpreendentemente barato. O passeio de 11 minutos do seu correspondente custou apenas 9,84 yuan (R$ 7,61). Essas tarifas são possíveis graças à generosidade da Baidu, que está cobrindo cerca de 60% do custo de uma viagem. Isso não é sustentável. Mas, graças à queda nos custos, a empresa calcula que seus táxis autônomos em Wuhan atingirão o ponto de equilíbrio até o final do ano e terão lucro em 2025.

Os motoristas representam cerca de metade do custo total de um serviço de transporte convencional. Mas uma variedade de outras despesas associadas a veículos autônomos —desde manutenção e limpeza até sensores e, mais importante, o software no qual eles funcionam— até agora impediram que sejam um substituto mais barato. A Baidu vê isso mudando. Em maio, ela apresentou seu veículo de sexta geração, que custa menos da metade do modelo anterior, e planeja atualizar a frota em Wuhan. À medida que o negócio se expandiu, a cadeia de suprimentos amadureceu e a Baidu conseguiu espalhar o custo de desenvolver e atualizar sua tecnologia por mais veículos.

Um grupo que não está entusiasmado com o sucesso da Baidu são os taxistas de Wuhan. Quando perguntado se os empregos dos taxistas serão afetados, um insiste que "já está acontecendo". Outro motorista diz que admira os avanços tecnológicos da Baidu, mas se preocupa que seu emprego seja "roubado". No mês passado, uma empresa de táxi na cidade publicou uma carta aberta alertando sobre a ameaça que os carros autônomos representam para o emprego.

Aproximadamente 10 milhões de pessoas são empregadas como taxistas na China. Desses, cerca de 7 milhões trabalham para empresas de transporte por aplicativo, em muitos casos após perderem seus empregos em outra indústria. Não está claro o quão simpático o governo chinês será com a situação deles.

Os líderes do país estão ansiosos para obter vantagem em setores econômicos emergentes. Os funcionários locais já estão competindo por negócios. Em junho, a cidade de Pequim elaborou um novo conjunto de diretrizes para a condução autônoma que o HSBC, um banco inglês, diz que tornará a regulamentação da indústria mais "transparente e previsível".

Em outros lugares, os esforços para desenvolver táxis-robôs estagnaram. No ano passado, a General Motors, uma montadora americana, suspendeu as operações na Cruise, sua empresa de táxis autônomos, depois que um de seus carros feriu um pedestre em São Francisco, levando a Califórnia a revogar sua licença para operar no estado. Em 23 de julho, ela disse que relançaria o serviço em Dallas, Houston e Phoenix, mas com um supervisor humano no veículo.

No mesmo dia, a Tesla, gigante americana de veículos elétricos, disse que adiaria a revelação de seu táxi-robô de agosto para outubro. Em maio, o governo chinês ofereceu à empresa a oportunidade de testar seu serviço no país. Se o fizer, espere mais lamentações dos taxistas chineses.

Texto do The Economist, traduzido por Pedro S. Teixeira, publicado sob licença. O artigo original, em inglês, pode ser encontrado em www.economist.com

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