Dólar cai e Bolsa sobe, com dados de inflação e balanço da Petrobras no radar

Mercado também repercutia sinalizações duras de Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC

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São Paulo

O dólar tinha queda firme nesta sexta-feira (9), conforme os investidores digeriam os últimos dados de inflação, divulgados mais cedo pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Por volta das 11h36, a moeda norte-americana caía 1,28%, cotada a R$ 5,501 na venda. Já a Bolsa avançava 0,55%, aos 129.372 pontos, apesar da pressão dos papéis da Petrobras após a divulgação do balanço corporativo do último trimestre.

O mercado ainda tinha no radar falas de Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC (Banco Central), na noite de ontem.

A imagem mostra uma pessoa de costas, observando um grande painel eletrônico de cotações da Bolsa de Valores. O painel exibe informações em várias colunas, incluindo nomes de ações, preços e variações percentuais. O ambiente parece ser uma sala de negociação, com iluminação artificial e um design moderno.
Investidores observam painel com indicadores da Bolsa de Tóquio - Willy Kurniawan/Reuters

Os mercados passaram por uma semana turbulenta, desencadeada por temores de uma recessão nos Estados Unidos. Ainda que a percepção de desaceleração da maior economia do mundo tenha diminuído, a sexta-feira guarda mais um dia intenso para os investidores —dessa vez, com a cena doméstica em foco.

O IBGE divulgou nesta manhã os últimos dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação do país. A alta dos preços acelerou de 0,21% em junho para 0,38% em julho, o maior patamar para o mês desde 2021.

O resultado ficou acima da mediana das expectativas de analistas consultados pela Bloomberg, que projetavam variação de 0,35%.

No acumulado de 12 meses, IPCA acelerou de 4,23% até junho para 4,5% até julho. É justamente o teto da meta do BC para o final do ano, que persegue uma inflação em 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa básica de juros do país, a Selic, é o principal instrumento do BC para o controle inflacionário. Na ata da última reunião de política monetária da autarquia, os dirigentes ressaltaram preocupações com a trajetória da inflação e com o cenário externo incerto, deixando claro, também, que não hesitarão em aumentar os juros caso necessário.

Em evento promovido pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito, Gabriel Galípolo reforçou o recado e afirmou achar "curioso" questionamentos sobre a postura de diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Muitas vezes eu assisto um receio, uma dúvida, para usar o linguajar que eu escuto, de que os diretores indicados pela gestão do presidente Lula não poderiam votar pela elevação da taxa de juros", disse.

"Não faz muito sentido imaginar que você vai passar quatro anos sem poder fazer algo nesse sentido. Está muito claro, ao colocar na ata ‘de maneira unânime’, que todos os diretores estão dispostos a fazer aquilo que for necessário para perseguir a meta."

Favorito para suceder Roberto Campos Neto na presidência do BC, Galípolo ainda declarou fazer parte do grupo de diretores que vê o balanço de risco para a inflação à frente assimétrico, com pressão de alta.

Ele também disse que o colegiado está "totalmente dependente de dados" para a tomada de decisões, sem que seja possível dar qualquer sinalização do que será feito nas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) daqui para frente.

Com os novos dados do IPCA, agentes financeiros têm se dividido quanto às expectativas para as próximas decisões de juros.

De um lado, há quem aposte em uma nova alta —o que, em tese, é positivo para o real, pois torna o país atrativo para operações de "carry trade", quando investidores tomam recursos em países com juros baixos e reinvestem em países onde a taxa é maior.

"A expectativa é que o Banco Central mantenha uma postura cautelosa, considerando o cenário de pressão inflacionária para decidir sobre possíveis ajustes na taxa Selic até o final do ano", avalia o CEO da gestora Multiplike, Volnei Eyng, .

De outro, alguns agentes esperam manutenção dos atuais 10,50% ao ano. "Com esse dado do IPCA e a expectativa de corte de juros nos EUA, acredito que o consenso ainda é de manutenção dos juros em 2024", diz Andre Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital.

"As declarações de Galípolo ontem já vêm indicando que o Copom deve esperar novos dados para mudar a política monetária atual."

Na cena corporativa, era destaque o balanço da Petrobras, divulgado na noite de quinta-feira. A petroleira reportou prejuízo de R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre de 2024, revertendo lucro de R$ 28,8 bilhões no mesmo período do ano anterior.

O resultado foi provocado principalmente por efeitos contábeis, como o acordo para quitar dívidas tributárias de R$ 20 bilhões com a União e a alta do dólar.

Sem os efeitos extraordinários, o lucro líquido seria de R$ 28 bilhões, diz a empresa. Com o resultado, a estatal anunciou a distribuição de R$ 13,6 bilhões em dividendos a seus acionistas, valor mínimo previsto em sua política de remuneração.

As ações preferenciais e ordinárias da estatal caíam 0,86% e 0,90%, respectivamente.

Na ponta positiva, os papéis das Lojas Renner tinham alta de 5%, após reportar lucro líquido de R$ 315 milhões no segundo trimestre, acima das previsões de analistas.

O setor bancário subia em bloco. O Banco do Brasil tinha valorização de 1,14%, seguido por Itaú (0,95%), Bradesco (0,70%) e Santander (0,56%).

Na quinta-feira, o dólar fechou em queda de 0,90%, a R$ 5,573, e a Bolsa subiu 0,90%, aos 128.660 pontos. O dia foi de alívio para os investidores, após novos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos afastarem temores de recessão.

Com Reuters

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