Acompanhe a cotação do dólar nesta quinta-feira (12)

Investidores repercutem aprovação do texto-base da desoneração da folha e aguardam dados dos EUA

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São Paulo

O dólar abriu próximo da estabilidade nesta quinta-feira (12), seguindo a baixa volatilidade de outros mercados pelo mundo.

Os investidores analisam a aprovação, na Câmara, do texto-base da desoneração da folha e aguardam novos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos e a decisão de política monetária do Banco Central Europeu.

Às 9h06, o dólar tinha variação negativa de 0,01%, cotado a R$ 5,6493. Nesta quinta, o Banco Central fará um leilão de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.

Nota de dólar
Investidores aguardam novos dados do mercado de trabalho nos EUA - Dado Ruvic/Reuters

Na quarta-feira, o dólar fechou com leve queda de 0,07%, a R$ 5,649, e a Bolsa teve alta de 0,27%, aos 134.676 pontos.

A sessão foi marcada por ajustes nas apostas sobre a taxa de juros dos Estados Unidos, após dados de inflação medidos pelo PCE (índice de preços de consumo pessoal, na sigla em inglês) subirem 0,2% no mês passado, o mesmo ritmo registrado em julho.

Nos 12 meses até agosto, o indicador desacelerou para 2,5%, o menor aumento anual desde fevereiro de 2021. Analistas consultados pela Reuters esperavam 0,2% na base mensal e 2,6% na anual.

O PCE é um dos indicadores mais monitorados pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) para balizar a política monetária. A autoridade trabalha com um mandato duplo, isto é, observa de perto os dados de inflação e emprego para decidir sobre os juros. O objetivo é atingir o chamado "pouso suave", quando índices inflacionários convergem para a meta sem maiores danos ao mercado de trabalho do país.

Embora a inflação continue acima do objetivo de 2% do banco central, o PCE de agosto perdeu força em relação ao de julho, quando a base anual marcou 2,9%.

Ao mesmo tempo, o relatório de emprego "payroll" (folha de pagamento, em inglês), divulgado na sexta-feira passada, mostrou uma desaceleração ordenada e sem grandes deteriorações nas taxas de ocupação, mas ficou abaixo das expectativas de analistas e não afastou por completo temores de recessão na maior economia do mundo.

A leitura do mercado é que o Fed irá cortar os juros de forma gradual a partir da próxima reunião de política monetária, que acontece na semana que vem entre os dias 17 e 18 de setembro. A taxa está na faixa de 5,25% e 5,50% desde junho do ano passado —o patamar mais restritivo em duas décadas.

As apostas de um corte de 0,25 ponto percentual reuniam 85% dos operadores na ferramenta FedWatch, acima dos 71% de antes dos dados.

O dólar costuma se depreciar globalmente à medida que os juros dos EUA caem, já que a queda nos rendimentos da renda fixa americana estimula a busca por ativos de maior risco. Para o real, há ainda outro fator de relevância: a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano.

Desde a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em julho, dirigentes do BC (Banco Central) têm reiterado que um novo ciclo de aperto está à mesa para levar a inflação de volta ao centro da meta, caso os dados macroeconômicos indiquem necessidade.

O comitê trabalha com a meta de inflação em 3%, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional, órgão ligado ao Ministério da Fazenda) e com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a alta de preços.

Na terça-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial do país, teve queda de 0,02% em agosto. O mercado projetava leve variação positiva de 0,01%, de acordo com a agência Bloomberg.

Com os dados de agosto, o IPCA passou a registrar uma inflação menor, de 4,24%, no acumulado de 12 meses. É uma desaceleração ante a taxa de 4,5% até julho, quando estava no teto da meta trabalhada pelo BC.

A deflação, no entanto, não reverteu apostas de que a Selic irá subir já na próxima reunião do BC, também marcada para os dias 17 e 18 de agosto. A percepção do mercado foi reforçada com dados do setor de serviços, divulgados pelo IBGE na quarta-feira.

A atividade do setor avançou 1,2% em julho e renovou o patamar recorde, ante expectativa de recuo de 0,1%. O resultado reforça o cenário de uma economia forte e aquecida, com potencial de gerar pressões inflacionárias nos próximos meses.

"As apostas de aumento na Selic cresceram significativamente depois dos dados de serviços, mas o BC deve fazer isso de forma gradual e cautelosa, porque, caso se materialize, o aumento nos juros daqui coincide com a queda dos juros nos Estados Unidos", diz o economista André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online.

A cautela ainda é necessária porque "uma desaceleração mais forte da economia internacional não está totalmente fora do radar", diz Galhardo.

Com isso, operadores colocavam 91% de chance de uma alta de 0,25 ponto percentual na Selic e 9% para 0,50 ponto, segundo a agência Reuters.

Quanto maiores os juros no Brasil e menores nos Estados Unidos, melhor para o real, que se torna mais atraente para investimentos de "carry trade" —isto é, quando investidores tomam empréstimos a taxas baixas e aplicam recursos em moedas de países de taxas altas, para rentabilizar sobre o diferencial de juros.

Com Reuters

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