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Por que a Casa dos Ventos quer instalar placas solares em seus parques de energia eólica

Líder no mercado de energia renovável vê oportunidade em barateamento de painéis fotovoltaicos

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São Paulo

A Casa dos Ventos, uma das líderes no mercado de energia renovável, tem planos de instalar placas solares em vários de seus parques eólicos. A empresa enxerga que este é um bom momento para implementar a estratégia, já que o crescimento da oferta e a diminuição da demanda por painéis solares fizeram com que o preço do equipamento caísse de forma brusca nos últimos meses.

Em agosto, por exemplo, uma placa solar chegou a custar US$ 0,10 por watt em alguns mercados internacionais, segundo a BloombergNEF. Há um ano, esse valor era quase o dobro.

A imagem mostra um parque eólico com várias turbinas eólicas brancas em uma área montanhosa. O céu está claro com algumas nuvens, e a vegetação ao redor é predominantemente verde, com uma estrada de terra visível ao longo do terreno. No fundo, mais turbinas eólicas podem ser vistas se estendendo pela paisagem.
Complexo eólico Rio do Vento, operado pela Casa dos Ventos no Rio Grande do Norte - Divulgação

O primeiro caso de hibridização dos parques eólicos da Casa dos Ventos –como o processo é chamado no mercado– começará a ganhar forma nos próximos dias, quando a empresa iniciará obras em um de seus complexos na Bahia. Outras empresas já adotam o modelo, como Enel, Qair e Auren.

Serão instalados painéis com capacidade de gerar 227 MW (megawatts) de energia. Como a geração oscila devido à variação de luz solar ao longo do dia, a previsão é de que os dispositivos possam gerar 44 MWm (megawatts-médio). O projeto, de R$ 700 milhões, é uma parceria com a ArcelorMittal, que terá direito a 55% da energia gerada e comprará quase todo o restante da Casa dos Ventos.

No ano passado, as duas empresas fecharam outra parceria, de R$ 4,2 bilhões, para instalar turbinas eólicas capazes de gerar 550 MW de energia eólica (267 Mwm).Será justamente neste parque, em Morro do Chapéu e Várzea Nova, que a Casa dos Ventos instalará também os painéis solares.

A hibridização dos parques eólicos é vantajosa, porque em algumas regiões do Nordeste (onde está a maioria dos complexos no Brasil) os ventos são mais fortes durante a noite, o que impede a geração constante de energia nas manhãs e tardes. A instalação das usinas solares, portanto, aumenta a produção de energia ao longo do dia, além de utilizar as linhas de transmissão nos momentos ociosos.

Por produzir energia renovável e vendê-la no mercado livre, a Casa dos Ventos tem desconto de 50% na tarifa paga às transmissoras. O desconto é custeado pelos consumidores em geral de energia elétrica do país, inclusive os residenciais.

"Essas plantas solares híbridas são muito competitivas, porque você já tem toda a infraestrutura pronta. Já há subestação e transmissão, então é como se a solar se subsidiasse por meio daquele investimento já feito pela eólica", afirma Lucas Araripe, diretor-executivo da Casa dos Ventos.

Ao todo, a empresa tem 1,8 GW de energia eólica instalados no Brasil; a companhia não revela lucro nem receita anuais.

Até por isso, a empresa quer transformar seus outros parques eólicos em também solares. A quantidade de painéis fotovoltaicos instalados, porém, depende da região. Naqueles locais, por exemplo, onde a força do vento é constante ao longo do dia, a ideia é que sejam instaladas menos placas –caso contrário, haveria conflito de injeção na rede entre energia eólica e solar.

"Na Bahia, Piauí e Ceará, o perfil é muito noturno, então se consegue dimensionar uma planta solar maior em proporção à eólica. Agora, no Rio Grande do Norte, por exemplo, o vento é constante, então tem que botar menos placas", diz Araripe.

Segundo ele, porém, é improvável que o barateamento dos painéis faça com que a Casa dos Ventos se direcione exclusivamente para o mercado de energia solar. "O painel está no menor preço histórico, e até que ponto isso é sustentável? O preço está tão baixo que as empresas começaram a quebrar", diz. Ele acredita que o desaparecimento de algumas fabricantes na China fará com que os preços voltem a subir.

Críticas de moradores

Como a Folha mostrou em agosto, movimentos sociais e alguns moradores de áreas próximas a parques eólicos têm se incomodado com o barulho das turbinas. Em alguns casos, essas pessoas precisam colocar papel higiênico no ouvido para conseguir dormir. As críticas são referentes a parques de várias empresas no Nordeste.

Questionado sobre o assunto, Araripe disse que a empresa leva impacto social positivo às regiões. "A gente arrenda os imóveis e começa a pagar muito antes de termos receita. Além disso, ao longo da construção, a gente emprega uma série de pessoas na obra e traz muita arrecadação para os municípios, inclusive uma cadeia de serviços", diz.

"Eu não tenho dúvida que aqui [São Paulo] tem muito mais ruído. Eu moro perto do Aeroporto de Congonhas e convivo com mais ruído, com certeza."


Raio-X da Casa dos Ventos

Sócios
Mário Araripe
TotalEnergies

Empregados
Cerca de 800

Parques eólicos em operação
4, todos no Nordeste

Capacidade em operação
1,8 GW

Capacidade em construção
1,3 GW

Principais concorrentes
Enel, AES e Engie

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