Descrição de chapéu Governo Lula

Indicação de diretor que pode destravar votações na Aneel já está com Lula, diz Silveira

Colegiado da agência vive divisão de forças desde maio, quando ficou com só quatro membros

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São Paulo

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta quinta-feira (12) que o indicado pela pasta para ocupar a quinta diretoria da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) já está com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Eu já fiz a indicação. Essa indicação está no Palácio do Planalto", disse Silveira sem revelar o nome. "Tenho uma grande expectativa de que isso vai se dar o mais rápido possível. Eu trabalho para isso", acrescentou em entrevista a jornalistas após evento em São Paulo.

Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao lado do presidente Lula - Pedro Ladeira - 09.abr.24/Folhapress

Desde maio, quando o mandato de Hélvio Guerra acabou, o colegiado da Aneel vive uma divisão de forças com apenas quatro diretores.

De um lado, estão Fernando Mosna e Ricardo Tili, ligados ao ex-secretário-executivo de Minas e Energia, Efraim Cruz, que era visto como "o homem forte do setor" pelo mercado. De outro, estão o diretor-geral Sandoval Feitosa e Agnes Costa.

Nos últimos meses, votações terminaram em empate, deixando temas sem conclusão. Com a nomeação do quinto diretor, o governo acredita que será possível obter maioria para destravar projetos de interesse.

Segundo o ministro, a indicação pode dispensar a necessidade de indicar um diretor substituto para a vaga de Guerra.

Um dos temas que precisa passar pela Aneel, por exemplo, é a transferência de controle da distribuidora de energia do Amazonas para a Âmbar, empresa da holding J&F (dos irmãos Joesley e Wesley Batista).

Essa possibilidade veio após a publicação de uma MP (medida provisória) pelo governo em junho, alterando uma série de regras no mercado de energia do Amazonas.

Questionado nesta quinta sobre se o governo teria um plano B caso a Aneel votasse contra a transferência, Silveira disse que "o governo tem o plano A", que é o que foi determinado na medida provisória.

"Quem sugeriu as flexibilizações para a passagem de controle da Amazonas Energia foi a própria Aneel", destacou. "Então cabe à Aneel agora buscar, na minha opinião, e ter responsabilidade com aquilo que é o melhor para a sustentabilidade definitiva", acrescentou.

Responsável por monitorar e fiscalizar o setor elétrico do Brasil, a Aneel é vinculada ao Ministério de Minas e Energia e faz o controle de toda a distribuição de energia elétrica em território nacional.

Especialistas da área de energia comentam em caráter reservado que a Aneel tem um corpo técnico forte, mas com uma cúpula contaminada por interesses políticos e empresariais.

O processo de captura vai desde o processo de escolha dos diretores, muitas vezes por indicação do Congresso. A situação se agrava porque o setor de energia é complexo e dominado por lobbies bem estruturados.

Nos últimos meses, problemas no fornecimento de energia levantaram discussões sobre a eficácia da regulação e da fiscalização do setor no Brasil, tarefas que nacionalmente ficam sob responsabilidade da Aneel.

Levantamentos feitos ao longo dos últimos anos por órgãos como a CGU (Controladoria-Geral da União) apontam a necessidade de uma série de aperfeiçoamentos para que a capacidade do órgão seja fortalecida. Entre eles estão a melhora do orçamento, que em 2023 só destinou 0,5% dos recursos para fiscalização, e aumento no número de servidores

ANEXO C DE ITAIPU

O ministro também falou sobre a revisão do chamado "Anexo C" do Tratado de Itaipu, capítulo que define as bases financeiras da binacional. Após a quitação da dívida da construção da usina, os governos do Brasil e Paraguai começaram formalmente as negociações para revisar o anexo, e a expectativa é de que esse processo seja concluído até o fim do ano.

"Eu tenho dezenas de telefonemas trocados com o ministro Mauro [Vieira, das Relações Exteriores] e estamos marcando uma data em breve para apresentar um esboço daquilo que foi construído pela parte brasileira e consensuar com a parte paraguaia", afirmou.

As altas partes se comprometem a concluir a revisão do Anexo C até 31 de dezembro de 2024.

"O anexo C deve refletir o acordo que nós fizemos com o Paraguai. Caso ele não reflita esse acordo, eu posso inclusive pensar em revisão tarifária", disse.

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