No último mês de março, foi lançada no Brasil uma plataforma que conecta donos de piscinas ociosas a quem deseja alugá-las por algumas horas. Chamado Dovizin, o site tem uma dinâmica semelhante à do Airbnb: o usuário encontra fotos das opções e suas informações, como localização e preço.
Mas, em vez de um quarto ou um imóvel inteiro, o anfitrião disponibiliza a piscina e eventuais áreas anexas, como churrasqueira e sauna. Os preços variam de R$ 20 a R$ 300 a hora, dependendo do espaço.
Para criar o negócio, o empresário Marcos Vieira, 41, se inspirou na Swimply, plataforma de aluguel de piscinas que nasceu nos Estados Unidos em 2018 e já se expandiu para Austrália e Canadá. Mas, antes de trazer a ideia para o Brasil, ele pesquisou a fundo o mercado nacional.
"Somos o segundo país no mundo com mais piscinas residenciais. Temos 3 milhões de unidades", diz.
Em cinco meses, o empreendedor foi da ideia ao lançamento do serviço. Para isso, contou com o apoio de um sócio —que só investiu no negócio, mas não se envolveu na operação. Os dois investiram cerca de R$ 250 mil no desenvolvimento da tecnologia.
Quando o site entrou no ar, havia 20 locações disponíveis. Hoje, são mais de 50, a maioria delas no estado de São Paulo. Mas há opções em 13 estados e no Distrito Federal.
No momento, o empresário tem dois objetivos principais: pôr a tecnologia à prova e ampliar o portfólio. Quando o próximo verão chegar, ele espera ter 2.000 piscinas cadastradas em todo o país.
Os donos das casas têm a liberdade de definir o preço, os dias e horários em que aceitam reservas, além do número máximo de usuários. Escolhem, ainda, se permitem o consumo de cigarros e bebidas alcoólicas, bem como a presença de animais de estimação.
“Os hóspedes não acessam o interior do imóvel”, afirma Marcos. Desde que haja alguém para fazer o check-in e o check-out, o dono não tem a necessidade de estar em casa.
Ao alugar sua piscina, o proprietário faz uma renda extra que pode cobrir os custos fixos de manutenção e ainda deixar algum lucro. Essa foi uma das razões para a psicóloga e produtora rural Bruna Fiori, 34, aderir à Dovizin na condição de anfitriã de uma área de lazer no sítio onde mora em Santa Isabel, a 45 minutos de São Paulo.
Além da piscina de 6x3 m, o local conta com churrasqueira, mesa para refeições, chuveiro e quadras de futebol, vôlei e tênis. O preço cobrado por Bruna, R$ 20 a hora, vale para cinco pessoas, mas ela aceita até 14 convidados, sendo que cada pessoa extra paga mais R$ 5 por hora.
Atualmente, essa é a opção mais barata na plataforma. “Logo que me cadastrei, pedi um valor mais alto, mas aí não veio ninguém. Então abaixei e logo surgiu uma reserva”, conta.
“Já tenho que arcar com a manutenção do lugar, então é melhor ganhar pouco do que nada”, afirma. “Como aqui é um sítio, ninguém virá para ficar só por uma horinha.”
Desde que respeitem um intervalo de 60 minutos entre um grupo e outro, os anfitriões podem ter mais de uma locação por dia. “O intervalo serve para que higienizem o espaço e deixem tudo arrumado para os hóspedes seguintes”, explica Marcos.
Uma hora é o tempo mínimo de reserva padronizado pela Dovizin, porém os proprietários das casas podem definir um mínimo próprio, como fez a jornalista Sabrina Costa, 57. Dona de uma casa no Lago Sul de Brasília, ela só libera sua piscina e o quiosque de churrasqueira para quem os contrata por duas horas pelo menos, ao custo de R$ 80 a hora (para cinco hóspedes).
Além de ficar com 10% da soma recebida pelo anfitrião, a plataforma cobra mais 15% do hóspede, valor identificado na conta como taxa de serviço.
“Estamos seguindo à risca o nosso plano de negócio, que projeta um faturamento bruto de R$ 220 mil no primeiro ano”, afirma Marcos, que diz estar em busca de investidores para escalar seu negócio.
“Percebemos a oportunidade de oferecer um serviço até agora inexistente no país e com um mercado enorme, pois a maioria das pessoas gosta de piscina, mas poucos têm acesso a uma."
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