Selos veganos sinalizam que produto não foi testado em animais

Certificações são emitidas por organizações brasileiras e internacionais

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São Paulo

Assim como etiquetas que indicam se uma embalagem é reciclável ou se o alimento é orgânico, outros tipos de selo têm estampado produtos de origem vegetal. São as certificações veganas e "cruelty free" (livre de crueldade animal), que indicam não haver traços de animais nem testes com bichos no desenvolvimento.

Concedidas por entidades nacionais, como a SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), ou internacionais, a exemplo da Peta (People for the Ethical Treatment of Animals; pessoas pelo tratamento ético de animais, na sigla em inglês), as chancelas são cobiçadas por empreendedores. Mas é preciso pagar para obtê-las.

"O custo da certificação leva em consideração fatores como a complexidade de avaliação dos insumos e a quantidade de produtos, sendo um valor variável", afirma Anderson Rodrigues, fundador da empresa alimentícia Vida Veg.

Duas vacas de botas tomam drink em bar
Catarina Pignato

O gasto parte de R$ 850 —esse é o piso da taxa anual de licenciamento para ostentar o Selo Vegano, da SVB. Em sua página na internet, a entidade diz que mais de 3.000 produtos trazem a sua certificação no Brasil.

O primeiro passo para a obtenção do selo é informar o nome do produto e toda a sua composição pelo email selo@svb.org.br e aguardar o orçamento e as instruções para o envio da documentação e das amostras.

A primeira análise leva de 30 a 90 dias, segundo a SVB. Caso sejam necessários esclarecimentos adicionais, a empresa será acionada e um novo prazo será estabelecido. Se o produto for aprovado, poderá receber o Selo Vegano.

Para obter um selo internacional, o caminho é mais longo. No caso da Laces and Hair, que desenvolve produtos para cabelo, levou cinco meses.

"Há algum tempo estávamos em busca de uma certificadora e encontramos a Vegan Society. Entramos em contato, contamos sobre todo o nosso processo e eles enviaram um questionário", diz Itamar Cechetto, presidente-executivo da Laces.

O passo seguinte foi o envio da lista de produtos que seriam certificados, bem como seus ingredientes. "Eles foram perguntando qual procedência [dos ingredientes], quais derivados e mais algumas informações."

A Laces não revela quanto foi investido para a conquista do selo. O rigor para obtenção do certificado foi considerado correto por Cechetto.

"Aquelas certificadoras que atuam simplesmente por meio de relatórios carregam uma dose de vulnerabilidade por não irem a fundo nas auditorias e não entenderem ‘in loco’ as práticas do [produto que foi] certificado."

Os procedimentos necessários justificam os valores. Mesmo a Peta, que afirma oferecer um serviço gratuito de verificação, cobra uma taxa de US$ 350 (cerca de R$ 1.650) para que sua logomarca seja estampada nos produtos.

Para as empresas, possuir uma certificação confiável é uma forma de se aproximar de um público em potencial. Breno Soutto, diretor de inteligência da consultoria ElifeGroup, diz que o interesse pelo veganismo está consolidado.

"Em um estudo sobre tendências em alimentação que fizemos em 2017, percebemos o aumento da busca por esses temas. Desde então, marcas com produtos veganos, que eram de nicho, foram compradas por grandes indústrias, como Unilever e Coca-Cola", afirma Soutto. "Há uma fatia de mercado grande gastando dinheiro nesse setor."

A advogada Marilia Golfieri, especializada em certificações do Sistema B (que balizam a organização econômica das empresas a partir do bem-estar da sociedade e do planeta), lembra que existem empresas que, apesar das chancelas, estão distantes dos desejos do público.

"Há uma série de selos que não seguem um padrão internacional, e cabe ao consumidor olhar se é algo apenas vinculado ao marketing ou se é, de fato, uma preocupação."

A profissional diz que, devido aos custos, há certificações inatingíveis para pequenas empresas, enquanto outras, como a da Associação Brasileira de Veganismo, são proporcionais ao faturamento.

Para Anderson Rodrigues, da Vida Veg, obter uma certificação confiável é importante para a imagem do negócio.

"Dá uma garantia para o consumidor de que a empresa cumpre o que ela promete, e isso valoriza o conceito da marca", conclui.

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