Descrição de chapéu maternidade

Depoimento: Preciso comprar ou saber tudo para ser uma boa mãe?

Excesso de informações nas redes pode mais confundir do que ajudar futuras mamães

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São Paulo

Por mais desejada e esperada, uma gestação traz consigo um mundo de possibilidades, inseguranças e uma gama imensa de coisas para aprender e realizar durante nove meses —na verdade 40 semanas. Isso sem falar na necessidade de manter a vida "de antes" frente aos desafios que as mudanças hormonais impõem ao nosso corpo.

Sendo mãe de primeira viagem me deparo diariamente, como imagino que ocorra com minhas pares —mães que navegam nas redes sociais—, com um bombardeio de informações.

Basta clicar em um anúncio daquele produto fofo sobre bebês ou em uma postagem bonitinha e se prepare para passar a receber dali em diante apenas esse tipo de conteúdo. Não importa se a princípio você não faz a menor ideia do que estão falando, as repetidas vezes que recebe tais mensagens te convencerão de que só será uma boa mãe se comprar aquele produto ou contratar tal serviço.

Grávida toca a própria barrica com o dedo indicador
fotoduets - stock.adobe.com

Embora seja jornalista e esteja acostumada a receber um grande volume de informações todos os dias, o tema em si começou a me causar certa ansiedade, uma vez que mexe diretamente com nosso lado emocional.

Afinal, há de se colocar na balança que hoje não ouvimos mais os palpites sobre maternidade apenas das tias, primas, mães e avós, mas de todos os lados.

Desconhecidos surgem nas telas dos nossos celulares oferecendo as "melhores dicas, serviços e produtos" quando o assunto é gestação e maternidade.

Acessar conteúdos, muitas vezes em parte gratuito, pode deixar a futura mãe ainda mais confusa. Há posts que defendem uma tese e outros que dizem o contrário. Diante disso em quem acreditar?

Obviamente devemos considerar que muitos conselhos vêm de especialistas da área e devem ser ouvidos, mas é essencial filtrar as informações para entender o que realmente é essencial nessa jornada ainda tão desconhecida.

Caso contrário, você pode ficar pensando: "Preciso saber disso e daquilo". Ou fazer assim assado para manter a cria viva. Minha filha nem nasceu, mas já descobri que a culpa acompanha as mães desde sempre, que só aumenta diante da cobrança externa.

Passado o bugue inicial, percebi que era a hora de respirar, me desligar um pouco da internet e analisar minhas escolhas, inclusive sobre o que estava fazendo com o meu tempo livre. Conversei com amigos que são mães e pais sobre em que valeria mais investir e o que era mera propaganda. Fiz listas do que realmente achava possível arcar financeiramente.

Colocados os excessos de lado, ao longo dessas 35 semanas —oito meses, já indo para a reta final da gestação—, optei por contratar um curso sobre cuidados com o bebê, focado em amamentação, mas que aborda diversos pontos, inclusive primeiros socorros, ministrado por profissionais da saúde, que custou R$ 100, e poderá ser acessado por um bom período. Assim, embora enfatizem a importância de absorver todas as aulas antes da chegada do bebê, é possível revisar pontos específicos, se necessário, mais adiante.

Nessa busca por uma formação básica para maternar fiquei em dúvida se faria também um curso sobre o sono do bebê, mas como ainda não consegui finalizar nem o primeiro achei melhor ir devagar para não misturar alhos com bugalhos.

Outro serviço que optamos (eu e meu marido) priorizar foi o ensaio fotográfico, pela importância de registrar essa fase em nossas vidas. Dá um trabalhinho pesquisar o melhor custo-benefício, pois a oferta é enorme, mas, no final das contas, acho que valeu a pena o investimento.

Fizemos o chá revelação já aos seis meses de gestação e naquela altura não tínhamos comprado nenhuma peça do enxoval. Muitos nos chamaram de malucos, mas foi um bom tempo para analisarmos as ofertas, conversar com pessoas e saber o que realmente seria necessário para esses primeiros meses. Depois, é só repor o que for preciso.

Para quem estiver em dúvida sobre fazer ou não chá revelação, de fralda ou de bebê penso que, embora seja preciso um investimento, é possível para todos os bolsos. Para nós foi um momento muito importante para dividirmos nossa alegria com familiares e amigos. E sempre é possível contar com a generosidade e ajuda de quem gosta da gente, inclusive para organizar os detalhes ou servir os convidados.

Por vezes os papais também são surpreendidos com presentes de amigos do trabalho, como foi nosso caso.

Para não dizer que sou contra as dicas dadas nas redes, aceitar ajuda é uma das sugestões mais comuns, e já é meio caminho andado para a fase pós-parto e para a formação de sua futura rede de apoio.

Estou longe de saber tudo, mas me apego a duas máximas: 1) ao nascer uma criança, nascerá também uma mãe; 2) não serei a mulher maravilha da maternidade. Com amor e carinho, vamos aprendendo mais dia após dia. Siga firme, pois essa nossa jornada está apenas começando.

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