Descrição de chapéu maternidade

Empresas reinventam chá de bebê com presentes virtuais e serviço de recreação

Mercado de eventos relacionados à gravidez se transformou e ganhou novas empresas no pós-pandemia

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São Paulo

O mercado de eventos relacionados à gravidez, como chá de bebê e chá revelação, ganhou novas configurações nos últimos anos por conta da pandemia. A realização de festividades online fez com que empresas que já atuavam na área precisassem se readaptar, e muitas outras entraram no mercado graças a esse novo formato.

Segundo Giuliana Isabella, professora de marketing e comportamento do consumidor do Insper, os negócios que possibilitavam comemorações virtuais foram impulsionados devido às novas necessidades dos consumidores.

"As pessoas queriam um momento especial, mas não estavam próximas da família e dos amigos. Tem também a questão dos presentes, elas já estavam acostumadas a contar com uma ajuda do chá de bebê para montar o quarto da criança ou ganhar fraldas", diz a professora.

Uma mulher loira, veste uma camisa preta, um avental e uma boina brancas, ela utiliza uma fita métrica para medir o tamanho da barriga de uma mulher grávida. A mulher grávida usa um vestido branco, ela tem cabelos castanhos, que estão presos em um rabo de cavalo
A empresa AnimaChá realiza atividades para o entretenimento dos convidados durante festas de chá de bebê - Lygia Perez/ Acervo Pessoal

Mesmo com a volta das atividades presenciais, muitas das facilidades proporcionadas por esse novo modelo se mantiveram na lista de desejo dos clientes. Festas online ou híbridas possibilitam a participação de pessoas distantes, e listas de presentes virtuais facilitam a troca de itens ou evitam compras desnecessárias.

O mercado em expansão impulsionou empreendedores. José Koga, 58, era proprietário de uma farmácia havia 18 anos na Consolação, em São Paulo, quando percebeu que havia uma procura muito grande por presentes para chá de bebê no estabelecimento. Segundo ele, muitos funcionários de empresas da região juntavam dinheiro e compravam itens para presentear colegas de trabalho que estavam grávidas.

"Percebemos esse nicho no mercado e veio a ideia de lançar uma ferramenta para facilitar esse processo. Em vez das pessoas juntarem um valor e nos procurarem, criamos uma lista de presentes em que cada uma podia fazer sua própria compra", diz ele.

Por meio do site Chá Fralda, os clientes montam uma lista a partir do catálogo de produtos da farmácia e compartilham com os convidados. Após um período determinado, todos os itens adquiridos são entregues para os pais em dia e local combinados.

Segundo o proprietário, não há um valor mínimo de compra, com itens disponíveis a partir de R$ 4,50. Para listas que somem mais de R$ 500 em produtos adquiridos, a empresa dá uma cesta de itens de presente para os pais.

O Chá Fralda entrou no ar em 2018, mas viu a procura crescer muito em 2020. Nos cinco anos de atividade, mais de 10 mil listas de presente já foram criadas através da plataforma. Hoje, a empresa faz entregas em todo o estado de São Paulo.

A plataforma funciona junto com a farmácia e ajudou a aumentar as vendas da loja, que antes atendia apenas em seu bairro.

Segundo Débora Shiroma, 35, gerente de relacionamento da Chá Fralda, o principal diferencial da empresa é o relacionamento próximo com os clientes.

"O acompanhamento que nós fazemos, principalmente no pós-venda, é muito importante. A pessoa ligar e ter um ser humano que atenda o telefone e tire as dúvidas é algo cada vez menos comum e que cria proximidade. A gente entende que é um momento especial e se engaja para fazer parte dessa confraternização", diz ela.

Outro serviço que oferece listas de presente para chá de bebê é o iFraldas, de Juiz de Fora (MG). O site permite que os pais façam uma lista de itens desejados e compartilhem com amigos e familiares. O valor das mercadorias é recebido em dinheiro.

Milene Guerson, 41, fundadora e CEO da empresa, era servidora pública antes de criar o iFraldas. Segundo ela, a opção de receber os presentes em dinheiro evita uma série de inconvenientes comuns dos chás de bebê tradicionais.

"Antes de o bebê nascer não tem como saber como será o desenvolvimento dele. A criança pode ter alergias ou não se adaptar a alguma marca de fralda. Ainda tem o problema de logística para transportar e armazenar tudo. Com o dinheiro, a mãe pode testar produtos diferentes e ir comprando conforme for preciso", diz.

A ideia para criar o iFraldas surgiu em 2016, quando Milene estava grávida de gêmeos e realizou seu chá de bebê. Em 2018, com os filhos um pouco maiores, ela decidiu tirar o projeto do papel e procurar uma empresa para criar o site, que começou a funcionar em 2019.

Em 2022, a empresa teve um faturamento de R$ 7 milhões e um crescimento de 30% em relação ao ano anterior. Para este ano, a CEO projeta um desempenho ainda melhor, com um aumento de cerca de 50% em comparação com o ano passado.

Segundo Milene, mesmo com a retomada de festas presencias, muitas mães ainda optam pelas comemorações a distância. Metade das listas de presente feitas pelo iFraldas hoje ainda são para chás online.

"Demorou um tempo para as pessoas entenderem que o iFraldas não era algo da pandemia. Nós fizemos um posicionamento de marca forte nesse sentido, para mostrar a utilidade do nosso serviço mesmo para eventos presenciais e tem funcionado", afirma a CEO.

Quem decidir realizar o evento de forma presencial pode ter a ajuda da AnimaChá, especializada na animação dos mais diversos tipos de chás.

A empresa foi criada por Nivea Sutter, 36, que trabalhava com recreação e se deparou com a ausência de serviços específicos quando foi casar e precisava organizar o seu chá de panela. Ela se juntou à irmã e tirou a ideia do papel.

"Nós pesquisamos, pegamos brincadeiras que a gente já conhecia, e criamos um serviço que tem a proposta de não expor ninguém. A ideia é integrar os convidados e fazer as pessoas se divertirem, mas sem aquela coisa de ficar enfiando a cara na farinha ou sendo pintada, como acontecia antigamente", diz ela.

Segundo Nivea, uma das atividades mais pedidas é a competição entre o pai do bebê e convidados de quem bebe mais rápido uma mamadeira cheia de cerveja.

Outras opções de atividades são competição de quem adivinha o número de chupetas em um recipiente, o peso de um pacote de fraldas e o tamanho da barriga da mãe da criança. Também é feita uma espécie de quiz entre os pais com perguntas sobre o universo infantil.

Além da animação específica para chás, ela tem uma outra empresa que faz animação de festas infantis. O faturamento das duas no último ano foi de R$ 400 mil. O tíquete médio dos serviços com chá de bebê é de R$ 1.400. Ela faz, em média, seis chás por mês.

O negócio, que tem 11 anos, teve um crescimento de 285% em 2022 em relação ao ano anterior. A empresa apenas eventos em São Paulo e na região metropolitana, mas, por ser um mercado com poucas empresas especializadas, muitos clientes de outros lugares a procuram para fazer orçamentos. "Acaba ficando um custo muito alto para o cliente, então ele não contrata. Mas, se pagar, a gente vai", diz Sutter.

O casal de engenheiros mecânicos Marcela, 31, e José Roberto Siffert, 38, contratou os serviços de Nivea para o seu chá de bebê. Eles encontraram a AnimaChá na internet. Marcela diz que queria algo diferente para divertir seus convidados. "Não queria que fosse apenas comer, beber e ir embora."

Para os dois, o principal diferencial foi o atendimento atencioso desde o primeiro contato até a realização do evento. "O dia foi maravilhoso, melhor do que eu esperava. Elas foram muito divertidas e bem humoradas, fazendo com que todo mundo se sentisse à vontade. Os convidados adoraram a ideia das brincadeiras", diz.

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