Clínicas de estética firmam parcerias com fornecedores e barateiam procedimentos

Franquias também parcelam aplicações de toxina botulínica e de preenchedores para alcançar mais clientes

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São Paulo

As clínicas estéticas voltadas a tratamentos com toxina botulínica —o popular botox— e outros preenchedores se popularizaram nos últimos anos graças a parcerias com fornecedores, que ajudaram a reduzir o custo da matéria-prima e a melhorar condições de pagamento para os clientes. A abertura de um negócio na área, porém, exige cuidados para além dos já praticados no setor de franchising.

As franquias de saúde, beleza e bem-estar faturaram cerca de R$ 12,4 bilhões no primeiro trimestre de 2023, alta de 27% em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com a ABF (Associação Brasileira de Franchising).

Foto mostra um homem dentro da sala de uma clínica estética, sentado em uma maca
Ricardo Matiusso, diretor da Botocenter, em unidade da empresa na zona sul de São Paulo - Lucas Seixas/Folhapress

Fundada em 2019, a Botocenter tem 34 lojas operadas por 18 franqueados e pretende chegar a 50 filiais durante 2023. No início, a atividade da empresa era concentrada na aplicação de toxina botulínica. Durante a pandemia, incluiu bioestimulador de colágeno e preenchimentos com ácido hialurônico no portfólio —ainda assim, a toxina corresponde a 75% das vendas.

Ricardo Matiusso, diretor-executivo da Botocenter, atribui a disseminação das clínicas e dos serviços estéticos à diminuição do custo dos produtos e à facilitação do pagamento para o cliente final —na rede, é possível parcelar a compra com cartão de crédito ou Pix, por exemplo.

"Esses procedimentos estavam muito concentrados na classe A, mas percebemos que havia demanda entre outros públicos e conseguimos reunir fornecedores para reduzir o preço do insumo por meio da compra por escala."

Segundo Matiusso, o fabricante dos insumos utilizados dá suporte também para treinar os profissionais —nesse caso, dentistas— responsáveis pelas injeções. O "efeito Zoom" é mais um fator que elevou a demanda nas clínicas, que receberam mais pacientes com queixas ligadas à percepção de imagem em videochamadas na pandemia, diz.

Profissional da Botocenter simula aplicação de toxina botulínica em cliente, em uma clínica na zona sul de São Paulo
Profissional da Botocenter avalia aplicação de toxina botulínica em cliente em clínica na zona sul de São Paulo - Lucas Seixas/Folhapress

Franqueado desde 2020, Ednaldo Vasconcelos, 63, notou maior interesse de homens pelos procedimentos, mesmo que as mulheres ainda sejam o principal público. Ele opera seis clínicas em Fortaleza —quatro estão em shoppings, mas a mais recente foi inaugurada em um prédio comercial de Maracanaú, na região metropolitana, neste mês.

Somadas, as cinco unidades mais antigas atendem cerca de 2.000 pessoas por mês, e cada filial fatura em média R$ 220 mil. No ano passado, o faturamento e o número de atendimentos cresceram 30%.

Os mesmos fatores são citados por Rodrigo Nunes, CEO da Ad Clinic, como razões para a expansão das franquias de estética. Além de procedimentos faciais, a marca dispõe de protocolos para o corpo, como depilação a laser.

A empresa foi fundada em 2014 e se transformou em rede de franquias após cinco anos. Em 2022, a Ad Clinic iniciou um processo de reestruturação e, além das três opções de negócio já existentes, lança na ABF Franchising Expo 2023 um modelo exclusivo para profissionais de estética.

O formato tem custo menor, com investimento inicial a partir de R$ 152 mil, e oferece a possibilidade de faturar, em média, R$ 80 mil. Um dos diferenciais, ressalta Nunes, é a isenção da taxa de franquia no primeiro ano de operação.

"Hoje, os profissionais são muito bons tecnicamente, mas têm muita dificuldade na gestão. Por isso, queremos dar treinamentos, capacitações e suporte em administração, para que a pessoa consiga ter uma boa condução e trabalhar com qualidade no atendimento."

As 50 unidades abertas da Ad Clinic fazem cerca de 50 mil aplicações de toxina botulínica por ano. Além da substância, os preenchedores também são muito demandados nas filiais, que têm biomédicos como responsáveis técnicos. Como na Botocenter, a aquisição dos insumos em grande quantidade reduz os preços, e é possível parcelar o serviço com cartão de crédito ou boleto bancário.

"Os clientes procuraram mais tratamentos estéticos na pandemia, porque puderam se ver mais pelas câmeras. Tivemos um crescimento não só no número de franquias, mas em vendas. Antes, havia mais demanda por procedimentos para o corpo."

Elisete Crocco, coordenadora do departamento de cosmiatria da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), afirma que os procedimentos precisam se tornar mais acessíveis, mas questiona o modo de operação dos negócios. Na opinião da especialista, muitas vezes os serviços são vendidos de maneira massificada e podem carecer de planejamento individualizado.

"Essas franquias oferecem preços baixos e parcelamentos longos. Por decisão própria ou talvez por sedução de quem o atende, o paciente escolhe quais áreas serão tratadas e o que será feito."

Segundo Crocco, o mais indicado é consultar um dermatologista antes de realizar uma aplicação. Um dos principais riscos de erros na injeção, diz ela, é a paralisação temporária de músculos que não deveriam ser afetados, como os responsáveis pelo movimento de elevação da pálpebra.

Além de aspectos comuns ao modelo de franchising, o empreendedor do segmento deve atentar para a responsabilidade técnica da filial, para a origem do insumo e para questões éticas ao abrir uma franquia de estética, diz Sandra Fiorentini, consultora de negócios do Sebrae-SP.

"Todos querem faturar, mas às vezes um procedimento não indicado pode ser vendido pela ânsia de fechar um contrato. É preciso ser ético para evitar a banalização de procedimentos estéticos."

Matiusso, da Botocenter, afirma que os especialistas que estão nas clínicas são treinados para orientar sobre o tratamento preventivo. "E, se não existe a necessidade, jamais vamos querer vender algo que não é preciso."

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