Clínicas veterinárias incorporam especialidades de olho em tutores exigentes

Espaços ofertam atendimento de pets por cardiologistas, além de terapias alternativas como homeopatia e reiki

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Roberto Saraiva
São Paulo

Clínicas veterinárias de pequeno e médio porte têm oferecido especialidades médicas para melhorar a qualidade do atendimento, aproveitando avanços tecnológicos e na formação dos veterinários. Assim, fidelizam uma clientela cada vez mais exigente no cuidado com seus animais de estimação.

Em um processo similar ao da medicina humana, clínicos gerais fazem a ponte entre os animais doentes e disciplinas que vão de cardiologia a oncologia, passando por homeopatia e reiki.

A veterinária Vanessa Carvalho, 47, aproveitou a tendência em seu início para abrir, em 2012, uma clínica onde oferece apenas especialidades, a Smile4Pets, na zona oeste de São Paulo. São 18 opções, como endocrinologia, neurologia e oftalmologia.

"Quando comecei não havia concorrentes. A gente encontrava médicos especializados em hospitais veterinários, mas fui uma das primeiras a abrir uma clínica só disso. É algo novo", conta ela, que coordena o curso de pós-graduação em odontologia da Anclivepa-SP (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais), pioneiro no país.

Billy, um corgi de 7 meses, na clínica Smile4Pets, em São Paulo
Billy, um corgi de 7 meses, na clínica Smile4Pets, em São Paulo - Lucas Seixas/Folhapress

Segundo Karen Assunção, 50, veterinária cirurgiã e especializada em oncologia, a mudança veio por causa do espaço cada vez maior ocupado pelos pets nas famílias, cada vez menores.

"Vinte anos atrás o cachorro comia polenta e morava no fundo do quintal. Ontem o meu fez hemodiálise."

Ela lembra de sua entrada no mercado, há 27 anos, quando exames de ultrassom não faziam parte da rotina —hoje há uma versão portátil do aparelho. "É um conjunto de coisas, de avanço tecnológico e mudanças sociais. Além do barateamento dos equipamentos e do aumento de cursos na área."

Na maior parte dos vezes, o médico especializado —o título de especialista ainda não é concedido para todas as áreas pelo CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária)— trabalha de maneira terceirizada e itinerante em clínicas e hospitais, geralmente sob demanda.

É o caso de Karen, que atua em São Paulo. "Vou toda segunda a um hospital. Na terça, estou em outro. Na quarta, atendo em clínicas e quinta e sexta dou aulas", conta ela, que coordena o curso de pós-graduação em oncologia na Anclivepa-SP.

A cirurgiã veterinária e dentista Nicole Casara, 38, adota o mesmo sistema em sua clínica, a Vet Klabin, na zona sul de São Paulo.

"Os médicos especializados vão quando precisamos, nenhum tem horário fixo, tirando o cardiologista. Como fazemos bastante cirurgia, os check-ups de coração têm muita demanda por serem parte do pré-operatório."

A unidade conta com uma equipe fixa de clínicos gerais e combina áreas tradicionais como dermatologia e nefrologia com terapias complementares como reiki e cromoterapia.

Vanessa, da Smile4Pets, afirma que, como as especialidades não fazem parte da rotina diária, as clínicas não podem manter um funcionário em regime CLT por questões de vínculo empregatício. Em seu espaço, a maioria dos profissionais ganha uma porcentagem do serviço.

Apenas quem tem grande volume de pacientes pode escolher trabalhar com horário fixo, ainda que em várias clínicas. A dentista veterinária Claudia Youle, 54, trabalha na área há cerca de 20 anos, no Rio de Janeiro, e hoje atende com dia marcado em três locais.

"Com o passar do tempo, você vai vendo onde tem mais entrada, onde entendem mais a importância do seu trabalho", conta. Segundo ela, problemas bucais e odontológicos atingem 80% dos cães e 70% dos gatos a partir dos quatro anos de idade.

Para outros profissionais o sistema itinerante é a melhor opção. "Não tenho despesa nenhuma com aluguel, água, funcionários. Para nós, terceirizados, é uma vantagem gigantesca, e é bom porque a gente nunca está na rotina. Eu também não carrego muito equipamento", conta Karen.

Para Vanessa, da Smile4Pets, o gasto das pequenas e médias clínicas com a ampliação de seu portfólio de especialidades varia muito.

"Eu não fiz grandes investimentos nas áreas clínicas. E é assim na maioria dos lugares. Para oferecer odontologia preciso de um centro cirúrgico equipado para isso. Se não for suficiente para as necessidades do especialista, ele busca outro local para operar."

A Smile4Pets investe em marketing digital para captar diretamente o cliente e no relacionamento com os clínicos gerais, responsáveis pelo encaminhamento.

Ela acrescenta que a maior parte dos atendimentos ocorre em consultórios simples e certos exames, como alguns de imagem, são feitos com equipamentos portáteis.

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