Venezuela e Colômbia retomam relações; Chávez promete combater grupos armados
Os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da Venezuela, Hugo Chávez, decidiram "relançar e restabelecer" as relações diplomáticas, rompidas em 22 de julho e há mais de um ano congeladas. A declaração conjunta foi feita ao fim de uma reunião nesta terça-feira em Santa Marta, na Colômbia.
Na Colômbia, Chávez declara "amor" ao país vizinho e promete paz "custe o que custar"
"Faremos todo possível por relação com Venezuela", diz presidente colombiano
Encontro de Santos e Chávez abordará Farc, EUA e dívidas, diz chanceler colombiana
Líderes de Colômbia e Venezuela aguardam encontro com cautela
Efe | ||
Da esquerda para direita: secretário-geral da Unasul, Néstor Kirchner; chanceler colombiano, Nicolás Maduro; presidente Hugo Chávez; presidente Juan Manuel Santos; e chanceler colombiana, María Ángela Holguín |
"Os presidentes de Colômbia e Venezuela concordaram em relançar a relação bilateral restabelecendo as relações diplomáticas entre os dois países, com base em um diálogo transparente e direto, privilegiando a via diplomática", afirma o texto lido antes de uma declaração dos presidentes.
Caracas rompeu relações diplomáticas com Bogotá no último dia 22, ao ser acusada perante o Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos) de permitir em seu território a presença de 87 acampamentos com 1.500 guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do Exército de Libertação Nacional (ELN).
Santos considerou que "o resultado das conversas foi muito positivo".
Santos afirmou que é "um momento importante para Colômbia e para as relações entre Colômbia e Venezuela. Eu celebro muito esse encontro no dia de hoje com o presidente Chávez, duas pessoas que tiveram o que tivemos, tantas diferenças frequentes, que decidem virar a página e pensar no futuro de nossos países e nossos povos", disse Santos.
Santos recebeu Chávez na cidade de Santa Marta, histórico balneário caribenho onde morreu Simón Bolívar, herói da independência dos dois países. A reunião foi decidida domingo em Bogotá pelos chanceleres dos dois países, um dia depois da posse de Santos.
PROMESSA DE CHÁVEZ
Chávez se comprometeu diante de seu colega colombiano "a não permitir a presença de grupos armados em seu território", afirmou o colombiano nesta terça-feira.
"O presidente Chávez me reiterou hoje que não vai permitir a presença de grupos armados em seu território. Creio que é um passo importante para que essas relações se mantenham sobre bases firmes", disse Santos à imprensa.
Por sua vez, Chávez afirmou que seu governo "não apoia, nem permite, nem permitirá, presença de guerrilha, nem terrorismo, nem narcotráfico em território venezuelano".
"Eu lhe peço que acredite em mim, como eu acredito nele (Santos). Patrulhamos, não conseguimos (identificar) nenhum acampamento guerrilheiro, mas também é certo que as tropas venezuelanas enfrentaram a guerrilha colombiana em mais de uma ocasião, temos nossos mortos também", ressaltou.
"Temos que lidar com todos esses fenômenos nas fronteiras, mas que não continuem nos acusando de que nós os apoiamos", disse Chávez.
"Não deixemos que amanhã as intrigas, os relatórios, as coordenadas e não sei quantas coisas nos permitam voltar a brigar", declarou, em alusão às acusações colombianas de que guerrilheiros tinham abrigo em solo venezuelano com base em coordenadas de supostos acampamentos das guerrilhas.
ACORDO
Os países vizinhos concordaram em "avançar em benefício dos dois povos", especialmente nas zonas de fronteira. Par isso, concordaram em criar cinco comissões de trabalho: para o pagamento de dívida e estímulo das relações comerciais; para um acordo de complementação econômica; para desenvolver investimentos sociais na zona de fronteira; para o desenvolvimento conjunto de infraestruturas; e para proteger a segurança da fronteira.
Fernando Llano/AP | ||
Chávez (à esq.) conversa com Santos, durante cerimônia de boas vindas na Quinta de San Pedro Alejandrino |
Com esses mecanismos, segundo a declaração, se "busca prevenir a presença e ação de grupos armados à margem da lei" e "aumentar a presença de ambos os Estados na zona de fronteira".
O processo será acompanhado pela Unasul.
LEGISLATIVO
O presidente do Congresso colombiano, Armando Benedetti, anunciou que, com a permissão do Executivo, viajará no sábado a Caracas para "ajudar" no processo de restabelecimento pleno das relações diplomáticas e comerciais, informou seu gabinete.
"Para a reunião temos como marco os seguintes objetivos: respeitar para que nos respeitem, apoiar o presidente Juan Manuel Santos como único responsável das negociações do processo de paz e buscar um compromisso com o governo venezuelano para acabar com o terrorismo e o narcotráfico", disse Benedetti em comunicado.
Benedetti revelou também que já começaram os contatos entre o Congresso colombiano e a Assembleia Nacional da Venezuela.
"Falei com vários funcionários e há um interesse em melhorar as relações diplomáticas e comerciais com a Colômbia."
"O Congresso está disposto a fazer esforços pertinentes para alcançar a paz e a harmonia com nossos países vizinhos, sempre e quando se conta com a aceitação e apoio do governo nacional", disse Benedetti.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis