Descrição de chapéu Coreia do Norte

Para embaixador sul-coreano, diálogo com Norte deve incluir EUA

Lee Jeong-gwan diz que envio da irmã à Olimpíada prova que Kim Jong-un quer diálogo

O embaixador da Coreia do Sul no Brasil, Lee Jeong-gwan, em seu gabinete, na sede da embaixada em Brasília
O embaixador da Coreia do Sul no Brasil, Lee Jeong-gwan, em seu gabinete, na sede da embaixada em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress
Brasília

É um horizonte otimista aquele enxergado pelo embaixador sul-coreano no Brasil no que se refere às relações entre as Coreias após a Olimpíada de Inverno, que começa nesta sexta-feira (9) em Pyeongchang, no Sul.

"Trata-se de um grande começo para resolver esse problema pacificamente", afirma Lee Jeong-gwan, 59, no posto desde maio de 2015.

Leia abaixo a entrevista que ele concedeu à Folha nesta quarta (7), em Brasília.

 

Como o sr. vê as conversas entre as duas Coreias para a participação do Norte na Olimpíada de Inverno?

Isso é muito importante porque, apesar de a comunidade internacional precisar continuar a pressionar e a aplicar sanções, eventualmente precisamos resolver essa questão pacificamente, não depender de meios militares. É um grande começo.

Quais as perspectivas de diálogo para depois dos Jogos?

Temos boas razões para crer que, mesmo após a Olimpíada, a intenção norte-coreana de resolver o problema na mesa de negociação continuará. O problema é se a outra parte, o lado americano, estaria disposto a ficar cara a cara com os norte-coreanos.

Já aconteceu no passado uma melhora nas relações seguida de outra piora. O que o sr. vê de diferente desta vez?

Eles [o Norte] mudaram a tática deles no que se refere às relações com os EUA. Concentram esforços em trazer os Estados Unidos para a mesa de negociação.

O que o sr. acha da presença da irmã de Kim Jong-un na comitiva da Olimpíada?

É uma demonstração clara da sinceridade de Kim  Jong-un, de que ele deseja resolver os problemas através do diálogo. Mas o problema fundamental permanece: os EUA só querem começar as negociações depois de o regime norte-coreano acabar com suas armas nucleares. Vai ser muito difícil, mas preciso dizer que não é impossível.

Na sua opinião, os EUA devem ser parte dessa negociação?

Claro, ao menos no que se refere à questão nuclear. A Coreia do Norte deixou muito claro que a razão pela qual eles vieram desenvolvendo armas nucleares é para se defender de um possível ataque americano.

Desde o ano passado, a política externa dos EUA tem sido mais imprevisível. Isso dificultou o processo?

Apesar das declarações do presidente Donald Trump, não acredito que a decisão de usar meios militares contra a Coreia do Norte poderia ser feita por um presidente individualmente, quanto mais em um país como os EUA. Um consenso precisa ser construído no governo americano.

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